Sils Maria (2014)

•agosto 29, 2014 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Clouds of Sils Maria   clouds-of-sils-maria-poster

Origem: França /Suíça / Alemanha

Diretor: Olivier Assayas

Roteiro: Olivier Assayas

Com: Juliette Binoche, Kristen Stewart, Chloë Grace Moretz, Lars Eidinger

Um filme denso, complexo e bonito, que nos faz pensar sobre a passagem do tempo e sobre a nossa maneira de lidar com o velho e com o novo.

Contracenando com uma Juliette Binoche absolutamente impecável, Kristen Stewart confirma o que já se anunciava no filme Na Estrada (2012), de Walter Salles: Ela é sim uma atriz de talento!

Rodado em sua maior parte nos sublimes alpes suíços, com uma câmara 35mm (nada de digital), o filme conta a história de Maria Enders (Juliette Binoche), uma atriz de renome que se prepara para reencenar a peça que lhe projetou para o estrelato, vinte anos antes. Em Maloja Snake*, escrita por Wilhelm Melchior, ela interpretava Sigrid, uma jovem cruel, ambiciosa e inconsequente, que seduz sua chefe Helena – mulher madura, casada, com filhos – e que depois de conseguir o que quer, a abandona. Helena não resiste e acaba cometendo o suicídio.

Mas desta feita, Maria Enders será Helena. E o papel de Sigrid será dado a uma ninfeta hollywoodiana, ambiciosa e destemida – interpretada por uma também excelente Chloë Grace Moretz – presença constante nas redes sociais por conta de seus inúmeros escândalos.

E é assim que a história se desenvolve, mergulhando-nos em uma bonita reflexão sobre a passagem do tempo e sobre a aceitação (ou não) do novo (e do velho que vamos nos tornando a cada dia).

Maria Enders e sua assistente Valentine vão se instalar, então, no chalé do diretor Melchior, em Sils Maria, nos alpes suíços, local em que a peça foi originalmente escrita. Lá as duas vão ensaiar as falas, fazer longas caminhadas e, sobretudo, vão compartilhar seus dias e seus pensamentos, vivenciando a peça de tal maneira, que fica difícil determinar o que é ficção e o que é realidade.

Ao reproduzir a mesma situação da peça, ou seja, mulher jovem (a assistente Valentine/Kristen) relacionando-se com mulher madura (a atriz/Juliette), Olivier Assayas nos coloca em uma mise en abyme (narrativa em abismo) alucinante, em que as falas se encaixam perfeitamente da peça para o filme.

Há uma certa tensão no ar. Uma certa angústia do envelhecer, um desprezo pelo efêmero que a modernidade instalou e tanto preza. Mas, ao mesmo tempo, há também um descontentamento em se ser jovem. Uma frustração talvez por enxergarem o desdém com que as gerações passadas tratam o pensamento juvenil, seus hábitos e seus objetos do agora. Como se só a idade fosse capaz de nos fazer enxergar as coisas com clareza, como se só os mais experientes tivessem acesso a sentimentos reais. Será?

O filme é construído, portanto, encima desse contraste entre velho e novo, indo desde as próprias diferenças culturais entre Velho e Novo Continente até conflitos menores, causados pelo choque de gerações. Estão em jogo aí a Internet e sua nova maneira de fazer pesquisa, de pulverizar informação (Olha o Dr. Google aí, gente!). São fofocas ou informações de verdade? E aí, é claro, não vão faltar smartphones, ipads e computadores para fazerem um belo contraponto com a sobriedade, a simplicidade e a tranquilidade dos alpes suíços. Características estas que acabam por dar a este rico e pequeno país uma sensação de ter parado no tempo.

Questiona-se ainda o starsystem hollywoodiano, a fama fácil, o escândalo que vende. Blockbuster versus filme de arte. Ficção científica versus drama. Enfim, uma porção de conceitos fechados aos quais vamos, ao longo da vida, nos agarrando e que vão, pouco a pouco, impedindo-nos de enxergar mais adiante.

