Albert Nobbs (2011)
Título original: Albert Nobbs
Origem: Inglaterra e Irlanda
Diretor: Rodrigo Garcia
Roteiro: Glenn Close, John Banville, Gabriella Prekop, George Moore
Com: Glenn Close, Mia Wasikowska, Aaron Johnson, Janet McTeer
Bonito, sensível, introspectivo, sutil, triste, lento!
O filme Albert Nobbs é baseado no romance “The Singular Life of Albert Nobbs”, do autor irlandês George Moore, e conta uma história daquelas que nos fazem passar um tempo sem saber exatamente o que pensar sobre a vida: é injusta, justa, feliz, infeliz, vazia, vale a pena ou não vale?
Um filme sensível, em que cada pequeno gesto pode conter uma infinidade de significados… Sorrisos discretos, lágrimas retesadas, trocas de olhares furtivos, sentimentos, sofrimentos e peitos cobertos por panos e panos de vestidos, ternos e espartilhos.
A trama se passa em Dublin – Irlanda – no século 19, e conta a história de uma mulher que se passa por homem a fim de conseguir uma melhor maneira de ganhar a vida. É Albert Nobbs (Glenn Close), mordomo eficiente de um hotel da cidade, que leva uma vida quase no silêncio, sem emoções arrebatadoras, nem grandes aventuras. Um ser que simplesmente vive, como se embalado pela inércia da sobrevivência. Uma pobre alma que não foi nunca apresentada ao amor nem à felicidade.
Glenn Close está muito bem no papel do discretíssimo mordomo irlandês, apesar da economia de gestos. O personagem, certamente, não lhe dá espaço para grandes mímicas faciais. Tudo têm que ser micro, sutil, delicado. O olhar é extremamente importante. Há um quê de Charles Chaplin neste personagem, só que sem o lado cômico do Carlitos. Nobbs nos oferece muito mais seu lado triste, aquele que nos parte o coração, nos deixando com um nó na garganta, e com uma vontade louca de que as coisas comecem enfim a melhorar.
A atuação de Janet McTeer na pele do pintor Hubert Page também merece ser ressaltada. Fantástico seu trabalho, sem falar no próprio personagem, que é extremamente cativante. Não é à toa que as duas atrizes receberam indicação ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente, embora não tenham levado o troféu. Mas, cá pra nós, neste ano o páreo estava muitíssimo duro!!!!
Albert Nobbs é, enfim, um filme de uma tristeza calma, contida, disfarçada, porém profunda. Uma história marcada pela solidão, pela angústia, por sofrimentos escondidos em camadas e camadas de mentiras, de fantasias e de disfarces. E tudo em nome da sobrevivência e da esperança de se ter uma vida melhor, mais decente.
Saí do cinema me sentindo triste, angustiada, cheia de questionamentos sobre a vida de tantas pessoas que nos cercam. Quantas há que vivem daquela maneira? Quantos segredos, sofrimentos, dores e sonhos se escondem debaixo da “fantasia” de cada um de nós?
Um filme pra pensar e pra se angustiar.