A Dona da História (2004)

•maio 2, 2012 • Leave a Comment

Fica aí mais uma sugestão de um ótimo filme brasileiro PRA SE DISTRAIR, mas que também nos põe PRA PENSAR um bocado!

A Dona da História, de Daniel Filho, com Marieta Severo, Antônio Fagundes, Débora Falabella e Rodrigo Santoro. Baseado na peça de João Falcão.

Para ler a crítica, vá ao link do parceiro CEBRAC – Centro Brasil Cultural, aí na barra lateral.

Espelho, Espelho Meu! (2012)

•abril 29, 2012 • Leave a Comment

Título original: Mirror, Mirror     

Origem: EUA

Diretor: Tarsem Singh

Roteiro: Jason Keller, Melisa Wallac

Com: Julia Roberts, Lily Collins, Armie Hammer, Nathan Lane

Desde que os irmãos Grimm, ainda na primeira metade do século 19, escreveram Branca de Neve – famosíssimo conto de fadas para crianças – muita coisa mudou. Incluindo as crianças e, sobretudo, a própria história por eles criada.

Walt Disney foi o primeiro a trazê-la para o cinema, ainda em 1937, em seu primeiro longa metragem de animação.  Um sucesso que imediatamente virou clássico na história do cinema. De lá pra cá, o que não faltam são novas versões do conto, quer seja na literatura, no teatro, na dança ou no cinema.

Só neste ano de 2012, duas versões estão sendo lançadas nas telonas. Mas Espelho, Espelho Meu, de Tarsem Singh foi a que saiu na frente!

O filme é bonito, divertido, leve, colorido (em algumas partes) e gostoso de assistir!

A versão do conto foi bastante modificada, guardando pouco do original. Talvez apenas os personagens com algumas de suas características mais marcantes, tipo Branca de Neve (Lily Collins, filha de Phil Collins), com sua pele muito branca, seus cabelos negros e lábios vermelhos. Linda! Ou ainda a rainha – esplendorosamente interpretada por Julia Roberts – vaidosa, ambiciosa, inteligente e louca! Um rei bobamente enfeitiçado pela rainha. Os sete anões que acolhem a moça de pele alva. E um príncipe bonitão (Armie Hammer) que surge no caminho da princesa.

Fora isso, tudo é diferente. Os anões não trabalham nas minas, o príncipe não salva a princesa com seu beijo, a rainha não se disfarça de bruxa para enganar a princesa, e a própria Branca de Neve não é aquela mocinha frágil que usa um vestidinho azul e amarelo, com fitinha vermelha na cabeça, que cantarola para os pássaros e brinca com os animais da floresta. Não, tudo é diferente, original, caricato, hilário!

A floresta, por exemplo, é um lugar eternamente sombrio e assustador. Nada de grandes verdes, de folhagens, nem de animaizinhos bonitinhos. Aliás predominam nesse cenário os tons escuros, sombrios, frios e tristes, tendo o preto e o branco papel de destaque, com a neve como o grande tapete que cobre todo o ambiente. Já no castelo da rainha-madrasta a cor que reina é o dourado. As cenas são assim mais vivas, mais claras, mais alegres, em contraste com o escuro mundo interior da rainha, só percebido pelo seu próprio espelho mágico.

Nessa brincadeira de tonalidades, quando o final-feliz parece chegar, as cores ganham terreno, se misturam, dominam a cena. E, surpresa!!!! Começa então um número musical “à la Bollywood.” Com aquele excesso de tudo, (cores, figurantes…) característico do cinema comercial indiano. Uma cena totalmente supérflua ao enredo do filme e que está ali somente para alegrar, para distrair, para fazer dançar. Sem sombra de dúvidas, algo diferente para nossos olhos ocidentais!

O somatório de Espelho, Espelho Meu é finalmente positivo, sobretudo se o objetivo é “divertimento”.

Agora resta-nos esperar por Branca de Neve e o Caçador, de Rupert Sanders, que, ao menos pelo trailer, tem ares de um filme mais assustador ! Mas já posso adiantar que nenhum espelho-de-madrasta-rainha do mundo vai me convencer de que Kristen Stewart é mais bonita do que Charlize Theron…

O Show de Truman (1998)

•abril 22, 2012 • Leave a Comment

Título original: The Truman Show

Origem: EUA        

Diretor: Peter Weir

Roteiro: Andrew Niccol

Com: Jim Carrey, Ed Harris, Laura Linney, Noah Emmerich

Original, instigante, inteligente, um filme a ver e a rever em família.

