Na Roda da Fortuna (1994)

•novembro 8, 2011 • Leave a Comment

Título original: The Hudsucker Proxy (1994)

Dirigido por : Joel e Ethan Coen

Escrito por: Joel e Ethan Coen, Sam Raimi

Com : Tim Robbins, Paul Newman, Jennifer Jason Leight.

Um filme de hipérboles, de caricaturas, de mensagems e imagens subliminares, além de deliciosamente satírico.

A história de um recém-formado que chega à cidade grande em busca de um emprego se passa nos Estados Unidos dos anos 50.

Ingênuo e sem nenhuma experiência, Norville Barnes consegue um emprego de entregador de cartas em uma grande empresa de Nova Iorque. Lugar que ocupará por bem pouco tempo, pois, por uma trapaça do destino, o noviço se vê da noite para o dia à frente da empresa, após o suicídio de seu presidente.

Mal sabe ele que tudo não passa de uma grande armação do conselho diretor a fim de assumir o controle total da empresa, comprando suas ações na hora em que elas estiveram em baixa, consequência da desastrosa administração deste « Forrest Gump » que chega ao topo por acaso…

Na Roda da Fortuna é um filme divertido, inteligente e bem mais leve e menos angustiante do que de costume na obra dos irmãos Coen.

Vale comentar a cena, no começo do filme, em que o jornal com o anúncio do emprego de entregador de cartas é levado pelo vento pelas ruas da cidade até grudar nas pernas do protagonista. Certamente uma homenagem ao excelente filme de John Ford, The Informer (1935), em que Gypo Nolan, também no início do filme, tira da sua perna o jornal levado pelo vento, contendo uma informação fundamental para o desenrolar do filme.

Na Roda da Fortuna é um filme para todas as idades.

Cisne Negro (2009)

•novembro 8, 2011 • 2 Comments

Título original: Black Swan

País de origem : USA

Dirigido por : Darren Aronofsky

Escrito por : Mark Heyman, Andre Heinz, John McLaughlin

Com Natalie Portman, Mila Kunis, Vicent Cassel

Tenso, denso, pesado, angustiante… e sublime !

Aronofsky nos cola na cadeira do primeiro ao último minuto de seu último filme. Desde as primeiras cenas – sombrias e carregadas de tensão – somos levados a viver o drama de Nina, e de entrar em seu mundo neurótico, repleto de alucinações, em que só há espaço pra uma única coisa: se tornar a primeira bailarina da companhia.

Black Swan é a história de uma bailarina extremamente delicada, que busca constantemente a perfeição. Seu grande sonho é o de se tornar a “prima ballerina” de sua companhia, local atualmente ocupado por Beth (Winona Ryder). Na hora em que o diretor da companhia de ballet resolve “aposentar” Beth, uma nova janela se abre no horizonte de Nina. O novo número da temporada será o Lago dos Cisnes, desta vez revisitado. Nina se mostra a bailarina ideal pra dançar o Cisne Branco (bom), por sua delicadeza, beleza e capacidade técnica. Mas ela pena pra encarnar o Cisne Negro (mau), que mais do que técnica, requer entrega, paixão, ardor e sensualidade. Nina começa então um batalha interna, em busca de seu lado “mau”, de sua sexualidade e de sua rebeldia, que até então estavam encobertos por um universo cor de rosa e infantil, alimentado por uma mãe superprotetora e bailarina frustrada.

E no meio de tudo, surge Lily, uma bailarina “descolada” e que representa tudo o que Nina não consegue ser. Leve, descontraída, sensual, cheia de vida, a recém-chegada se mostra perfeita pra encarnar o Cisne Negro, ameaçando assim o percurso de Nina.

As cores sombrias do filme – jogo do preto e do branco – são suavizadas e contrastadas pelo rosa do universo da protagonista: casaco, cachecol, camisola e até o quarto, decorado com papel de parede rosa e colcha rosa. Tudo isso somado a uma montagem brilhante, de ritmo frenético, nos fazem mergulhar nas alucinações da bailarina, nos fazendo muitas vezes nos perdermos entre delírio e realidade.

A atuação de Natalie Portman é igualmente sublime. O filme é dela ; ela é o filme. Desde a fragilidade e perfeição doentias de sua personagem até seus momentos de ilusórias rebeldia e maldade, tudo é passado de maneira realista e convincente.

Black Swan é um filme sobre determinação, obsessão, neurose, entrega, paixão, conquista, vaidade, fama. Mas a que preço…

Certamente um filme que marca. “Chapeau” pra Aronosfky!

