Almas em Suplício (1945)
Título original: Mildred Pierce
Origem: EUA
Diretor: Michael Curtiz
Com: Joan Crawford, Jack Carson, Zachary Scott, Ann Blyth
Misterioso, “noir”, belo, muito bom de se assistir!
Este brilhante filme dos anos 40 conta a história de uma mulher forte, mãe e esposa dedicada, decidida – a qualquer preço – a oferecer o melhor às suas filhas.
A trama se passa nos Estados Unidos dos anos 30 – em pleno período de recessão – e já começa com um crime. A belíssima sequência inicial, com requintes de expressionismo alemão, é composta por planos extremamente bem estudados, em que as sombras deformadas dos personagens tomam conta da ação. Tudo isso embalado, ritmado e “agravado” pela fantástica música de Max Steiner.
Mildred Pierce (Joan Crawford) – uma linda mulher vestida elegantemente com um casaco de vison – nos aparece como a maior suspeita.
Depois de tentar incriminar seu amigo de longa data – Wally Fay (Jack Carson) -, Mildred é levada até a delegacia, onde, por meio de um longo flashback, conta ao delegado (e aos espectadores) sua versão e sua história.
As mulheres de “Almas em Suplício” são independentes, fortes, autossuficientes. Elas fumam, bebem, pagam suas contas, correm atrás da vida. E isto também pode ser percebido na maneira com que Curtiz escolheu para enquadrar e apresentar suas personagens. Exemplo: quando Mildred conversa com sua gerente, em um de seus restaurantes, após voltar de viagem do México, ela tem seus cabelos presos, veste um blazer de ombros largos, e segura o cigarro e o copo de maneira bem masculina. Nós, espectadores, temos, por alguns segundos, a impressão de estar diante de dois homens conversando em um bar. Uma cena-símbolo da independência feminina.
O filme de Michael Curtiz é baseado no romance de James M. Cain – “Mildred Pierce” – e tem até hoje o poder de nos prender a atenção do começo ao fim. É um daqueles filmes que nos faz perder a noção do tempo! Que nos faz mergulhar na história! Bom demais!
Joan Crawford ganhou o Oscar de Melhor Atriz por este filme. E, garanto, vale a pena conferir sua atuação, sua beleza e a qualidade desta obra!
PS. Neste 2011, a HBO lançou nos Estados-Unidos uma série de TV intitulada “Mildred Pierce”, com Kate Winslet. Mais baseada no livro de Cain do que no filme de Curtiz, a série foi toda rodada em 16mm para tentar manter a estética da época, com os granulados, as luzes e as cores que só a película consegue proporcionar! Fica aí também esta dica.