Em tempos de Jogos Vorazes (leia a crítica neste mesmo site, publicada em 1/4/2012), em que a sociedade do espetáculo em que vivemos é recolocada em questão, creio que vale a pena voltarmos um pouquinho no tempo para analisar este filme do fim do século 20 que retrata tão bem a confusão atual entre o real e o ensaiado, entre o natural e o artificial.

Com vocês O show de Truman!

O filme conta a história de Truman (Jim Carrey), um homem casado, que leva uma vida estável e confortável, com um bom emprego, casa e carro próprios, um bom e fiel amigo de infância, uma mãe compreensiva e participativa, e uma esposa enfermeira que sonha em aumentar a família. Tudo em torno dele parece perfeito, ensaiado, tudo tão em ordem que não parece real. As pessoas o os lugares são sempre os mesmos, todos se conhecem, se cumprimentam e a vida segue uma rotina sem grandes novidades, sem grandes emoções, uma vida meio sem vida.

Truman, que teve seu espírito aventureiro podado desde a infância, mantém em seu íntimo, o sonho de um dia chegar as ilhas Fiji, impulsionado por uma paixão da adolescência. Mas ele é prisioneiro de seus medos (ele perdeu o pai em um acidente de barco e tem fobia de água), de sua ilha, de sua própria ignorância. Mas devagarzinho as coisas vão mudando, até o dia em que ele pensa ter esbarrado em seu pai “morto”, começando a desconfiar de que há algo de estranho em sua vida.

E essa será sua grande luta, ir atrás de seu pai, descobrir se ele está mesmo morto, ultrapassar a fronteira do medo e descobrir o que se esconde do outro lado da ponte, saciando assim sua fome de conhecimento e de aventura.

O filme é em tudo brilhante, a começar pelo nome escolhido para seu protagonista e grande estrela do show: Truman. Um nome que já traz em si a “verdade”, batizando ironicamente um personagem que não conhece a verdade sobre sua família, sua cidade, sua vida… sobre nada.

A escolha estética de Peter Weir foi a de filmar Truman sob diversos pontos de vistas, indo desde tomadas “normais”, com planos gerais, planos americanos, etc., até tomadas feitas sob ângulos “estranhos”, dando a impressão de tomadas feitas por câmeras de segurança (com distorções), ou câmeras escondidas, que têm como resultado uma série de cenas emolduradas por diferentes caches, por vezes em contra-plongée, outras em plongée. Enfim, uma profusão de câmeras subjetivas cujos olhos são os dos próprios espectadores do Show de Truman, disfarçados em anéis, colares, retrovisores, etc.

O Show de Truman nos faz pensar em até que ponto se pode manipular a vida de uma pessoal em prol de uma boa audiência. Nos faz também refletir sob até onde nossas vidas, fora do estúdio, não são também manipuladas, orientadas por determinados papéis que a sociedade nos impõe interpretar. Papéis muitas vezes bem diferentes do que realmente somos ou sonhamos. E que fazemos sem questionar. Será que a vida que se vive fora de um reality show é tão melhor ou mais real do que a que se vive lá dentro? Será que não somos nós também grandes atores, atuando, fingindo, interpretando papéis diversos, a depender do que a circunstância exige? E quem é o nosso diretor, a qual “deus” obedecemos?

Por fim, o filme de Peter Weir nos remete também ao mito da caverna de Platão, nos fazendo questionar se não há algo lá fora de nossas vidas, algo que vai além desta vida que levamos, algo mais real, mais sincero, mais honesto e coerente com nós mesmos. Só que para encontrarmos a resposta é preciso ter coragem de sair da caverna e enxergar a luz, a verdade!

Fica aqui a sugestão de um bom filme para pensar. Excelente para assistir e discutir com adolescentes.