Este filme é indicado pra pessoas que não têm medo de se envolverem, se angustiarem e sofrerem com um filme.

Alexandria (2009)

•novembro 8, 2011 • Leave a Comment

Título original: Agora

País de origem: Espanha e USA

Dirigido : Alejandro Amenábar

Escrito por : Alejandro Amenábar e Mateo Gil

Com Rachel Weisz, Max Minghella e Oscar Isaac.

Ciência, religião, diferenças, semelhanças, poder, liberdade…

Agora trata de todas estas questões que sempre estiveram – e sempre estarão -presentes no mundo, já que são intrinsecamente humanas ou divinas…

A história se passa no século IV depois de Cristo, época em que o Egito está sob domínio romano, e em que cristãos, judeus e politeístas greco-romanos se matam pelas ruas. Em Alexandria, a astrônoma e filósofa Hipátia, ensina a seus discípulos noções de filosofia, matemática e astronomia e sonha em desvendar os mistérios do universo, sobretudo com relação ao verdadeiro movimento do planeta Terra. Fora isso, ela é também a grande conselheira de Orestes, o prefeito de Alexandria, tendo assim grande influência nas decisões tomadas.  Tudo isto em uma época em que as mulheres não tinham voz nem vez.

Com uma estética estruturada em planos bem amplos, pontuados por fantásticas plongées totais, Agora oferece ao espectador um qualquer olhar divino que é, por sua vez, contraposto, em várias passagens, ao olhar humano que mira o céu, na esperança de encontrar lá uma resposta. A cor sépia dá tom ao filme, localizando-o bem no deserto egípcio que abriga nosso imaginário.

É triste perceber que a guerra entre os diversos tipos de fanáticos religiosos do começo da era cristã, retratada por Amenábar em Agora, continua atual e presente em diversas partes do nosso planeta. Apenas acho que ele exagerou um pouco com relação às atitudes dos cristãos, que foram, neste filme, os grandes perversos da história. Talvez um olhar de certa forma tendencioso deste diretor hispano-chileno (países tradicionalmente católicos), que teve a coragem de assumir publicamente há alguns anos o seu homossexualismo, diante de algumas sociedades mais ortodoxas.

Não posso terminar este texto sem dizer que me impressiona e encanta a capacidade que tem Amenábar de realizar tão bem um filme épico quanto um filme de terror como Os Outros (2001) ou um filme contemporâneo, dramático, delicado (e lindo), como Mar Adentro (2004). Acho que talvez o “fil rouge” deste grande diretor seja justamente o cunho filosófico (e reflexivo) presente em toda a sua obra, e que é tão bem retratada em Agora na figura de Hipátia. Sem dúvida, os filmes de Amenábar, independente do tema ou gênero, nos fazem parar um pouco e pensar em questões essenciais nas nossas vidas.

Recomendo para todos os que gostam de épicos, de filosofia e de um pouco de sangue (nada muito exagerado).

Ervas Daninhas (2009)

•novembro 8, 2011 • Leave a Comment

Título original: Les Herbes Folles

Dirigido por : Alain Resnais

Escrito por: Alain Resnais, Christian Gailly, Laurent Herbiet

Com : André Dussollier, Sabine Azéma, Emmanuelle Devos, Mathieu Amalric

Esta última produção do francês Alain Resnais, realizado do alto de seus 87 anos, repete a dupla de atores que fizeram o sucesso de On Connaît la Chanson, lançado em 1997 : André Dussollier e Sabine Azéma.

Com seu estilo bem distante do mainstream hollywoodiano, Les Herbes Folles é visualmente lindo, com seus inúmeros gros plans e cores saídas de uma paleta impressionista. A trilha sonora de Mark Snow completa a beleza do filme.

A história, em princípio banal – a de um furto de uma bolsa – acaba nos conduzindo ao mundo interior de Georges Palet, um homem casado há 30 anos, com uma família bem constituída, e que, após encontrar uma carteira perdida no estacionamento de um Shopping Center, fica obsecado pela ideia de encontrar sua dona – a dentista-piloto Marguerite Muir.

A carteira funciona assim como um objeto-fetiche para este homem aposentado, de atitudes estranhas, beirando a esquizofrenia ou a bipolaridade, e liberando com isso, desejos e sonhos reprimidos.

Mais uma vez – como frequentemente na filmografia de Resnais – a memória e o monólogo interior são o grande motor deste filme, o que nos leva muitas vezes a misturar o que é fato, sonho ou desejo. Talvez seja justamente este o objetivo deste já consagrado e polêmico diretor francês.

