Kyss Mig (2011)

•outubro 28, 2012 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Kyss mig   

Origem: Suécia

Diretor: Alexandra-Therese Keining

Roteiro: Alexandra-Therese Keining

Com: Ruth Vega Fernandez, Liv Mjönes, Lena Endre, Krister Henriksson

Um filme que desenvolve um tema delicado, para muitos ainda tabu – o homossexualismo – tratado de maneira elegante, feminina, bela e extremamente sensual.

O filme da sueca Alexandra-Therese Keining conta a história de duas mulheres na casa dos trinta, já com a vida aparentemente encaminhada: Mia (Ruth Vega Fernandez), arquiteta, morena, reservada, séria, noiva às vésperas do casamento; E Frida (Liv Mjönes), professora de música (?), loira, risonha, determinada, também comprometida (mas só vamos saber disso já bem mais adiante no filme). As duas se conhecem na festa de noivado de seus pais. O pai de Mia vai casar com a mãe de Frida.

Desde o primeiro encontro das duas há uma certa tensão no ar, percebida pelas trocas de olhares furtivos tão bem interpretados pelas protagonistas. No início imaginamos que seja por ciúmes, já que o noivo de Mia se encanta pela beleza, independência e vida que irradia de Frida. Mia se sente incomodada pela presença da futura “irmã”, não conseguindo, no entanto, desviar sua atenção da figura esguia de Mia. Dá para sentir no ar que alguma coisa vai desandar naquele relacionamento.

Aliás, já desde a primeira cena do filme temos indícios de que uma reviravolta está por vir. O plano do casal  Mia e Tim na cama nos é mostrado de cabeça para baixo (ou de ponta-cabeça), em uma plongée vertical, causando certo desconforto aos nossos olhos.

O pai de Mia, que percebe a tensão no ar – e desejando unir sua nova família – arma uma armadilha para sua própria filha: ele a convida para passar com ele o fim de semana na casa de sua noiva, em uma ilha isolada, onde também estará sua enteada Frida. Acontece que ele não vai. Mia fica muito aborrecida de ter que passar o fim de semana com essas duas mulheres que ela mal conhece.  Percebendo a decepção de Mia, a mãe de Frida pede para que ela seja gentil com moça e que faça as vezes de boa anfitriã e de boa irmã-postiça.

Está feito então o convite para o nascimento de uma paixão arrebatadora que vai colocar em risco toda a estabilidade e os planos das vidas dessas duas belas mulheres.

Kyss mig é um filme banhado de luminosidade e de cores pastéis, por vezes lavadas, desbotadas, algumas vezes com imagens fora de foco. Um universo feminino, elegante e delicado. Nada aqui é vulgarizado. Nem o amor nem o sexo. As cenas são todas de extrema beleza e de uma intensidade e de uma paixão incontestáveis. A atuação das duas atrizes há de ser aqui enaltecida. As duas dão show ao transmitir sentimentos tão profundos, doloridos e verdadeiros.

E esse jogo de cena é acentuado ainda pelo uso constante de close-ups, com cenas fetichistas, em que vemos apenas detalhes dos corpos das duas amantes. Uma nuca descoberta, um colo em destaque ou uma perna em close… tudo trabalha para aumentar o clima de sensualidade do filme.

O tema do homossexualismo é tratado, assim, de maneira madura, elegante, sem recorrer a estereótipos nem a exageros. Em uma certa altura da trama,  porém, o filme cai na tentação do discurso-clichê. O que é uma pena, já que até lá o filme é todo lindo! No entanto, ao mesmo tempo, esse discurso-quase-piegas nos ajuda a enxergar a dificuldade que se impõe aos que resolvem assumir suas escolhas diante de uma sociedade ainda tão cheia de preconceitos. E olha que estamos aqui falando de Suécia, país do norte da Europa, conhecido por seus liberalismos. Imaginem nos trópicos!

A trilha, assinada por Marc Collin, da banda francesa Nouvelle Vague, também merece menção, já que casa tão bem com o clima sensual, delicado e elegante do filme. Sem falar no trabalho de som – ou de falta de som – para representar a ausência psicológica do personagem em determinada situação. Exemplo: Quando Frida vai embora no taxi e Mia sai correndo atrás, vemos Frida em primeiro plano dentro do carro e, pela janela, explorando a profundidade do campo, vemos Mia correndo atrás e gritando. Nós, espectadores, porém, não ouvimos nada. Só o silêncio do profundo sofrimento de Frida.

Kyss Mig é, portanto, um filme PRA PENSAR que retrata com primor um olhar feminino sobre uma paixão entre mulheres.