Sils Maria é, sem dúvida, um filme que faz pensar, refletir sobre nossa paradoxal angústia diante do novo e de um velho que não volta mais.

Um filme PRA PENSAR.

* “Maloja Snake” é o nome que se dá a um fenômeno meteorológico em que nuvens bem compridas serpenteiam pelos Alpes suíços, podendo ser apreciado de vilarejos como Sils Engadin ou Sils Maria, no cantão de Graubünden. Nietzsche, inclusive, de suas passagens por lá, enaltecia este pedaço do mundo como “o canto mais charmoso da Terra”.

The Others (2001)

•agosto 28, 2014 • Leave a Comment

Watch the trailer!

Original title: The Others  the-others

Country: Spain / USA / France / Italy

Director: Alejandro Amenábar

Screenplay: Alejandro Amenábar

Score / soundtrack: Alejandro Amenábar

Producers: Tom Cruise, Paula Wagner,

Actors: Nicole Kidman (Grace), Fionnula Flanagan (Mrs Mills / nanny), Alakina Mann (Anne), Christopher Eccleston (Charles), Eric Sykes (Mr. Tuttle), Elaine Cassidy (Lydia).

Yesterday I was invited to talk about a film at a friend’s film club. I had to suggest one that none of them had seen before. Given that I was told that the host was a big fan of horror films, I decided to take advantage of this occasion to introduce to them the work of the Spanish director Alejandro Amenábar.

The film chosen was The Others, released back in 2001. Since the discussion after watching it was so great, I thought it would be a good idea to write about it today. In case you have not seen it yet, I fully recommend.

Amenábar also wrote and scored The Others, which is his third feature film. Before, he had already made Thesis (1996) and Abre los Ojos (1997). The first one is a thriller and the second is a science fiction film, whose rights were bought by Tom Cruise that later produced its American version called Vanilla Sky (2001).

After The Others, he also made The Sea Inside (Mar Adentro), in 2004, a beautiful, beautiful film, a true story about euthanasia and Agora (2009), a historical drama starring Rachel Weisz. Now he’s working on a new film called Regression (to be released in 2015).

Now back to The Others.

As I mentioned before, this is a “horror” film, but not a cheap one, not those bloody ones with horrid masks and bad special effects. This is an intelligent, well-written and beautiful horror film.

Produced by Tom Cruise and starring Nicole Kidman, The Others was a big success both in Spain and abroad. It won 8 Goyas (Spain’s National Film Awards), including the Best Picture, Best Original Screenplay and the Best Director, being the first English spoken film to win the Best Film in this competition. Amenábar was also nominated for a BAFTA Award of Best Original Screenplay, something quite rare for a horror film.

THE PLOT

The story takes place in the Jersey Island, UK, in 1945, right after the end of the World War II. It is about a woman – a very devout Catholic mother – who lives with her two children in an old creepy mansion. Her husband had gone to the war and was not back yet. Her children suffer from an uncommon disease that does not allow them to be exposed to the sunlight. In order to protect them, she has established a series of crazy rules in the house, locking all the doors, closing all the curtains, and not letting the sunlight come inside. The light, in fact, plays a very important role here.

The film starts with the arrival of the new staff of the mansion: an old nanny, an old gardener and a young mute girl.

Very inspired by Hitchcock, the film is structured on the unseen, on what we, as spectators, cannot see. Amenábar plays constantly with the audience, giving us some clues little by little that might help to understand what is happening in the story. Or not. And that works, because usually what we don’t see scares much more than what we can.

But what I really like about this film is that, instead of overusing the latest filmmaking technology, the director choses to use classical symbols of horror films. The fog, the darkness, the noises coming from upstairs, laughter, instruments that play by themselves, silences, whisperings, etc. And guess what? They still work.

The cinematography is really amazing, reminding Rembrandt’s paintings, with shades, silhouettes, and the darkness as a background, in contrast with some spots of brightness coming from candlelight, or from some weak sunlight. All this creates an atmosphere of tension and suspense.

The Others is not a film about special effects. It is much more about the right cut, the good editing, the right décor, the right costume, the perfect music and the best light.

