Os Amantes Passageiros (2013)

Veja aqui o trailer!

Título original: Los amantes pasajeros    Los-amantes-pasajeros-12_principalGaleriaApaisada

Origem: Espanha

Diretor: Pedro Almodóvar

Com: Lola Dueñas, Javier Cámara, Cecilia Roth, Raúl Arévalo, Pepa Charro

Depois da experiência sombria de A Pele que Habito (2011), Pedro Almodóvar está de volta ao estilo que o consagrou: as cores berrantes, o humor escrachado, satírico, exagerado, o universo kitsch e divertido com pequenas pitadas de drama aqui e acolá.

Por meio da história de um avião sem rumo, Almodóvar faz, neste seu último filme, uma alusão à situação atual da Espanha. Uma nação em plena crise, perdida, que voa sem destino certo. Um país que não sabe onde pousar, que procura desesperadamente seu “aeroporto seguro”.

A história se passa quase que inteiramente dentro de um avião, com planos fechados, dividindo-se entre a pequena cozinha, a cabine dos pilotos e a classe executiva da aeronave, lugar privilegiado, a que poucos têm acesso, quer seja no avião ou na sociedade espanhola. Lá, voam poucos passageiros: um casal de recém-casados; uma sensitiva virgem, incumbida de encontrar uma pessoa desaparecida no México; uma ex-atriz, cafetina de renome; um empresário de sucesso; um ator de cinema; e um político importante. Representantes excêntricos da elite emergente espanhola.

O destino é a Cidade do México. Porém, por um erro “bobo” da equipe de solo (Antonio Bandeiras e Penélope Cruz), o avião decola sem trem de pouso. E por isso, não pode continuar viagem, não pode atravessar o oceano, correndo o risco de não conseguir pousar em seu destino tão distante.

Piloto e copiloto são, então, orientados a ficar sobrevoando a Espanha até que tenham a autorização de algum aeroporto para pousarem. Só que isso não acontece. E eles ficam dando voltas e mais voltas no espaço aéreo espanhol, queimando combustível e a esperança de saírem desta situação com vida.

Temendo que o pânico tome conta dos passageiros, eles resolvem manter a situação em sigilo. Os passageiros da classe econômica são logo postos para dormir, juntamente com a tripulação responsável por servi-los. A eles é dado um sonífero misturado às suas bebidas, para que nada vejam, nada digam, nada reclamem. Uma bela alusão à classe trabalhadora, que nada pode, nada tem e muito perde com esta crise.

Já a tripulação responsável pela classe executiva – composta por três comissários homossexuais caricatos – não conseguindo manter segredo, deixa escapar o problema e o desespero começa a tomar conta de alguns passageiros-executivos. Os três mosqueteiros resolvem, porém, a todo custo manter a alegria de seus clientes, recorrendo para isso ao álcool, à música e a “otras cositas más”. Cenas de espetáculos musicais passam, então, a compor o cenário, com ângulos frontais dos personagens encarando os espectadores, como nos filmes dos primeiros tempos.

A partir daí, várias histórias serão, então, contadas, reveladas, desmascaradas, entrecruzando as vidas dos personagens da classe executiva da Espanha num patchwork colorido e divertido, mas, por vezes, demasiado caricaturizado.

Bastante interessante, sem dúvida, é a forma metafórica e irônica com que Almodóvar resolveu pintar e analisar seu país. Pena que ele se excedeu um pouco e exagerou na dose. O filme, que tinha tudo para ser “redondo”, acaba sendo escrachado demais, caricato demais, louco demais, perdendo um pouco de sua força. Por outro lado, Os Amantes Passageiros traz de volta “o velho e bom” Almodóvar, com toda a alegria, a cor e a língua afiada que tanto lhe são características.

Um filme leve, numa primeira leitura, mas que certamente denuncia um país sem direção, apontando-lhe o bom  humor como uma possível saída de emergência. PRA SE DIVERTIR e PRA PENSAR.


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