Piratas Pirados! (2012)

•abril 15, 2012 • Leave a Comment

Título original: The Pirates! Band of Misfits  

Origem: Inglaterra

Diretor: Peter Lord, Jeff Newitt

Roteiro: Hamish McColl, Gideon Dafoe

Com as vozes de: Hugh Grant, Salma Hayek, Jeremy Piven

Tecnicamente impecável, divertido, inteligente, está aí um bom programa para toda a família!

A nova produção dos estúdios Aardman chega mais uma vez elevando o patamar da animação mundial! Utilizando personagens de massinha e técnica de stop-motion associada à tecnologia digital, o filme é tecnicamente e esteticamente brilhante!

Fora isso, Piratas Pirados! é de um humor altamente sofisticado, inteligente e mordaz – bem ao estilo inglês de ser – não poupando nem mesmo figuras importantes de sua história como a rainha Victoria herself e Charles Darwin.

A história é baseada no livro de Gideon Dafoe e se passa na Inglaterra vitoriana, em uma época em que a pirataria estava em voga, tendo a rainha Victoria como sua inimiga número um.

Enquanto a rainha (na voz de Imelda Staunton) defende, em terra firme, sua campanha antipirataria, um concurso de “Pirata do Ano” movimenta as águas e os piratas de todos os mares. Dentre eles, o candidato com menor probabilidade de ganhar o concurso é o pirata Capitão – a quem Hugh Grant maravilhosamente empresta a voz – e que é, digamos assim, um loser. Apesar de sua bela barba, nosso protagonista não é lá muito bom em saquear navios, nem em roubar tesouros… Não tem perna de pau, nem olho de vidro, muito menos cara de mau. Na verdade, o pobre Capitão tem ainda uma alma boa, não muito condizente com sua condição de pirata, embora lute constantemente para se tornar um verdadeiro terror dos mares…

Assim, depois de sofrer várias humilhações pelos outros piratas candidatos a “Pirata do Ano”, nosso Capitão resolve agir para mudar de uma vez por todas sua imagem de perdedor. Ele começa então a atacar sem descanso todos os navios que aparecem em seu caminho. Infelizmente, suas tentativas são todas fracassadas. Nada de ouro, nada de pedras preciosas, nada de nada! Até o dia em que, quando já está prestes a desistir de tudo, ele ataca um navio cheio de “bichos esquisitos” e se vê diante de ninguém mais, ninguém menos que Charles Darwin (David Tennant).

A partir daí, tudo vai mudar! O cientista – pintado no filme como alguém ganancioso e sem muitos escrúpulos – vai descobrir que o papagaio do pirata Capitão era na verdade uma espécime raríssima, e vai tentar convence-lo a apresenta-lo no Salão de Ciências de Londres, podendo com isso ganhar o grande prêmio. O perdedor pirata vê ali uma chance dourada de mudar seu destino. E a aventura tem início!

O filme de Peter Lord – também diretor do excelente Fuga das Galinhas (2000) – é gostoso de assistir e vai certamente divertir pequenos e grandes. Cheio de piadas inteligentes e referências histórias e culturais, Piratas Pirados! é extremamente crítico, satírico, misturando problemas antigos, contemporâneos e eternos com maestria. Aliás, me impressiona como os ingleses são capazes de criticar e brincar sem pudor nem medo com suas figuras mais emblemáticas, com seus símbolos nacionais, com sua história… Talvez uma lição que possamos ainda aprender!

PS. Vocês concordam comigo que a personagem de Salma Hayek – Cutlass Liz – foi inspirada em Maria Bonita e/ou no nosso cangaço nordestino? Não consegui enxergar de outra maneira…

Mince Alors! (2012)

•abril 8, 2012 • Leave a Comment

Título original : Mince Alors !  affiche Mince alors!

Origem : França

Diretor : Charlotte De Turckheim

Roteiro : Charlotte De Turckheim, Gladys Marciano

Com : Victoria Abril, Lola Dewaere, Catherine Hosmalin, Charlotte De Turckheim

Uma comédia que nos faz pensar…

O filme de Charlotte De Turckheim é divertido, sensível, gostoso de assistir e ainda nos faz refletir sobre a ditadura da magreza que assola nosso novo milênio e que vem levando milhares de meninas e mulheres a fazerem loucuras em nome da boa forma!