It is really a good lesson of filmmaking. Beautiful!

Ok, I think I’ve said enough. I don’t want to tell you much more about The Others, because this is the kind of film that has to be seen first and only then discussed.

Don’t forget to pay attention on the use of the light in this film. Why does Amenábar use light in such a way? What does he want to say with it? What does light means to this story?

Anyway, hope you enjoy!

 

 

 

Brasília, Contradições de uma Cidade Nova (1967)

•agosto 25, 2014 • Leave a Comment

Veja o filme aqui!

Para os brasilienses, candangos e brasileiros que se interessam pela história de nosso país, uma boa dica é o curta Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (1967), de Joaquim Pedro de Andrade. Brasilia-Contradicoes-de-uma-Cidade-Nova

Realizado em plena ditadura militar, o filme cinemanovista, apesar de mostrar lindas imagens da nossa capital ainda em construção, não agradou aos militares, nem a Lúcio Costa na época em que foi exibido, no Festival de Cinema de Brasília de 1967. A censura recomendou que algumas cenas fossem cortadas e Joaquim Pedro de Andrade, com medo de perder o filme, acabou escondendo a película por muito tempo. Isso porque, já naqueles tempos, o jovem diretor, assim como seus colegas, roteiristas do documentário, conseguiam enxergar o que hoje é tão claro para todos nós: a utopia modernista chamada Brasília – cidade democrática que integraria as classes sociais – nasceria e morreria ali mesmo no papel, no belíssimo traço do arquiteto Niemeyer.

A narração que conduz o filme, feita por um narrador sem identidade, vai pouco a pouco revelando-nos o que é da ordem do sonho e o que é da realidade. Entrevistas com alguns operários anônimos dão um tom ainda mais crítico aos vários planos de monumentos, avenidas e prédios residenciais da capital, denunciando, assim, que a arquitetura, mesmo que pensada com esmero, não consegue ser mais forte do que os hábitos do povo que preenche seus prédios e ruas.

A catedral ainda no esqueleto, o teatro nacional inacabado, a W3 já engarrafada, a rodoviária, as Super Quadras com suas escolas e clubes de vizinhança, fora toda aquela imensidão de terra vermelha emocionam os nascidos, criados ou apaixonados pela capital. Vale a pena conferir!

Ficha técnica

Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (1967)

Origem: Brasil

Diretor: Joaquim Pedro de Andrade

Roteiro: Joaquim Pedro de Andrade, Jean-Claude Bernardet e Luis Saias

Narração: Ferreira Gullar

Documentário, 22’

PS. Existe um documentário de 2013, Plano B, de Getsemane Silva, que revisita o curta de Joaquim Pedro, tentando desvendar os mistérios de sua produção e de seu desaparecimento durante o regime militar. Infelizmente, ainda não consegui assistir. Mas o farei em breve e depois comento aqui!

 

Lucy (2014)

•agosto 20, 2014 • 1 Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Lucy      lucy1-patron-site-simple-signed

Origem: França

Diretor: Luc Besson

Roteiro: Luc Besson

Com: Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Min-sik Choi, Amr Waked

Autor de vários gêneros (O Profissional (1994), Além da Liberdade, (2011), A Família (2013)…), Luc Besson, “o mais hollywoodiano dos diretores franceses” – como alguns críticos gostam de dizer por aqui – traz para as telas, neste ano, um filme que mistura ação, ficção científica e filosofia, por mais maluco que isso possa parecer.

Escolhido para abrir o Festival de Locarno, aqui na Suíça, Lucy é um filme envolvente, daqueles que nos deixam ligados do começo ao fim, não nos dando muito tempo para a reflexão, mesmo que o tema e as imagens na tela peçam vez por outra nossa intervenção. Talvez seja justamente este o porquê dos críticos franceses considerarem Besson tão hollywoodiano e de terem falado tão mal deste seu novo filme… A crítica francesa gosta mesmo é de fazer pensar!