Um Divã para Dois (2012)

•outubro 19, 2012 • Leave a Comment

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Título original: Hope Springs   

Origem: EUA

Diretor: David Frankel

Roteiro: Vanessa Taylor

Com: Meryl Streep, Tommy Lee Jones, Steve Carell

Quando lemos Meryl Streep, lemos imediatamente: “filmão”! E quando descobrimos que seu parceiro será Tommy Lee Jones, temos praticamente a confirmação de que estamos diante de um obra-prima do cinema. Mas não. Desta vez não é bem o caso!

Um Divã para Dois é, sem dúvida, um filme divertido, com boas interpretações por parte dos dois atores, mas que, infelizmente, não encanta!

No melhor estilo comédia romântica hollywoodiana, o filme do mesmo diretor de O Diabo Veste Prada é composto por um amontoado de clichês, déjà vus e happy endings. A diferença é que, desta vez, o par romântico não é formado por uma mulher que veste size zero nem por um garotão de barriga tanquinho… Ao contrário, o casal em destaque já chegou à casa dos 60, não esconde suas rugas, seu corpo mais volumoso, nem sua falta de elã pela vida conjugal.

Aliás, é justamente essa falta de desejo pelo desejo que eles vão tentar mudar. Ou mais precisamente, que ELA vai tentar resgatar.

A história do filme é, então, a de uma mulher – Kay (Meryl Streep) – que, ao celebrar seus 31 anos de casamento, descobre-se infeliz. Sua vida entrou em uma rotina sem graça, em que não há mais espaço para diálogos, carinhos, intimidades nem alegrias. Como se a vida se movesse por inércia apenas.

Apesar de seu companheiro Arnold (Tommy Lee Jones) não parecer insatisfeito com a vida que leva, Kay, inconformada com a infelicidade, vai buscar ajuda de um especialista – Dr. Alfred – interpretado por um difícil-de-levar-a-sério Steve Carell. Ele é o dono de uma centro de reconciliação de casais em Great Hope Springs,  uma cidadezinha no litoral de Maine, no nordeste do Estados Unidos.

O x da questão  é que, por se tratar de uma terapia de casal, obviamente é preciso que marido e mulher estejam presentes e de comum acordo. Acontece que o rabugento Alfred não está nem um pouco interessado nesta “balela” de terapia de reconciliação, tendo sido levado praticamente à força até Hope Springs, o que torna todo o “tratamento” bem mais difícil!

A estrutura do filme é simples, composta de cenas das sessões de terapia, em que o casal – sempre sentado em um sofá – revela suas frustrações, infelicidades, sonhos e fantasias. Seguidas por cenas de exercícios de intimidade (ou tentativa de intimidade) do casal. Algumas das quais conseguem nos arrancar boas risadas, outras nos desconcertam e outras ainda nos dão um certo nó na garganta.

Assim, em um jogo constante de close-ups, os rostos do trio Kay-Alfred-Arnold se revezam na tela, nos deixando mais próximos dos personagens, como se estivéssemos, nós também, participando da terapia.

Nas cenas do sofá, que também se repetem constantemente, a distância entre o casal reflete o estado de intimidade e de (in)felicidade dos dois. Nas primeiras sessões, vemos Kay e Arnold sentados bem distantes um do outro. Já em outra cena, mais tarde, quando as coisas parecem melhorar, percebemos a distância entre os dois diminuir (pelo menos no sofá); eles sentados, então, perto um do outro, no cantinho, deixando mesmo escapar um sorriso cúmplice.

Arnold sempre vestido de cores escuras, revezando diferentes espessuras de listras masculinas, e ela com roupas bem femininas, de cores mais suaves, florais ou de golas com babados. Uma representação explícita dos dois universos, masculino e o feminino, ela sendo a parte mais sensível, mais frágil, símbolo de uma geração em que “moças de família” não podiam ter fantasias nem vontades sexuais. E ele, representante do macho insensível, provedor, a quem todo tipo de sexo e de fantasia eram permitidos. Certamente, uma linguagem estereotipada, mas que não deixa de refletir características reais (embora gerais) de uma geração que assim foi ensinada.

A trilha do filme – bem gostosa por sinal – é composta por pop music (Lenny Kravitz, Annie Lennox, Al Green, Van Morrison, etc.) com letras que se encaixam perfeitamente às cenas que vão sendo exibidas. Um recurso bem batido, meio kitsch, démodé, mas que tem seu charme e seu público.

Um Divã para Dois não é, portanto, lá um filmão! E dificilmente Meryl Streep vai ganhar o seu quarto Oscar por ele… Trata-se muito mais de um filme PRA SE DIVERTIR simplesmente. Mas que, de certa maneira, também nos faz acreditar que, mesmo passando por períodos de inverno em nossos relacionamentos, ainda vale a pena investir e esperar pelas primaveras que estão por vir.

