Na Estrada (2012)

Veja aqui o trailer do filme!

Título original: On the Road     

Origem: Brasil, EUA, Inglaterra e França

Diretor: Walter Salles

Roteiro: José Rivera, Jack Kerouac (livro)

Com: Garrett Hedlund, Sam Riley,  Kristen Steward, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst

Vida louca vida! Estrada longa estrada!

O filme de Walter Salles, selecionado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes,  é, esteticamente falando, bonito, tecnicamente falando, bem-feito, porém longo demais, acadêmico demais, não tendo sido assim capaz de encantar  a plateia, nem de reascender o  fogo do Beat Generation.

O filme é uma adaptação do livro On the Road de Jack Kerouac – publicado em 1957 – considerado um livro-manifesto do movimento Beat Generation. 

O Beat Generation foi um movimento de contra cultura, surgido no período pós-guerra, formado por artistas, principalmente escritores e poetas, e que pregava a liberdade artística, intelectual, sexual, espacial… total! Um precursor do movimento hippie.

O filme/ livro conta então uma parte da vida de seu próprio autor, interpretado por Sam Riley, tendo início logo após a morte de seu pai, Léo Kerouac. A história, narrada em primeira pessoa, na voz do rouca do ator inglês, se passa nos Estados Unidos, entre 1947 e 1950, e mostra as infinitas idas e vindas do jovem Kerouac – no filme Sal Paradise – em busca de um não-sei-o-quê que lhe desse razão de viver.

Sal Paradise segue assim um caminho sem destino, pegando caronas, conhecendo novas gentes e lugares, experimentando um pouco de tudo o que a vida lhe era capaz de oferecer. Ele penetra o mundo das drogas, do álcool, do sexo livre, do jazz, da escrita livre… da não-responsabilidade! Viver por viver parecia ser seu grande mote!

Ao longo dessa estrada, Sal/Kerouac vai encontrando figuras que o marcam profundamente em função de seus grandes desapegos materiais e de sua ampla e total liberdade de viver. Um deles é Dean Moriarty (Garrett Hedlund) – Neal Cassady na vida real – filho de um pai alcoólatra desaparecido, órfão de mãe, um charmoso e belo irresponsável, com passagens pela prisão, um viciado em sexo, drogas e em diversão.

Outra figura importante é a primeira companheira de Moriarty, uma adolescente libertina, pegando fogo de vontade de viver, Marylou (LuAnne Henderson na vida real), muito bem interpretada por Kristen Stewart, que aliás debuta esplendorosamente com este filme no universo do cinema adulto.  Sal, Dean e Marylou vão viver então uma relação a três por algum tempo.

As cenas de abertura do filme, com seu movimento incerto de “câmera no ombro” e com sua imagem quente de solo árido  tiveram para mim um quê de Glauber Rocha… um qualquer coisa de realidade, de documentário, de pé na estrada. O tom sépia que domina todo o filme, assim como o uso constante de closes dos personagens em contraste com a grandeza dos planos gerais das paisagens, percorrendo a tela em travellings imensos, deram ao filme o movimento e a beleza necessários a um grande filme.

Estivesse ele contando um outro tipo de história, talvez pudesse figurar na categoria do “excelente”, mas em se pensando em um filme que se predispõe a transpor uma obra considerada o símbolo do Beat Generation, falta ao Na Estrada aquele fogo que arde na alma de seus personagens. Falta ao filme de Walter Salles a liberdade criativa, a volúpia, a loucura e a intensidade de viver que tanto pregava o movimento.  Uma pena!

Mas nem por isso o filme deixa de ser interessante, bonito e altamente recomendado! Um filme PRA APRENDER sobre este movimento dos anos 50 chamado Beat Generation.


2 Responses to “Na Estrada (2012)”

  1. Crítica maravilhosa. É uma história tão cheia de um calor que infelizmente senti muito pouco no filme, arrastado e algumas vezes melancólico demais. Curti a escalação. Adorei o Garrett no papel do Dean, o Sam no papel do Sal, e a Kristen me surpreendeu no papel da piriguete-mor do beat generation. Vi várias críticas na imprensa comentando que o filme é bom, mas que On the Road é “inadaptável” e sempre será. O que me incomodou mesmo foi o excesso. Meia hora a menos teriam feito muito bem à obra de Waltinho.

  2. Karina, bom saber que compartilhamos um mesmo olhar sob o filme do Walter Salles. Respeito e admiro muito o seu jeito de ver e de analisar o mundo! Obrigada pelo super comentário!

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