O filme conta a história de Nina (Lola Dewaere) – uma moça bonita e um pouco acima do peso para os padrões atuais – que, junto com seu marido Gaspard (Grégory Fitoussi), é dona de uma marca de roupas de banho. Nina cuida das finanças enquanto ele – que é super em forma – se ocupa pessoalmente das criações dos biquínis e maiôs e, ainda, das escolhas das modelos. Um pequeno detalhe: ele não aprecia nem um pouco as gordurinhas!

Um belo dia, Gaspard chega em casa com um presente para sua amada esposa: um pacote de um mês em um spa nos alpes franceses. E é dada assim a largada rumo à diversão (e à reflexão)!

Ao chegar em Brides-les-Bains, Nina faz amizade com Emilie (Catherine Hosmalin), uma dona de casa cheia de vida, casada, mãe de dois filhos, obesa, que finge não se preocupar com seu tamanho, sofrendo, porém, escondida; e com Sophie (Victoria Abril), uma jovem senhora divorciada, com problemas para aceitar seu corpo e as transformações que a passagem do tempo opera.

O trio está assim formado. Juntas elas vão viver diversas situações de descobertas e redescobertas de si mesmas, vão brigar, se ajudar, se divertir e, acima de tudo, vão aprender a se aceitar como são.

O filme certamente joga bastante com estereótipos e com situações-clichês, nos apresentando diversos “tipos de gordos” e seus respectivos problemas. Mas nem por isso Mince Alors! perde seu encanto. Afinal nem tudo é tão simples assim! Por trás de camadas de gordura (ou de pseudo-gorduras) há corações frágeis e almas hiper sensíveis que sofrem em silêncio. Pessoas que, muitas vezes, camuflam suas tristezas por detrás da figura do brincalhão, do que “não está nem aí”, mas que quotidianamente se perguntam o porquê de estarem presos àquele corpo, que lutam todos os minutos contra um vício, um desejo, um ímpeto muito mais forte do que eles próprios!!!!

E que atire a primeira pedra quem nunca sofreu por não entrar em uma roupa, quem nunca se sentiu em desconforto com seu corpo, quem nunca sofreu com dietas malucas antes da chegada do verão!

Por outro lado, o filme não faz apologia à gordura. Muito menos defende a todo preço o lema “Big is beautiful”! Ele apenas tenta nos fazer enxergar que não precisamos ser todos iguais, todos magérrimos, tamanho 34! E que o mais importante de tudo é sentirmo-nos bem com nosso próprio corpo, quer isto signifique perder 5 quilos, 10 quilos ou nenhum grama sequer…

Quanto à estética, o filme de  Charlotte De Turckheim – que aliás também atua, no papel da dona do salão – não apresenta grandes inovações de montagem, nem planos diferenciados ou magníficos. Tudo é meio previsível, já feito ou já visto. A narração também segue esta linha da simplicidade, sendo direta, sem subterfúgios. Começo, meio e fim. No entanto, o formato é eficaz em seu propósito.

Mince alors! é um filme para rir que pode arrancar algumas lágrimas das almas mais sensíveis! Recomendo.

Enquanto Chaplin’s World não fica pronto…

•abril 4, 2012 • Leave a Comment

Enquanto o museu dedicado à vida e à obra de Charles Chaplin – Chaplin’s World – não fica pronto, uma boa pedida para quem estiver viajando pela França (ou mesmo pela Suíça Romande) é a Exposição “Charles Chaplin, images d’un mythe”, que acontece até o dia 20 de maio no Palais Lumière, em Evian. Aquela da água mesmo!

A exposição não é muito grande, porém extremamente rica, composta de trechos de filmes – inclusive um inédito – cartazes, artigos de jornais e revistas e, ainda, de uma série de fotos lindíssimas de Chaplin em suas mais diversas facetas: o ator, o diretor, o compositor, o pai de muitos filhos, o marido de várias mulheres, o exilado… Enfim, belos registros de um super homem que revolucionou a história do cinema mundial e que continua até hoje sendo um ícone para cineastas e cinéfilos de todas as nacionalidades.

O must da exposição é ver de pertinho a roupa e os sapatos (gigantes) usados por Carlitos em um de seus filmes… De arrepiar!