 

Ruby Sparks: A Namorada Perfeita (2012)

•outubro 14, 2012 • Leave a Comment

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Título original: Ruby Sparks    

Origem: EUA

Diretor: Jonathan Dayton, Valerie Faris

Roteiro: Zoe Kazan

Com: Paul Dano, Zoe Kazan, Annette Bening, Chris Messina

O filme da dupla (e casal na vida real) Jonathan Dayton e Valerie Faris – mesmos diretores do sensível e divertido Pequena Miss Sunshine (2006) – é excelente!

Banhado no impressionismo francês, com seus tantos maravilhosos planos subjetivos, sobreposições de imagens e sonhos em forma de realidade, Ruby Sparks agrada em cheio, já que agrega a tudo isso a objetividade, a simplicidade e o humor norte-americanos.

Estrelado por um também casal na vida real – Paul Dano e Zoe Kazan: ele o ator que fez o irmão da pequena Miss Sunshine; e ela, escritora, neta do grande diretor Elia Kazan e ainda responsável pelo roteiro do filme – Ruby Sparks é uma história de amor que diverte e encanta ao mesmo tempo. É simples, direto, inteligente e cheio de magia.

O filme conta a história de um escritor prodígio, Calvin Weir-Fields (Paul Dano), que após ter publicado na adolescência um romance de estrondoso sucesso, passa agora por um período sem inspiração, ou de writer’s-block, como dizem os americanos. Além disso, Calvin vive ainda um momento de deserto social, em que, tirando seu irmão Henry (Chris Messina), seu psicanalista Dr. Rosenthal (Elliott Gould) e seu cachorro Scotty, o menino gênio – como não gosta de ser chamado – não se relaciona com ninguém. Ele parece traumatizado pelo rompimento de um relacionamento de 4 anos com a bela Lila (Deborah Ann Woll), logo após a morte de seu pai.

A vida de Calvin parece se encaminhar, assim, para um buraco sem fim, ele se enrolando cada vez mais em seu próprio umbigo, não conseguindo enxergar nenhuma solução viável para seu isolamento. Eis que seu psicanalista lança-lhe, então, um desafio: escrever uma página – uma única página – descrevendo o que seria para ele a mulher ideal, aquela por quem ele iria se perder de amor, alguém que pudesse ser sua companheira para vida.

Assim nasce Ruby (Zoe Kazan), uma menina longilínea de cabelos vermelhos, que se veste sempre com roupas coloridas e divertidas, contrastando com o mundo monocromático de Calvin.

O escritor-prodígio, inspirado por sua musa, entra, então, em uma fase positiva, escrevendo compulsivamente e sonhando a cada noite com sua Ruby idealizada. Seus sonhos são tão perfeitos e tão reais que ele se sente apaixonado verdadeiramente por sua personagem.

Tudo caminha de vento em popa até o dia em que objetos femininos de cores fortes começam a aparecer inexplicavelmente em seu apartamento branco. Primeiro, um soutien vermelho, depois uma calcinha violeta, creme para raspar pernas e, finalmente, Ruby! Sim, elazinha mesmo de carne e osso, em sua cozinha, preparando ovos para o café da manhã.

Será Ruby real ou fantasia? Loucura ou sonho realizado?

E vai ser, então, por essa via surrealista que o filme vai se enveredar, apoiando-se, sobretudo, em evidentes influências do impressionismo francês. A começar pelos inúmeros planos subjetivos e as imagens distorcidas que refletem a própria psiquê do personagem. Vide a primeira cena do filme, em que um vulto nos aparece em uma imagem banhada de uma luz laranja misteriosa e se dirige a nós, espectadores (e ao personagem principal), em leve plongée, até ir devagarinho ganhando foco.

Impressionistas também são as sobreposições de planos, como no caso da projeção dos sonhos no teto da sala do psicanalista, sequência em que vemos, ao mesmo tempo, as imagens do sonho de Calvin e a do aquecedor ou ar-condicionado do teto.

Sem falar na questão diretor-autor, tão defendida pelos impressionistas, em que o diretor do filme deve ser também o escritor, para que seja de fato o dono da história. Em Ruby Sparks, o personagem principal é escritor, autor e dono de sua própria história. Ele escreve, dirige, atua, decide. E, ironicamente, sua criação – a idealizada Ruby – é interpretada pela real escritora do roteiro do filme, Zoe Kazan.

E para completar a influência francesa, a trilha sonora do filme, assinada por Nick Urata, é repleta de canções em francês. De muito bom gosto, diga-se de passagem!

Ruby Sparks é, assim, um filme de perfeito equilíbrio, que mistura o clássico e o moderno, a intelectualidade francesa e a descontração americana, a máquina de escrever Olivetti e o computador Mac. Um filme capaz de nos fazer rir e de refletir ao mesmo tempo. Que nos faz pensar na nossa mania que querer mudar as pessoas ao nosso redor, achando que assim encontraremos a solução para nossos relacionamentos. Um filme que nos lembra que o ideal nem sempre é o melhor, pois ele pode simplesmente não existir. O melhor mesmo é vivermos a magia do amor, com todas as idissincrasias que lhe são intrínsecas!

Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA PENSAR.

Les Saveurs du Palais (2012)

•outubro 6, 2012 • Leave a Comment

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Título original: Les Saveurs du Palais     

Origem: França

Diretor: Christian Vincent

Roteiro: Christian Vincent, Etienne Comar

Com: Catherine Frot, Jean d’Ormesson, Hippolyte Girardot, Arthur Dupont

O novo queridinho da França é um filme absolutamente delicioso de se ver!

Estreado em 17 de setembro último, o filme de Christian Vincent vem abrindo o apetite de muita gente aqui na Europa e promete ser o novo campeão francês de bilheteria em 2012, seguindo de perto o exemplo de seu compatriota Intocáveis (leia a crítica no post de 4/12/11).

O fato não é sem razão de ser.

O filme é baseado na vida e nas lembranças de Danièle Mazet-Delpeuch – por dois anos cozinheira particular do presidente François Miterrand – registradas no livro escrito por ela mesma, de título Mes Carnets de Cuisine – du Périgord é l’Élysée, publicado em 1997.

No filme – que mistura ficção e realidade – Danièle se chama Hortense Laborie, maravilhosamente interpretada por Catherine Frot. Uma mulher forte, determinada, talentosa, filha e neta de grandes cozinheiras especializadas na cozinha típica de Périgord, região localizada no sudoeste da França. E de um pai agricultor, dedicado à venda de produtos selecionados, de altíssima qualidade. Detalhe: essas informações não nos são apresentadas pelo filme, que pouco nos fala sobre sua vida pessoal e pregressa.

A história, contada por meio de uma série de flash-backs, começa inusitadamente na Antártica, com dois personagens jornalistas falando em inglês.  Nada de Palácio, nada de França e nada de cozinha.

Depois de alguns minutos de “será que estou no filme certo?”, somos finalmente apresentados a uma mulher solitária, de traços e atitudes fortes, única representante feminina em meio àquele grupo de homens de barbas mal feitas, confinados no frio da Antártica.

E é lá, então, que vamos descobrir finalmente que a cozinheira da missão é também aquela mesma mulher elegante e forte que foi  durante dois anos a cozinheira pessoal do presidente François Miterrand. Monsieur, le Président é interpretado ironicamente pelo escritor, filósofo e jornalista de direita Jean d’Ormesson. Aliás, uma atuação questionável, com pausas excessivas, e até mesmo com uma certa dificuldade de articulação das palavras.

Dali, somos transportados, então, para um universo mais quente e colorido, menos úmido, mas não tão menos masculino: para a região de Périgord, no sudoeste da França. De onde seguiremos – junto com a personagem principal – para o endereço do poder maior da França: o número 55 da rua Faubourg Saint-Honoré.  Para a cozinha onde Hortense vai conhecer de perto os sabores e dissabores do poder.

A partir daí o filme entra em um jogo constante de vai e vem, misturando cenas do presente gelado da Antártica com o passado quente do Eliseu. Contrastando as cores frias de hoje com as cores quentes de ontem. A simplicidade de uma base militar, com a sofisticação, a hierarquia e a complexidade da casa que abriga o poder maior da República Francesa.

Mas não se enganem, Les Saveurs du Palais não é um filme sobre política. Longe disso. Trata-se de um filme sobre o prazer da boa mesa, sobre a arte da culinária e sobre a forte ligação da França com sua gastronomia, que – com todos os seus rituais – reflete muito de seu jeito de ser, de pensar, de se comportar. Não é a toa que a gastronomia francesa recebeu em 2010 o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

É claro que, tendo a política como pano de fundo, o filme não poderia deixar de salpicar aqui e ali questões relacionadas à hierarquia do poder, retratando, assim, situações de inveja, competição e controle, tão características da guerra pelo comando (da cozinha) do Palácio.

Finalmente, Les Saveurs du Palais é um filme sobre uma paixão comum – a gastronomia – entre uma mulher simples, um homem poderoso e toda uma nação apreciadora da arte da boa mesa. Uma paixão capaz de transpor certas fronteiras, mas incapaz de muda-las totalmente de lugar. Um filme sobre a arte de encontrar na simplicidade o maior prazer da vida.

Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA SE ENCANTAR.

PS. As cenas dos pratos são de dar água na boca. Meu conselho é que, antes de ir ao cinema, vocês já façam uma reserva em um bom restaurante e cheguem preparados para engatar um delicioso jantar após o filme. Programa perfeito para  gourmands e gourmets de todas as idades!