É verdade que, logo que o filme termina, ficamos sim com aquela sensação de termos acabado de assistir a uma historia muito louca, barulhenta, sem pé nem cabeça, mas que, enquanto nos distanciamos da sala de cinema, vai devagarzinho fazendo sentido. E, pouco a pouco, vamos conseguindo conectar os fatos, dissecar as imagens, enxergando com mais clareza as tantas mensagens ali implícitas.

Com excelente ritmo, montagem criativa e bem humorada, o filme conta, em uma primeira parte, a história de Lucy (Scarlett Johansson), uma jovem estudante, residente em Taipei, que se envolve com um desconhecido traficante de drogas.

Vestida de casaco de onça, vestido curtíssimo colado ao corpo, maquiagem borrada e uma ressaca animal, a louríssima Lucy acaba virando presa fácil nas mãos dos poderosos traficantes de uma nova droga a ser lançada no mercado europeu: a CPH4. Uma substância sintética que imita a substância natural produzida pelas mulheres na sexta semana de gravidez. Aqui vale um parênteses: (a sequência da entrada de Lucy no hotel, bem no começo no filme, é super interessante, composta por uma montagem paralela, revezando as cenas de Lucy, presa-humana caminhando rumo à armadilha preparada pelo animal-homem e as cenas de uma presa-animal sendo atraída por um animal-animal em plena selva).

Lucy e mais outros infelizes serão usados como “mulas”, transportando a droga dentro de seus corpos para diferentes capitais europeias e para os EUA. Acontece que, após alguns chutes levados na barriga, o saco estoura dentro do corpo da jovem americana e a droga começa a se espalhar por seu corpo. A moça vai pouco a pouco percebendo o mundo de forma diferente, tornando-se hiper sensível a tudo que está ao seu redor. Usando um percentual maior de sua capacidade cerebral, ela lê mentes, enxerga o invisível, aprende a falar chinês em uma hora e muito mais. No entanto, seus sentimentos vão se esvaindo. Não sente mais medo, dor, pena…

Em um segundo momento do filme, mudando de continente e de personagens, vemos o professor Norman (Morgan Freeman), dando uma aula na Sorbonne. Ele apresenta suas hipóteses sobre o que aconteceria se o ser humano conseguisse usar mais do que 10% da capacidade cerebral (teoria, aliás, já bem explorada em obras de ficção científica). Se usássemos 20%, por exemplo, já conseguiríamos ter um domínio bem maior sobre nosso corpo, sobre nossas sensações e sobre o mundo que nos cerca. E o que aconteceria se conseguíssemos descobrir uma maneira de usar 40%? Ou 100%? Neste caso, responde o professor, já estaríamos entrando no mundo da ficção científica.

E a partir dessa fala, o filme começa a se desviar, de fato, para o gênero da ficção científica, com Lucy controlando mentes, objetos, enxergando o que mais ninguém vê, dominando todos os personagens do filme e todos os espectadores na plateia.

Daí por diante, as duas histórias vão então se cruzar, já que é ao professor Norman que Lucy vai pedir socorro. E não vão faltar sequências cheias de ação e movimento, com muitos tiros e muito sangue derramado. Além de cenas pra lá de surreais e psicodélicas, referências a filmes marcantes na história do cinema, como o famoso 2001 – Uma odisseia no espaço (1968), de Stanley Kubrick, ou ao A Arvore da Vida (2011), de Terrence Malick. A maior viagem!

Mas por trás dessa história de desmantelamento de uma poderosa rede de tráfico de drogas, em sua essência, Lucy levanta questões bem mais filosóficas: a que leva tanto conhecimento? Será que precisamos de fato explorar todo o potencial de nosso cérebro? Controlar mentes, ler pensamentos, enxergar o invisível… de que maneira isso nos faz agir de forma diferente dos animais-animais? Qual o preço a pagar? Vale a pena? Para que serve essa corrida desenfreada rumo à informação total, ao domínio de tudo e de todos, se no final, o que conta mesmo na vida é o que conservamos de mais primitivo dentro de nós: nossos sentimentos. Essa é nossa verdadeira riqueza, nossa essência, é o que nos constitui de fato, é quem realmente somos, desde sempre, desde os primórdios, desde a primeira Lucy, fóssil de Australopithecus afarensis encontrado há 3,5 milhões de anos e que fará duas aparições no filme de Besson.