Programa imperdível para os fãs de Chaplin!  

Jogos Vorazes (2012)

•abril 1, 2012 • Leave a Comment

Título original: The Hunger Games  

Origem: EUA

Diretor: Gary Ross

Roteiro: Gary Ross, Suzanne Collins, Billy Ray

Com: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Lenny Kravitz

 Agitado, inquieto, tenso, distópico, perturbador, envolvente, interessante!

O filme que vem causando furor entre os adolescentes de todo o mundo é baseado no livro de mesmo nome, da autora americana Suzanne Collins, publicado em 2008. Jogos Vorazes é o primeiro de uma trilogia.

A história se passa em um futuro não determinado, no país que foi um dia os Estados Unidos da América. Panem é agora o nome deste lugar, composto por 12 Distritos e por uma Capital. O dinheiro, o poder e as cores se concentram na Capital, enquanto os 12 Distritos monocromáticos trabalham para não morrer de fome.

No passado, um décimo terceiro Distrito se rebelou contra a tirania da Capital e foi por isto extinto. Para reforçar e relembrar a todos seu papel, força e poder a Capital organiza anualmente os Jogos Vorazes, em que um menino e uma menina (entre 12 e 18 anos) de cada um dos 12 Distritos são escolhidos para serem oferecidos em sacrifício – como “tributos”. Os eleitos são levados à Capital, onde irão se enfrentar em uma Arena totalmente controlada virtualmente pela Capital, e televisionada para toda Panem, de onde apenas um sairá com vida. E neste jogo, vale tudo!

Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se oferece como tributo do Distrito 12 ao ouvir o nome de sua irmã mais nova como escolhida. A adolescente corajosamente apavorada, segue junto com Peeta Mellark (Josh Hutcherson) rumo à Capital e à quase certeza de uma morte iminente. E a aventura começa!

O filme é tenso, com uma câmera inquieta, angustiada, que mexe sem rumo certo, sem foco,  no estilo “Bruxas de Blair”.  Apesar de nos causar uma certa náusea, agonia e um sentimento de inquietude total, a escolha foi certeira para a trama. As cores também têm um significado especial neste filme. Os Distritos pobres são monocromáticos, com tons pastéis, sujos, sem vida; contrastando com o exagero das cores fortes da Capital rica, tecnológica, com comida em abundância. Tudo lá é exagerado, caricatural, atingindo o ridículo!

Os Jogos Vorazes são um tipo de reality show, em que todos assistem pelas telas espalhadas por toda Panem à morte desses meninos e meninas inocentes, assim como assistimos diariamente pela TV ou pela internet à morte de milhares e milhares de pessoas inocentes nos quatro cantos do mundo e continuamos impassíveis, sem nada fazermos, como se aquilo fosse apenas um jogo, uma ilusão, uma paradoxal realidade virtual!

O filme nos lembra que talvez seja chegada a hora de terminar com a brincadeira. Que tenha chegado talvez o momento de assumir de uma vez por todas que o virtual é, na verdade, real. De lembrarmos que o que vemos pela TV e pela Internet não são meros vídeo games nem simulações apenas. Trata-se da realidade televisionada, transformada em show, em lucro, em riqueza, poder e fama. Tudo tão loucamente surreal que confunde nossas mentes e olhos… Temos dificuldade em distinguir o real e o artificial, o natural e o fabricado.

Jogos Vorazes é um filme violento que prega a não violência, que pode nos chocar justamente por pintar um quadro distópico, nos mostrando aonde podemos e não devemos chegar.

Um filme denso, intenso e perturbador, feito para adolescentes, mas que merece ser assistido por adultos.

Agora um PS pra descontrair: Lenny Kravitz está lindo de morrer!!!!!!

Cloclo (2012)

•março 25, 2012 • Leave a Comment

Título original: Cloclo  

Origem: França

Diretor: Florent Emilio Siri

Roteiro: Julien Rappeneau

Com: Jérémie Renier, Benoît Magimel, Monica Scattini

Interessante, bonito, sensível, musical e longo! Mais um Biopic francês de alta qualidade!

O filme de Emilio Siri conta a história da vida de Claude François, um dos maiores nomes da música francesa, nos anos 60 e 70, que desaparece de cena aos 39 anos,  por causa de um acidente doméstico bobo que lhe tira a vida!