Starbuck (2012)

•setembro 30, 2012 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Starbuck  

Origem: Canadá

Diretor: Ken Scott

Roteiro: Ken Scott, Martin Petit

Com: Patrick Huard, Julie LeBreton, Antoine Bertrand

Na semana passada, comentei, em minha crítica, sobre o talento dos franceses para bolar comédias capazes de nos fazerem refletir sobre a vida e o mundo. Gênero que chamei de comédia filosófica. Nesta semana, mudando de continente, mas continuando com a mesma língua (ou quase), gostaria de falar hoje sobre as comédias canadenses – ou, mais precisamente, québécoises – que estão mais para o gênero comédia do encantamento.

Os québecois, assim como seus colonizadores franceses, têm também o dom de produzirem comédias inteligentes, que nos colocam para pensar, refletir, filosofar. Porém, além dessa capacidade, as comédias canadenses têm um algo mais. Um quê de magia que encanta as plateias de forma sutil, discreta e cândida. Por mais bobo que seja o tema, os canadenses grosso modo têm, portanto, esta capacidade de encantar, de nos fazer terminar o filme com aquela sensação gostosa no peito que não sabemos nem dar nome.

E esse é o caso de Starbuck, do diretor Ken Scott. O filme tem tudo para ser um besteirol, já que conta a história de um quarentão meio perdido na vida, meninão, irresponsável, que, quando jovem, doava esperma a fim de juntar uma graninha extra (coisa legal à época) sob o pseudônimo de Starbuck. Um belo dia, quando acaba de descobrir que vai ser pai pela primeira vez, ele descobre também que seus espermas – de excelente qualidade – geraram 533 filhos. Dos quais 142 reclamam conhecer a identidade de seu pai biológico.

É dada, então, a partida para um besteirol cheio de charme e de encantamento.

Vivendo um período de crise, dividido entre revelar sua identidade ou continuar se escondendo sob o velho pseudônimo de Starbuck, o protagonista David Wozniak (Patrick Huard) mergulha, então, em um mar de angústias, sofrimentos, arrependimentos. Mas também, em um mar de descobertas,  de águas nunca dantes navegadas. Aguas de novos sentimentos, de novos caminhos que podem conduzi-lo a uma vida diferente.

O filme caminha, assim, pela trilha das investigações sobre a identidade do pai biológico dos 142 filhos de Starbuck, em uma narração bem ritmada, bem construída, que nunca perde o fôlego. E assim, pouco a pouco, vai desenvolvendo temas como a paternidade responsável, amizade, honestidade, leviandade, camaradagem, carência. Tudo de maneira terna, cândida, suave. Sem perder nunca de vista o lado cômico, divertido e leve.

Starbuck foi um dos maiores sucessos de bilheteria no “Canadá francês” no ano passado, despertando inclusive o interesse de grandes estúdios americanos, tais como o do Dreamworks – sob o comando de Steven Spielberg – que, aliás, já comprou os direitos para produzirem a versão anglófona, com início previsto para outubro deste ano.

Um filme PRA SE DISTRAIR, PRA RIR e PRA PENSAR sorrindo.

Le Giornate del Cinema Muto – Pordenone

•setembro 29, 2012 • Leave a Comment

Para os fãs de cinema mudo, aí vai uma dica:

De 6 a 13 de outubro acontece em Pordenone – charmosa cidade do nordeste da Itália – o 31° Festival Internacional do Cinema Mudo.   

Na programação deste ano há um pouco de tudo: Georges Méliès, King Vidor, Émile Cole, Edison, Gaumont e muito mais.

Isso sem falar das projeções especiais dedicadas aos filmes estrelados pela atriz ucraniana (nascida russa) Anna Sten. Ou ainda daquelas dedicadas aos filmes baseados na obra de Charles Dickens.

Pra completar, há, também, uma seção inteira dedicada ao cinema de animação alemão (mudo, claro).

Tudo isso acompanhado por excelente música tocada ao vivo e a cores.

Sem dúvida, uma excelente pedida para quem estiver passeando pela Itália neste período!

Cine Brasil

•setembro 23, 2012 • Leave a Comment

Cherchez Hortense (2012)

•setembro 23, 2012 • Leave a Comment

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Título original: Cherchez Hortense  

Origem: França

Diretor: Pascal Bonitzer

Com:  Jean-Pierre Bacri, Kristin Scott Thomas, Claude Rich, Isabelle Carré

Uma comédia filosófica… como boa comédia francesa que é !

Os filmes franceses têm o dom de “colocar o dedo na ferida” de uma maneira tão formidável que me impressiono sempre! Não importa o gênero. Pode ser drama, suspense, animação, comédia, qualquer coisa. O filme francês tem sempre aquele algo mais. Aquela vontade de falar um pouco mais do que o que já está sendo dito (ou exibido). E, na verdade, eles falam muito mesmo… Quanto diálogo, quanta discussão, quanta filosofia é jogada ao vento nos filmes franceses! Mas quanta coisa boa também pode dali ser pescada! Quanto material para reflexão nos é ali ofertado!