É ver para crer!

Um filme PRA SE DIVERTIR e PRA PENSAR.

 

 

 

As férias acabaram…

•agosto 11, 2014 • Leave a Comment

Depois de um longo período desconectada do mundo das críticas, retomo hoje os trabalhos, reabrindo a temporada de cinefilia com uma listinha de filmes assistidos nessas férias de inverno.

7691654284_be91bd0402_zA maioria é formada por filmes bem despretensiosos, PRA SE DISTRAIR, assistidos, na maior parte das vezes, na companhia de meus filhos adolescentes (ação, ficção científica, comédia e animação). Obviamente não o Ultimo Tango em Paris (1972), que é bem pesado e denso para “les ados”. Há alguns, no entanto, como o primeiro (1), o décimo (10), o décimo primeiro (11) e o décimo quarto (14), que são filmes mais sérios – PRA PENSAR – com diálogos bem bolados, inteligentes, histórias capazes de nos levarem a traçar paralelos entre o que vemos na tela e a vida ao nosso redor.

A lista é bem eclética, havendo um pouquinho para vários gostos!

1. Eu, Mamãe e os Meninos (2013) ****

Título original: Les Garçons et Guillaume, à table!

Origem: França / Bélgica

Diretor: Guillaume Gallienne

Roteiro: Guillaume Gallienne e Claude Mathieu

Com: Guillaume Gallienne, André Marcon, Françoise Fabien

PRA PENSAR

 

2. As Aventuras de Peabody & Sherman (2014) **

Título original: Mr Peabody & Sherman

Origem: EUA

Diretor: Rob Minkoff

Roteiro: Jay Ward, Craig Wright,

Com as vozes de: Ty Burrell, Max Charles , Stephen Colbert

PRA SE DISTRAIR (animação)

 

32 Francos, 40 Pesetas (2014) **

Título original: 2 Francos, 40 Pesetas

Origem: Espanha

Diretor: Carlos Iglesias

Roteiro: Carlos Iglesias

Com: Anahí Beholi, Isabel Blanco, Nieve de Medina, Carlos Iglesias

PRA SE DISTRAIR

 

4. Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) ***

Título original: Dawn of the Planet of the Apes

Origem: EUA

Diretor: Matt Reeves

Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa, Amanda Silver

Com: Gary Oldman, Keri Russell, Jason Clarke, Andy Serkis, Toby Kebbell

PRA SE DISTRAIR

 

5. Divergente (2014) ****

Título original: Divergent

Origem: EUA

Diretor: Neil Burger

Roteiro: Evan Daugherty, Vanessa Taylor, Veronica Roth (livro)

Com: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet, Zoë Kravitz, Ashley Judd

PRA SE DISTRAIR

 

6. Guerra Mundial Z (2013) **

Título original: World War Z

Origem: EUA

Diretor: Marc Foster

Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard, Damon Lindelof, J. Michael Straczynski, Max Brooks (livro)

Com: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz, David Morse

PRA SE DISTRAIR

 

7. Amigos Inseparáveis (2012) ***

Título original: Stand Up Guys

Origem: EUA

Diretor: Fisher Stevens

Roteiro: Noah Haidle

Com: Al Pacino, Christopher Walken, Alan Arkin, Julianna Margulies

PRA SE DISTRAIR

 

8. Noé (2014) ***

Título original: Noé

Origem: EUA

Diretor: Darren Aronofsky

Roteiro: Darren Aronofsky

Com: Russell Crowe, Jennifer Connelly, Anthony Hopkins, Emma Watson, Logan Lerman, Ray Winstone

PRA SE DISTRAIR

 

9. Um Crime de Mestre (2007) ***

Título original: Fracture

Origem: EUA / Alemanha

Diretor: Gregory Hoblit

Roteiro: Daniel Pyne

Com: Anthony Hopkins, Ryan Gosling, David Strathairn, Rosamund Pike, Embeth Davidtz