Sem recorrer a fórmula de flash-backs utilizada nos recentes A Dama de Ferro (2011) e no J. Edgar (2011), Cloclo segue a cronologia normal de uma vida, começando com o nascimento de Claude François e se encerrando com sua morte. Um filme concebido sem grandes originalidades, o que não o impede, em momento algum, de ser interessante e gostoso de assistir, apesar de suas 2 horas e meia de duração.

O Claude François que nos é apresentado mais de perto é aquele da intimidade, um homem invadido por uma grande determinação e por um incomensurável desejo de sucesso. Um artista genial que, pouco a pouco, com bastante esforço e dedicação, foi alcançando cada um de seus sonhos de pop star. E que, talvez, por isso mesmo, tenha deixado escapar, em diversas ocasiões, sua própria felicidade. Um artista extremamente criativo, altamente “marqueteiro” (no bom sentido da palavra), mas que, em certos momentos, se embriagava com sua fama, deixando-se levar por uma megalomania e por um incontrolável desejo de manipulação e de controle de tudo e de todos.

O filme nos mostra também um Claude François inseguro, marcado por um pai austero, controlador e inflexível. Um pai que rejeitou a opção profissional do filho, sem nunca mais tê-lo por isso dirigido a palavra. Uma grande cicatriz na alma sensível de Cloclo, que nos faz pensar em como agimos enquanto pais na hora das decisões fundamentais das vidas de nossos filhos.

A interpretação do belga Jérémie Renier é excelente! E a música, acho que não seria preciso dizer, é fantástica, envolvente e marcante, ritmando o filme e a vida de Claude François. Fora isso, Cloclo também é o responsável por revelar para muitos de nós a verdadeira autoria de uma das músicas mais tocadas e conhecidas do mundo: My Way ou mais precisamente Comme d’Habitude.

Para quem aprecia a boa música, gosta de história, de cultura geral ou simplesmente de um bom filme, está aí uma ótima pedida!

Bom filme!

Les Infidèles (2012)

•março 22, 2012 • Leave a Comment

Título original: Les Infidèles  

Origem: França

Diretor: Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Michel Hazanavicius, Emmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtes, Eric Lartigau

Roteiro: Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Nicolas Bedos, Philippe Caverivière, Stéphane Joly

Com: Jean Dujardin, Gilles Lellouche, Alexandra Lamy, Sandrine Kiberlain

Engraçado, caricato, muitas vezes machista e irritante, Les Infidèles é um besteirol com um quê de seriedade!

Depois de estourar em O Artista, Jean Dujardin está de volta às telonas, desta vez em uma, ou melhor, em várias versões bem menos glamorosas! Isto porque neste filme ele incarna vários personagens que trazem uma característica em comum – a infidelidade.

A fórmula utilizada não é nova, mas não deixa de ser interessante. O filme é composto por vários sketches (pequenos filmes) que contam histórias de maridos infiéis. Umas são mais engraçadas, outras mais sérias, umas bem reais e plausíveis, outras totalmente surreais mas, sabe-se lá Deus se não possíveis… Enfim, um pot-pourri de situações, em geral cômicas, em que o “fil rouge”, como dizem os franceses, é a infidelidade.

Cada sketch foi dirigido por um diretor diferente, incluindo os dois atores principais, Jean Dujardin e Gilles Lellouche, que são também os roteiristas do filme. Sem falar no oscarizado diretor de O Artista, Michel Hazanavicius, que ficou responsável por três sketches.

Les Infidèles é também uma experiência cinematográfica interessante, se quisermos tentar identificar as diferenças de estilos entre os diretores. Mas já adianto que elas não são muito gritantes. Apesar de se tratar de um filme composto por diversos filmes, realizados por pessoas diferentes, há, lá no fundo “um todo” que organiza o roteiro do grande filme. O primeiro e o último sketches contribuem enormemente para esta sensação, já que trazem os dois personagens principais em suas versões “dois amigos solidários nas suas traições quotidianas…”