Cherchez Hortense não foge a esta regra. Trata-se sim de uma comédia. E, certamente, o filme nos faz rir em vários momentos. Rir das situações hilárias, curiosas, desconcertantes por que passam os personagens, mas sobretudo, rir da nossa condição humana. Rir de ver na tela do cinema, transformadas em comédia, cenas que presenciamos, muitas vezes, em nossos próprios lares, na vidinha nossa de cada dia.

A acuidade com que Pascal Bonitzer transpõe para a tela as angústias, dúvidas e incertezas de um casal que está junto há muito tempo, pais de um filho pré-adolescente rebelde, explodindo em hormônios e em indiferença, é realmente incrível! Ou ainda, a habilidade que ele demonstra ao retratar uma imigrante clandestina que vive na “ilegalidade” desde pequena e que já aprendeu a viver e conviver com o medo e a angústia de ser deportada a qualquer momento! Sem falar na sutileza da descrição de relação super complicada e nunca resolvida entre pai e filho,  tudo isso é fantástico! E já vale a ida ao cinema!

Cherchez Hortense fala de tudo isso.

A história se passa em Paris de hoje, onde Damien (Jean-Pierre Bacri), um homem absolutamente ordinário, é professor de civilização chinesa, casado com uma diretora de teatro, Iva, interpretada por Kristin Scott Thomas, que, aliás, está esbanjando talento com seu francês impecável.

Vale aqui um parêntese: a atriz britânica veio morar na França ainda bem jovem, onde estudou teatro em Paris e acabou casando-se com o médico francês François Olivennes, com quem teve três filhos.

De volta ao filme:

O casal vive uma fase morna do relacionamento, época em que um já não vê mais graça no outro, nem consegue achar tempo um para o outro. Situação esta que é percebida, vivida e sofrida pelo filho pré-adolescente Noé (Marin Orcan Tourres). Um jovem meio esquisito, que não mede esforços para deixar bem claro sua condição de infeliz e abandonado.

Assim, sem saber bem como sair desta situação, Iva se joga cada vez mais no seu trabalho de diretora de teatro, deixando-se envolver por situações emocionalmente perigosas. Damien, sem muita empolgação para nada, continua tocando sua vidinha medíocre sem se questionar quanto à felicidade. Aliás esse questionamento é tema de uma conversa que ele tem com um amigo que está à beira de um de suicídio e que é absolutamente excelente.

Tudo vai então caminhando mornamente, quando Iva pede ao marido para que interceda junto a seu pai, Sébastien Hauer (Claude Rich) presidente do “Conseil d’État” francês, a fim de evitar a deportação de uma conhecida de sua futura cunhada, a sérvia Zorica (Isabelle Carrée), que acaba de se separar de um marido francês.

O problema é que Damien tem um péssimo relacionamento com o pai, membro da alta burguesia, pessoa extremamente egocêntrica que nunca tem tempo nem vontade de ver o filho.

A história vai então se desenvolver em torno do pedido que uma mulher faz a seu amado. Na realidade, uma prova de amor ou, mais precisamente, uma pista para ver se ainda vale a pena continuar. Sim, pois, na verdade, Iva mal conhece a moça sérvia.  E não está assim tão interessada no assunto. O que ela quer mesmo é ver até onde seu companheiro é capaz de ir por ela. Será ele capaz de enfrentar seu pai para atender a um pedido dela? Será que vale lutar por este relacionamento, por esta suposta felicidade?

Mas este pedido vai ser também o fio condutor da história e conector de vários mundos. Do mundo burguês, elitizado, composto pelo pai de Damien e de toda sua entourage – no Conseil d’État – e do mundo simples e popular, onde vivem Zorica, a imigrante que lava pratos em um restaurante. Ou ainda sua irmã, cabeleireira no mesmo bairro. A cena, aliás, do começo do filme, em que ele espia, do alto da janela do Palácio, a imigrante conversando com seu (ex) marido, na praça, lá embaixo, em meio ao povo, é um bom exemplo destes dois mundos, tão próximos e tão distantes.

Esteticamente, o filme não apresenta nenhuma novidade, nem nada que chame muito a atenção. O bom mesmo aqui são as atuações, os diálogos, as situações, por vezes aparentemente absurdas, mas tão bem representativas da realidade. Da vida como ela é.

Cherchez Hortense é um filme que nos faz pensar enquanto rimos. Ou que nos faz rir enquanto pensamos. Um filme simples e ao mesmo tempo, complexo. Assim como é a vida. Assim como nós somos.

PS. Quem é Hortense? Veja o filme e descubra você mesmo.

Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA PENSAR.

Batalha Real (2000)

•setembro 17, 2012 • Leave a Comment

Se você gostou de Jogos Vorazes (post de 1/4/12), vale a pena dar uma conferida no filme japonês Batalha Real , de Kinji Fukasako, lançado em 2000, e tentar apontar semelhanças e diferenças!