PRA SE DISTRAIR

 

10. As Confissões de Schmidt (2002) ****

Título original: About Schmidt

Origem: EUA

Diretor: Alexander Payne

Roteiro: Louis Begley (livro), Alexander Payne, Jim Taylor

Com: Jack Nicholson, Kathy Bates, Hope Davis, Dermot Mulroney

PRA PENSAR

 

11. A Partida (2008) *****

Título original: Okuribito

Origem: Japão

Diretor: Yôjirô Takita

Roteiro: Kundô Koyama

Com: Masahiro Motoki, Ryôko Hirosue, Tsutomu Yamazaki, Kazuko Yoshiyuki

PRA PENSAR

 

12. Rio 2 (2014) ***

Título original: Rio 2

Origem: EUA

Diretor: Carlos Saldanha

Roteiro: Don Rhymer, Carlos Saldanha, Jenny Bicks, Yoni Brenner, Carlos Kotkin

Com as vozes de : Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Jake T. Austin, Rodrigo Santoro, Carlinhos Brown, Bruno Mars

PRA SE DISTRAIR (animação)

 

13. Cine Holliudy (2012) ***

Título original: Cine Holliudy

Origem: Brasil

Diretor: Halder Gomes

Roteiro: Halder Gomes

Com: Edmilson Filho, Jesuíta Barbosa, Miriam Freeland, Roberto Bomtempo, Falcão

PRA SE DISTRAIR e PRA PENSAR

 

14. Ultimo Tango em Paris (1972) ***

Título original: Ultimo Tango a Parigi

Origem: Itália / França

Diretor: Bernardo Bertolucci

Roteiro: Bernardo Bertolucci, Franco Arcalli

Com: Marlon Brando, Maria Schneider, Maria Michi, Jean-Pierre Léaud, Veronica Lazar

PRA PENSAR

 

15. Forrest Gump, o Contador de Histórias (1994) – sempre bom rever ****

Título original: Forrest Gump

Origem: EUA

Diretor: Robert Zemeckis

Roteiro: Winston Groom (livro), Eric Roth

Com: Tom Hanks, Robin Wright, Sally Field, Gary Sinise, Mykelti Williamson

PRA SE DISTRAIR

 

Até breve! Bons filmes!

 

Deux jours, une nuit (2014)

•maio 24, 2014 • 1 Comment

Veja aqui o trailer!

Título original: Deux jours, une nuit

Origem: Bélgica / Itália / França   25498-deux-jours-une-nuit-film-des-freres-500x0-2

Diretor: Irmãos Dardenne (Jean-Pierre e Luc)

Roteiro: Irmãos Dardenne

Com: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione, Catherine Salée, Baptiste Sornin

Em uma Europa mergulhada em séria crise financeira, abrir mão de um bônus de 1000 euros não é decisão fácil. Mesmo que isto implique na não-demissão de uma colega de trabalho.

Concorrendo à Palma de Ouro em Cannes, o novo filme dos Irmãos Dardenne joga justamente no ar (e, de certa forma, na nossa cara), de maneira simples, comovente, realista e não moralista, a seguinte pergunta: Se você fizesse parte de uma classe operária, vivesse uma situação financeira complicada – dívidas a pagar, uma única renda na família, fizesse bicos para sobreviver, etc. – você seria capaz de abrir mão de um dinheiro extra no fim do mês para, assim, salvar o emprego de um colega?

O filme se passa na Bélgica – terra dos irmãos-diretores – e conta a história de Sandra (Marion Cotillard), mulher casada, mãe de duas crianças, recém saída de uma crise de depressão, período este em que esteve afastada de seu trabalho em uma pequena empresa de placas de energia solar. Às vésperas de voltar à ativa, ela fica sabendo, por meio de uma colega, que estaria sendo demitida após votação feita entre os 16 funcionários da empresa, em que estes tiveram que escolher entre a demissão da colega depressiva e um bônus de 1000 euros no fim do mês.