O filme é relativamente democrático… Há para todos os gostos. Ou quase todos. Há momentos que nós mulheres nos sentimos bastante ultrajadas, se levarmos a coisa a sério demais. Há momentos em que sentimos pena e total desprezo pela infantilidade e animalidade masculina. Mas há também momentos de seriedade – muito poucos – em que podemos refletir sobre o que representa a fidelidade em um relacionamento longo e valioso. É o caso do sketch em que Dujardin contracena com sua própria esposa na vida real (Alexandra Lamy). Muito bom, por sinal! É quase um oásis no meio do filme, em que por alguns minutos paramos de rir das situações patéticas que nos são apresentadas para, enfim, pensarmos na importância ou não da confiança, da lealdade e da fidelidade em um relacionamento. Coincidência ou não, este é o único sketch dirigido por uma mulher – Emmanuelle Bercot.

Les infidèles não é nenhuma obra-prima do cinema. Mas é um filme que pode ser bem divertido de ser visto – principalmente para os homens!  (Desculpem-me a frase pra lá de machista…) E para nós mulheres também, se formos ao cinema com o espírito e mente abertos, prontas para enxergarmos a autocrítica que fazem seus diretores.

Um filme para se distrair e rir!

Albert Nobbs (2011)

•março 11, 2012 • Leave a Comment

Título original: Albert Nobbs

Origem: Inglaterra e Irlanda

Diretor: Rodrigo Garcia

Roteiro: Glenn Close, John Banville, Gabriella Prekop, George Moore

Com: Glenn Close, Mia Wasikowska, Aaron Johnson, Janet McTeer

Bonito, sensível, introspectivo, sutil, triste, lento!

O filme Albert Nobbs é baseado no romance “The Singular Life of Albert Nobbs”, do autor irlandês George Moore, e conta uma história daquelas que nos fazem passar um tempo sem saber exatamente o que pensar sobre a vida: é injusta, justa, feliz, infeliz, vazia, vale a pena ou não vale?

Um filme sensível, em que cada pequeno gesto pode conter uma infinidade de significados… Sorrisos discretos, lágrimas retesadas,   trocas de olhares furtivos, sentimentos, sofrimentos e peitos cobertos por panos e panos de vestidos, ternos e espartilhos.

A trama se passa em Dublin – Irlanda – no século 19, e conta a história de uma mulher que se passa por homem a fim de conseguir uma melhor maneira de ganhar a vida. É Albert Nobbs (Glenn Close), mordomo eficiente de um hotel da cidade, que leva uma vida  quase no silêncio, sem  emoções arrebatadoras, nem grandes aventuras. Um ser que simplesmente vive, como se embalado pela inércia da sobrevivência. Uma pobre alma que não foi nunca apresentada ao amor nem à felicidade.

Glenn Close está muito bem no papel do discretíssimo mordomo irlandês, apesar da economia de gestos. O personagem, certamente, não lhe dá espaço para grandes mímicas faciais. Tudo têm que ser micro, sutil, delicado. O olhar é extremamente importante. Há um quê de Charles Chaplin neste personagem, só que sem o lado cômico do Carlitos. Nobbs nos oferece muito mais seu lado triste, aquele que nos parte o coração, nos deixando com um nó na garganta, e com uma vontade louca de que as coisas comecem enfim a melhorar.

A atuação de Janet McTeer na pele do pintor Hubert Page também merece ser ressaltada. Fantástico seu trabalho, sem falar no próprio personagem, que é extremamente cativante. Não é à toa que as duas atrizes receberam indicação ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente, embora não tenham levado o troféu. Mas, cá pra nós, neste ano o páreo estava muitíssimo duro!!!!

Albert Nobbs é, enfim, um filme de  uma tristeza calma, contida, disfarçada, porém profunda. Uma história marcada pela  solidão, pela angústia, por sofrimentos escondidos em camadas e camadas de mentiras, de fantasias e de disfarces. E tudo em nome da sobrevivência e da esperança de se ter uma vida melhor, mais decente.

Saí do cinema me sentindo triste, angustiada, cheia de questionamentos sobre a vida de tantas pessoas que nos cercam. Quantas há que vivem daquela maneira? Quantos segredos, sofrimentos, dores e sonhos se escondem debaixo da “fantasia” de cada um de nós?

Um filme pra pensar e pra se angustiar.

 
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