Tirando a quantidade absurda de sangue derramado, o filme japonês lembra em muito a produção hollywoodiana deste ano, baseada no livro de Suzanne Collins. Por sinal, a produção nipônica também encontrou inspiração em um livro, publicado em 1999, do escritor Koshun Takami. A semelhança de tema é tal que Suzanne Collins chegou mesmo a ser acusada de plágio, mas garantiu “de pé junto” que desconhecia a obra japonesa.

Batalha Real se passa no Japão de um futuro não determinado, aparentemente não muito distante, em pleno período de recessão, com taxas de desemprego super elevadas, chegando a atingir 15% da população (qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência).

A sociedade japonesa vive, então, um período de terror e pânico, com uma quantidade enorme de adultos sem empregos, sentindo-se constantemente ameaçados pela entrada dos jovens no mercado de trabalho. Esses jovens passam a representar, então,  uma ameaça ao bom funcionamento da sociedade, que torna-se cada dia mais violenta e sem esperança.

O governo japonês resolve, portanto, intervir e institui um programa chamado Batalha Real.

O programa consiste em enviar uma vez por ano um grupo de jovens estudantes, formandos do Ensino Médio, para uma ilha deserta, onde ficarão por três dias. Ao fim deste período, só um sairá vivo. E neste caso, diferentemente de em Jogos Vorazes, não adianta tentar escapar, fugir, esconder-se ou proteger alguém. Pois, ao final dos três dias, caso reste mais do que um sobrevivente, todos serão eliminados, mortos, explodidos. Isso porque cada participante usa uma “coleira”, com GPS e microfones, que pode explodir a qualquer momento. E segundo às regras, se, ao fim dos três dias, houver mais do que um sobrevivente, todas as coleiras explodirão, não sobrando ninguém para contar a história.

O filme é super violento, com sangue espirrando para todo lado e cenas horrorosas. Sem falar que, vistos pelos nossos olhos ocidentais, os efeitos especiais parecem falsos, mal feitos. A atuação nos parece um tanto quanto coreografada, artificial. No entanto, em meio ao horror da morte injustificada, questões delicadas vêm à tona, como, por exemplo, a dos amores e angústias da adolescência , nos permitindo ver ali o retrato de uma sociedade controlada, contida, reprimida. Assim, muito da disputa na arena acaba ficando por conta dos não ditos, dos desejos reprimidos, dos medos, dos ciúmes, das invejas e dos amores não correspondidos. Aquele lugar amaldiçoado se transforma em palco para confissões.

Falando em “arena”, a da produção japonesa é bem diferente daquela vista em Jogos Vorazes. Nada de grandes tecnologias nem realidades virtuais. Em Batalha Real ela lembra mais um tabuleiro de Batalha Naval, com as áreas proibidas marcadas nos quadrantes desenhados nos mapas de cada participante.

Essas áreas proibidas, assim como os nomes dos mortos do dia – ou do período -são anunciados por alto-falantes, como num quartel, e são sempre precedidos de uma boa música clássica. Aliás, vocês já repararam na quantidade de filmes que associa música clássica à guerra, à violência, à morte???!!!!! Isso merece um estudo (que, com certeza já deve existir).

Nós, espectadores, podemos, no entanto, ler na tela os números  dos participantes mortos.

Uma grande diferença entre os dois filmes é a questão da exibição, do espetáculo. No caso de Jogos Vorazes tudo é televisionado, transmitido ao vivo e a cores, transformado em um grande reality show. Em Batalha Real, ao contrário, muito (ou quase tudo) é escondido. A televisão apenas anuncia o vencedor. E só tem a informação depois que o evento acaba. Ninguém de fora (excluindo, obviamente os organizadores e exército) tem acesso ao que acontece ali. Trata-se de segredo de estado. Os próprios jovens ignoram que isso aconteça. E são levados até lá sem consciência de para onde estão indo.

O filme americano, sem dúvida, agrada mais aos nossos olhos e ouvidos ocidentais. A produção é muito mais glamorosa, bem feita, “moderna”. Mas, se pensarmos bem, o filme japonês parece, num primeiro momento, mais atual, mais real, mais plausível, mais próximo do que já vivemos hoje. Afinal de contas, taxas de desempregos elevadas, jovens entrando aos montes em um mercado de trabalho saturado, gente se suicidando ou morrendo de maneiras absurdas nos quatro cantos do planeta sem que tomemos conhecimento, isso é super REAL. Por outro lado, o exibicionismo de nossa era digital, tão bem retratado por Jogos Vorazes, onde o virtual substitui o real, confundindo nossos olhos e mentes. A banalização da violência, transmitida 24 horas por dia pelos canais de TV ou pela Internet, isso tudo também é REAL!