A frase pode ter soado cruel aos seus ouvidos, ou rude aos seus olhos, mas é justamente esse sentimento que o filme provoca. Como é que os dirigentes de uma empresa têm a coragem de colocar seus funcionários – gente simples, que rala para sobreviver dignamente – numa sinuca de bico dessas, jogando em suas mãos a responsabilidade de uma decisão de tamanha envergadura? Ainda mais quando todos sabem que ela precisa tanto daquele emprego como qualquer um deles.

Diante de uma nova votação dali a dois dias, pleiteada pela mesma amiga que a informou sobre a demissão, e incentivada pelo seu marido e grande companheiro Manu (Fabrizio Rongione), Sandra vai iniciar assim o seu périplo em busca da salvação. Ela tem exatamente dois dias, uma noite (e uma depressão) para vencer, convencendo seus colegas (pelo menos a metade + 1) a mudarem o voto. Assim, juntando todas as forças que não tem, ela vai batendo de porta em porta, mendigando por sua manutenção. O pior é que ela tem total consciência do que representam aqueles 1000 euros para cada um deles!

Deux jours, une nuit é uma verdadeira montanha russa de emoções, que tem como fio condutor os altos e baixos da própria protagonista, mulher forte e frágil ao mesmo tempo; bonita e feia, dependendo do angulo; pequena ou grande, de acordo com a situação; personagem humana, real, como qualquer um de nós. Filme ensolarado – mesmo que todo rodado em uma Bélgica normalmente não tão exuberante de sol – de estética simples, naturalista, quase feia (lembro aqui da famosa Estética da Fome de Glauber Rocha), mas que tem a grande beleza de não julgar. De não colocar cada personagem em uma categoria, de não nos fazer odiar aqueles que, à força da necessidade, optam pelo bônus. De não ser maniqueísta, tendencioso, mascarado, mas apenas honesto, real, limpo.

Filmado com uma câmera inquieta (na mão), que segue bem de perto a personagem, e seguindo uma tendência naturalista, a música é praticamente ausente do filme, os sons da rua e da vida constituindo sua verdadeira trilha sonora. No entanto há dois momentos bem pontuais, em duas cenas dentro do carro, em que a letra das canções ouvidas no rádio se encaixam perfeitamente à situação vivida por Sandra, atuando quase que como sua fala. Uma fala entalada que precisa de ajuda para sair de dentro da garganta e dos pulmões.

Antes de concluir é preciso dizer que Marion Cotillard – que concorre, aliás, ao prêmio de melhor atriz em Cannes – está absolutamente divina neste papel, mostrando ao mundo inteiro que nem só de grandes produções vive uma estrela. Em uma atuação precisa, que combina com maestria a fragilidade de uma pessoa que sofre de depressão e a força de uma mulher-mãe consciente da necessidade de continuar lutando, Cotillard arrasa. De cara limpa, cabelos desgrenhados, jeans e camisetinha regata, ela é gigante, encantando-nos, entristece-nos, emudecendo-nos… Ficamos, do lado de cá da tela torcendo pelo seu sucesso, tentando enviar-lhe nossa força, nossa coragem, empurrando-a para que consiga dar mais um passo, para que consiga se erguer a cada tombo, que se regale com suas conquistas, que não desista nunca. (Não consigo deixar de pensar em Nemo (2003) e no seu tão marcante “Continue a nadar, continua a nadar!”)

Um filme PRA PENSAR.

 

Grace: a Princesa de Mônaco (2014)

•maio 16, 2014 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Grace of Monaco  movies-grace-of-monaco-poster

Origem: França / EUA / Bélgica / Itália

Diretor: Olivier Dahan

Roteiro: Arash Amel

Com: Nicole Kidman, Tim Roth, Frank Langella, Paz Vega, Parker Posey

Grace de Mônaco abriu o Festival de Cannes nessa última quarta feira causando muita polêmica. O seleto público composto por artistas, críticos e alguns convidados vips se dividiu entre as vaias e os aplausos.

