Alexandria (2009)
Título original: Agora
País de origem: Espanha e USA
Dirigido : Alejandro Amenábar
Escrito por : Alejandro Amenábar e Mateo Gil
Com Rachel Weisz, Max Minghella e Oscar Isaac.
Ciência, religião, diferenças, semelhanças, poder, liberdade…
Agora trata de todas estas questões que sempre estiveram – e sempre estarão -presentes no mundo, já que são intrinsecamente humanas ou divinas…
A história se passa no século IV depois de Cristo, época em que o Egito está sob domínio romano, e em que cristãos, judeus e politeístas greco-romanos se matam pelas ruas. Em Alexandria, a astrônoma e filósofa Hipátia, ensina a seus discípulos noções de filosofia, matemática e astronomia e sonha em desvendar os mistérios do universo, sobretudo com relação ao verdadeiro movimento do planeta Terra. Fora isso, ela é também a grande conselheira de Orestes, o prefeito de Alexandria, tendo assim grande influência nas decisões tomadas. Tudo isto em uma época em que as mulheres não tinham voz nem vez.
Com uma estética estruturada em planos bem amplos, pontuados por fantásticas plongées totais, Agora oferece ao espectador um qualquer olhar divino que é, por sua vez, contraposto, em várias passagens, ao olhar humano que mira o céu, na esperança de encontrar lá uma resposta. A cor sépia dá tom ao filme, localizando-o bem no deserto egípcio que abriga nosso imaginário.
É triste perceber que a guerra entre os diversos tipos de fanáticos religiosos do começo da era cristã, retratada por Amenábar em Agora, continua atual e presente em diversas partes do nosso planeta. Apenas acho que ele exagerou um pouco com relação às atitudes dos cristãos, que foram, neste filme, os grandes perversos da história. Talvez um olhar de certa forma tendencioso deste diretor hispano-chileno (países tradicionalmente católicos), que teve a coragem de assumir publicamente há alguns anos o seu homossexualismo, diante de algumas sociedades mais ortodoxas.
Não posso terminar este texto sem dizer que me impressiona e encanta a capacidade que tem Amenábar de realizar tão bem um filme épico quanto um filme de terror como Os Outros (2001) ou um filme contemporâneo, dramático, delicado (e lindo), como Mar Adentro (2004). Acho que talvez o “fil rouge” deste grande diretor seja justamente o cunho filosófico (e reflexivo) presente em toda a sua obra, e que é tão bem retratada em Agora na figura de Hipátia. Sem dúvida, os filmes de Amenábar, independente do tema ou gênero, nos fazem parar um pouco e pensar em questões essenciais nas nossas vidas.
Recomendo para todos os que gostam de épicos, de filosofia e de um pouco de sangue (nada muito exagerado).