Yves Saint Laurent (2014)

Veja o trailer aqui!

Título original: Yves Saint Laurent  affiche-Yves-Saint-Laurent_le-film_2014

Origem: França

Diretor: Jalil Lespert

Roteiro: Jalil Lespert, Marie-Pierre Huster, Jacques Fieschi, Laurence Benaïm (livro)

Com: Pierre Niney, Guillaume Gallienne, Charlotte Le Bon, Laura Smet, Nikolai Kinski

Muito já se falou e já se escreveu sobre a vida e a obra do genial Yves Saint-Laurent. Mas a fonte parece ainda não ter se esgotado… Dono de um talento sem limites, o estilista franco-argelino (nasceu na Argélia, na época da possessão francesa) parece ainda inspirar muitos escritores e diretores, que insistem em esmiuçar e divulgar sua vida e sua carreira.

Pelo menos três documentários já foram feitos – Yves Saint Laurent, le temps retrouvé (2002), Yves Saint Laurent, tout terriblement (2009), L’amour fou (2010) -, alguns livros escritos e agora, em 2014, saem dois biopics sobre a vida do famoso estilista e designer, repetindo, aliás, um histórico duelo entre diretores que lançam simultaneamente obras semelhantes. Coisa não incomum na história do cinema (Lembram-se dos recentes Coco Antes de Chanel e Coco Chanel & Igor Stravinsky, ambos lançados em 2009?).

E desta vez, a versão que saiu na frente foi a de Jalil Lespert, lançada nesta semana na França e na Suíça, e que conta com o aval e “benção” de seu companheiro de vida e empresário, Pierre Bergé, que, aliás, liberou para o filme alguns modelos (vestidos) e desenhos originais, objetos pessoais, incluindo os óculos usados por YSL, além de ter aberto as portas da casa deles no Marrocos e da Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent.

Baseado na biografia escrita por Laurence Benaïm em 2002 e estrelado pelos atores Pierre Niney (no papel de YSL) e Guillaume Gallienne (Pierre Bergé), ambos da Comédie-Française (teatro estatal francês e único a ter uma trupe permanente), o filme não foi muito bem recebido pela “chatíssima” crítica francesa, que insistiu em dizer que ele não explora o brilhantismo do profissional que foi Saint Laurent, ainda dizendo que a direção de Lespert teria sido comum, tendo como resultado um filme “para televisão”.

Discordo enormemente dos que assim enxergaram o filme. Na minha visão, o filme de Lespert é justamente o que chamo de bem equilibrado, uma espécie de panorama da obra e vida de Saint Laurent, do tipo que nos abre janelas para um eventual aprofundamento. Ele nem explora só a vida pessoal do estilista – embora seja este de fato o fio condutor do filme -, nem se atém exclusivamente à sua vida profissional, seu brilhantismo ou sua carreira, sabendo, portanto,  conciliar ambos os aspectos, incluindo ainda a questão política (Guerra da Argélia), o que dá ao filme mais profundidade e riqueza.

Com relação à direção “sem graça” observada pelos críticos franceses, é verdade que o filme não apresenta grandes inovações, sendo contado de forma clássica, em flash-back pela própria voz de Pierre Bergé. O que não diminui em nada suas beleza e qualidade. Aliás, por falar em beleza, plasticamente, também gostei muito de Yves Saint Laurent (o filme). As cores são bonitas, sóbrias, clássicas, os planos são bem pensados, equilibrados, elegantes, às vezes lembrando quadros bem pintados, e a música… ah, a música é lindíssima!

Tudo isso sem falar no ponto alto, ou altíssimo, do filme que são as interpretações sem falhas dos dois protagonistas. Pierre Niney, ator de apenas 24 anos, dá um verdadeiro show na pele do frágil, depressivo, genial e tímido YSL. Ele parece um bibelô, pálido, esquálido, prestes a ser quebrado a qualquer instante. Figura que contrasta enormemente com a solidez de Pierre Bergé, também brilhantemente interpretado por Guillaume Gallienne, que soube passar com muita propriedade e sutileza as emoções daquele que foi o porto seguro, a âncora e o prumo de Saint Laurent. Algumas cenas me marcaram bastante, entre elas a hora da separação, quando YSL sai de casa, batendo a porta depois de tê-lo xingado e dito coisas terríveis e tudo o que ele faz é ficar de pé junto à parede, contendo sua emoção, com seus lábios cerrados, tremendo, seus olhos marejados… De arrepiar!

Não entendo então porque os chatos dos críticos franceses resolveram atacar esse primeiro biopic de Yves Saint Laurent com tanto fervor, já que, ao meu ver, cada diretor tem o direito (e quase o dever) de escolher que viés vai utilizar em  seu filme, que aspectos vai querer explorar, o que vai ressaltar ou omitir. Afinal de contas não é exatamente (e também) este o trabalho de um diretor?

Vamos aguardar para ver como vai ser a recepção do Saint Laurent (2014), de Bertrand Bonnello, previsto para sair em outubro aqui na Europa.

Enquanto isso, recomendo Yves Saint Laurent. Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA APRENDER.

~ by Lilia Lustosa on January 18, 2014.

2 Responses to “Yves Saint Laurent (2014)”

  1. OLÁ E AQUI EM SÃO PAULO QUANDO ESTARÁ DISPONÍVEL?

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