Boyhood – Da Infância à Juventude (2014)

Título original: Boyhood

Origem: EUA

Direção: Richard Linklater

Roteiro: Richard Linklater

Com: Ethan Hawke, Patricia Arquette, Ellar Coltrane, Lorilei Linklater.

Depois de já ter encantado o mundo (ou pelo menos, a mim!) com sua trilogia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite, estrelados pela mesmo casal de atores Ethan Hawke e Julie Delpy, o texano Richard Linklater nos presenteia mais uma vez com uma joia rara.boyhood

Filmado ao longo de 12 anos, contando com o mesmíssimo elenco por todo esse tempo, Boyhood é um filme sensível, original (único!), delicado, simples e belo.

Apesar de seu parentesco com o documentário, Boyhood é uma ficção. Certamente, uma ficção diferente, em que seu diretor, ao longo de 12 anos, reuniu o mesmo grupo de atores uma vez por ano, numa espécie de laboratório cinematográfico – quiçá, sociológico e psicológico – a fim de acompanhar a transformação de um menino em homem. Ou, simplesmente, com o intuito de registrar a vida como ela é, com seus pequenos e grandes problemas, com suas pequenas e grandes alegrias. Como se voltasse aos primórdios do cinema, quando ainda se discutia o verdadeiro sentido desta nova arte: filmar a realidade ou criar novas realidades?

E, ao que nos parece, Linklater fez os dois ao mesmo tempo, deixando para trás essa discussão apaixonante e provando que a sétima arte se presta a todos os sonhos, a todas as ambições e a todos os objetivos! Uma arte de infinitas possibilidades…

Boyhood acompanha a trajetória do menino Mason (Ellar Coltrane) desde os seus 6 anos de idade até os seus 18, quando entra na faculdade, abandona o ninho e ganha o mundo, juntamente com o título de adulto e dono de seu próprio destino. Em seu entorno, acompanhamos também as transformações nas vidas de sua irmã mais velha Samantha (interpretada pela filha de Linklater, Lorilei Linklater), de seus pais divorciados (interpretados por Patricia Arquette, ganhadora do Oscar de melhor atriz por este trabalho, e por Ethan Hawke) e de alguns de seus amigos mais próximos.

Trata-se de um filme sem clímax, de uma história sem grandes acontecimentos, ou melhor, feita dos pequenos grandes acontecimentos que fazem a vida ser o que é. Isso poderia até ser considerado um defeito de roteiro. No entanto, a ausência de clímax foi aqui substituída pela passagem real do tempo e por nossa expectativa de ver a cada ano passado as transformações físicas, tão visíveis em um corpo de adolescente. E tudo isso, obviamente, sem recorrer à maquiagem, aos efeitos especiais ou aos softwares ultra sofisticados, ferramentas de “trucagem” de última geração. Não, todos os “efeitos” que vemos na tela são reais, concretos e estão lá diante de nossos olhos, tão claros, diretos, simples e tão tocantes.

Boyhood é, por isso mesmo, mais do que um filme comum, é uma experiência sensorial. Um retrato da vida de todos nós, de qualquer um de nós. Vida simples, complexa, grande, pequena, rica, pobre, chata, interessante, triste, feliz… Um filme que não conta nada e conta tudo. Uma obra ousada, sem grandes tecnologias empregadas, produzida com pouco dinheiro, mas com muita paixão e coragem. Um filme inesquecível que marca a história do cinema e que reabre a discussão sobre o verdadeiro sentido de se fazer filmes, ou que, talvez, simplesmente, a encerre de uma vez por todas.

Um filme PRA PENSAR e PRA SE ENCANTAR imperdível!

~ by Lilia Lustosa on March 15, 2015.

2 Responses to “Boyhood – Da Infância à Juventude (2014)”

  1. É isso aí… Encantar. Foi o que o filme me fez: me encantou.
    E é, na verdade, uma ideia bem simples, apesar de longa: filmar a vida (através de uma história bem simples) diante dos nossos olhos.
    Achei genial ver as crianças e os pais envelhecendo diante dos nossos olhos.

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