Les Herbes Folles é um filme para espectadores que apreciam o cinema introspectivo, reflexivo. Pode, no entanto, ser assistido por crianças, apesar da falta de atrativos para os pequenos.

Educação (2009)

•novembro 8, 2011 • Leave a Comment

Título original: An Education

Dirigido por: Lone Scherfig

Escrito por: Nick Hornby, Lynn Barber

Com: Alfred Molina, Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Emma Thompson.

Simples, belo, inteligente, profundo… perfeito!

“An Education” conta a história real de uma adolescente de classe média baixa – Jenny (Carey Mulligan) – que leva uma vida pacata, no início dos anos 60, dividida entre a escola e a casa. Poucos são os divertimentos pois seu grande foco – imposto por seu pai (Alfred Molina) – é conseguir entrar na Universidade de Oxford.

Eis que um dia ela conhece um homem bem mais velho do que ela e que lhe introduz a um mundo diferente, cheio de glamour, diversão e encanto. A adolescente se vê então diante de duas realidades bem distintas: a vida pacata e séria que a conduz a Oxford ou o mundo do glamour oferecido pelo encantador David (Peter Sarsgaard) e que lhe desvia da “boa educação”.

O filme da diretora dinamarquesa Lone Scherfig é de uma delicadeza e sutileza raras no mundo do cinema deste começo de milênio. Construído de forma absurdamente simples – com começo, meio e fim – sem flash-backs, sem elipses ou nenhum grande recurso oferecido pela sétima arte, o filme é ainda assim encantador.

O tema tratado é igualmente simples (assim como o próprio título do filme), apesar de profundo e fundamental na vida de todos nós, quer sejamos filhos, pais ou avós: Educação.

Educação formal, acadêmica, mas também, educação de filhos, ou condução de suas vidas rumo ao mundo adulto, ao futuro, ao sucesso. Tudo visto por olhos diversos: os de um pai, de uma mãe e de uma filha, de uma escola e de amigos.

Talvez o grande êxito de “An Education” se deva exatamente a este equilíbrio perfeito na forma de contar uma estória. Nada é exagerado, caricaturado, ou levado ao extremo. As coisas são simples (e psicologicamente complexas ao mesmo tempo), assim como na vida real.

Os atores são magníficos e captaram o tom de equilíbrio escolhido pela diretora. Os gestos são sutis, os olhares altamente expressivos e os diálogos bonitos, bem escritos, sem caírem na pieguice nem no lugar comum. Mesmo que este seja um discurso já batido.

Sem sombra de dúvidas, este filme entra na minha listinha de “grandes filmes”, apesar de sua aparente (e talvez real) simplicidade.

Recomendo a todas as pessoas que gostam de bom cinema, sobretudo a pais, mães, avôs, avós e adolescentes.

Meu Olhar

•novembro 2, 2011 • 16 Comments

A ideia por trás deste site é a de compartilhar com o mundo um pouquinho da minha maneira de ver e entender o cinema de hoje, de ontem e, quiçá, de amanhã. Filmes de todos os tipos – feitos de norte a sul, de leste a oeste, da comédia ao documentário, do filme brasileiro ao japonês – sem nenhum tipo de preconceito de gênero, estilo ou orçamento!

Aqui você pode ler críticas sobre filmes antigos e novos, produzidos em qualquer parte do mundo, sem nenhum tipo de censura ou regra pré-estabelecida. Tudo vai depender dos filmes que vão caindo em minhas mãos e surgindo diante dos meus olhos…

Pra uma informação mais rápida, vá direto à página “O que ver”. São sugestões de filmes pra assistir em seu tempo livre, de acordo com o seu humor do dia.

Para ler sobre filmes brasileiros, entre no link do parceiro CEBRAC. É lá que, em geral, publico minhas críticas sobre filmes nacionais, antigos ou novos.

E se você quiser ler sobre filmes atualmente em cartaz no Brasil, entre no link do parceiro ECAI – Espaço Alexandre Innecco, de Brasília.

Fora isso, em “Roteiros”, você pode pegar sugestões de passeios ligados ao mundo do cinema, a serem incluídos em suas próximas viagens. E em “Cine-leituras”, você pode pegar dicas de leituras relacionadas também ao cinema.

Enfim, a ideia é que este site seja um “cantinho” dedicado ao cinema, servindo de guia para aqueles momentos de “que filme pego pra ver hoje?”.

Bom filme!    

 
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