Ah, há tanto o que tirar desses dois filmes. Tanto o que dizer, tanto o que refletir. Talvez, então, o melhor seja apenas comparar para somar. Comparar como se fora um exercício estético e intelectual, cujo objetivo é extrair de cada um os ensinamentos necessários para que cenários e soluções desse tipo sejam apenas parte de obras de ficção.

PS. Desaconselhável para crianças e pré-adolescentes. Segundo a capa do DVD, a censura deste filme é 18 anos.

Batalha Real (2000)

Título original: Batoru Rowaiaru     

Origem: Japão

Diretor: Kinji Fukasako

Roteiro: Kenta Fukasako

Com: Takeshi Kitano, Tatsuya Fujiwara, Aki Maeda, Tarô Yamamoto

Medianeras – Buenos Aires da Era do Amor Digital (2011)

•setembro 14, 2012 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Medianeras  

Origem: Argentina, Espanha, Alemanha

Diretor: Gustavo Taretto

Roteiro: Gustavo Taretto

Com: Javier Drolas, Pilar López de Ayala, Inés Efron

Onde está Wally?

Baseado nesta simples pergunta e neste livro-jogo que já correu o mundo inteiro, o filme de Gustavo Taretto percorre arranha-céus e ruas de uma Buenos Aires apinhada de gente, de carros e de indiferenças.

Mas o Wally em Medianeras não é só o bonequinho de óculos redondos e camisa listrada de vermelho e branco… Ele é também a nossa cara-metade, nosso complemento, a alma gêmea que tanto procuramos na vida para dar cabo à nossa solidão. Pelo menos é assim que imaginamos!

E se essa busca pela alma-gêmea é historicamente complicada, o que dizer então de quando ela acontece em um mundo superpopuloso, que cresce verticalmente em velocidade aburda, e ainda por cima, está hoje totalmente conectado virtualmente, não sendo mais necessário sair de casa para nada. Nem para trabalhar, nem para conseguir qualquer tipo de serviço de que estejamos precisando. Será?

É neste cenário super urbano e contemporâneo que vivem Mariana (Pilar López de Ayala) e Martin (Javier Drolas), em prédios situados exatamente de frente um para o outro.  Dois jovens solteiros, que tendo recém-saído de relacionamentos importantes, sentem-se mais do que nunca solitários.  Eles moram muito perto, mas vivem muito longe em seus mundos distintos.

Ele é criador de websites, trabalha de casa, o que lhe é super conveniente já que sofre de agorafobia, preferindo se proteger dentro das quatro paredes apertadas de seu apartamento. Vive conectado à Internet, onde leva sua vida de forma virtual. E é por meio da grande rede que ele busca encontrar a solução para seus problemas, entre eles o de descobrir sua alma-gêmea.

Ela é uma arquiteta recém-formada que, em função da dificuldade de entrar no mercado de trabalho, atua como montadora de vitrines, vivendo cercada de manequins – “pessoas de mentirinha” – seus únicos companheiros de todas as horas. Tem fixação pelo livro Onde está Wally?, sobretudo pela frustração de nunca ter encontrado Wally na página em que ele está perdido na cidade grande. Coincidência?

A arquitetura de Buenos Aires, aliás, tem papel determinante em Medianeras, servindo como fio condutor para a própria história do filme. Já desde as primeiras cenas, imagens fixas da cidade nos são apresentadas, como retratos vivos que vão sendo exibidos à medida que uma voz off traça um paralelo entre a arquitetura da capital argentina e o jeito de ser de seu povo.  Um texto bem escrito que mistura ética e estética de maneira simples, clara, direta e criativa.

A linguagem toda do filme é, na verdade, bem interessante e, às vezes, nos passa a sensação de que a história está sendo contada em quadrados, colocando os personagens em peças (caixotes) que nunca se encaixam nem se encontram. O filme é escuro, monocromático, com imagens frias, meio sem vida. Uma história que precisa de ar, de fôlego, de cor, de luz, de vida e de mais janelas para terminar bem.

Janelas que não sobram nos micro-apartamentos dos dois protagonistas Mariana e Martin, que sofrem pela falta de luz, de ar e de “calor humano” desta arquitetura contemporânea. Eles sentem necessidade de abrir mais janelas, de criar novos caminhos para deixar a vida entrar. Mas lhes falta coragem e ousadia. Os prédios onde moram, na verdade, dão as costas um para o outro – ou em bom“portenho”, dão suas medianeras uma para a outra. (Explicação rápida: medianeras são aquelas paredes de um prédio em que não se pode abrir janelas, normalmente usadas para outdoors). Felizmente, para o filme e para nossos protagonistas, nem todos os portenhos respeitam essa regra.

Medianeras é um filme doce, encantador, um conto sobre a solidão em tempos virtuais! PRA SE DISTRAIR e PRA SE ENCANTAR.

 
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