Eu, que, infelizmente, não fui convidada para subir as escadarias da La Croisette, e tive que me contentar em ir assistir ao filme numa sala de cinema vazia, confesso que gostei. Achei o filme lindo, glamoroso, envolvente e cheio de sacadas só possíveis para um olho verdadeiramente apaixonado por cinema (iluminação especial para a estrela – como aquela usada nos anos 50 – movimentos de câmera coreografados, ensaiados, compondo quase uma dança, transições bonitas, split screen, trilha sofisticada, etc.).

No entanto, fazendo também justiça à crítica especializada, tenho que admitir que o filme é de fato um “conto de fadas” moderno, pouco realista, açucarado, apesar do enorme esforço do diretor em nos mostrar uma Grace Kelly humana, real, crível, e não saída diretamente de uma animação Disney ou de um livro de M. Delly.

Mas o que parece mais ter incomodado o público cannois – fora a rigidez das feições esticadas de Nicole Kidman – foi o fato de o filme não ter se atido aos fatos históricos, tendo, assim, de certa maneira, traído a realidade. Há coisas ali inventadas – como a presença de Charles de Gaulle no baile da Cruz Vermelha – coisas acrescentadas para fazer Grace Kelly ainda mais especial, mais perfeita (e com isso, tornar o filme ainda mais comercial, como reclamou a família Grimaldi). Não se trata, portanto, de um filme histórico, de um documentário e nem mesmo de um Biopic. Trata-se simplesmente de uma ficção baseada na realidade, o que, aliás, está explícito já bem no comecinho do filme, e que endossa o discurso de Olivier Dahan que se defende, alegando seu direito à liberdade artística.

Feitos todos esses comentários, passemos agora ao filme.

A primeira sequência – que é um belo plano-sequência – é simplesmente divina, digna dos bons e velhos tempos do cinema hollywoodiano. Com uma câmera que dança a nossa frente, levando-nos de uma tela (dentro da tela) para os estúdios de Hollywood. Lá, a câmera segue a Grace-atriz, que se despede da sua vida de estrela, andando pelo estúdio, sempre de costas, até parar em um espelho dentro do camarim, quando a vemos de frente pela primeira vez. Na verdade, ela ainda nos dá as costas, mas vemos sua imagem refletida no espelho. Uma imagem que ela também vê pela última vez, a da atriz Grace Kelly.

Desta sequência daremos um salto no tempo e já veremos Grace, a princesa. Sempre linda, com vestidos maravilhosos, em um cenário de sonhos, vivendo o seu conto de fadas nem tão cor de rosa assim. Ela agora já é mãe de dois filhos, e já se sente infeliz com sua condição de princesa-prisioneira. E para piorar sua angústia, Hitchcock lhe faz visita, oferecendo-lhe o papel principal no seu filme Marnie.

A partir daí, o filme vai retraçar as angústias vivida por Grace-mulher, dividida entre os seus diversos papéis: mãe, esposa, princesa e… atriz. Neste aspecto, acho que o filme foi muito feliz, apresentando diálogos bem interessantes, profundos e bonitos, sobretudo os que ela tem com o Padre Francis Tucker (Frank Langella), também americano, seu amigo e confidente. Essa parte do filme me fez pensar que, em nosso universo plebeu, também estamos sempre nos alternando entre papéis. Alguns divertidos, outros nem tanto; alguns que nos realizam, outros nem tanto; mas sempre papéis. A tal ponto que acabamos por não saber direito quem de fato somos ou qual desses papéis é o nosso “eu” verdadeiro.

Fora essa questão existencialista, outro ponto interessante do filme é o pano de fundo político. Estamos no começo dos anos 1960, época de Guerra na Argélia, e em plena crise franco-monaguesca (1962), em que o General Charles de Gaulle solicita a revisão do Tratado de 1918, que assegurava a independência do Principado. Partes da história que, confesso, desconhecia completamente e nas quais jamais havia imaginado a linda e perfeita atriz-princesa Grace Kelly sendo uma de suas personagens. E viva a ignorância! Aliás, até que ponto ela de fato interferiu e ajudou seu marido a contornar a crise, como aparece no filme, não dá para saber, já que, como bem salientou seu diretor, não se trata de uma obra presa a fatos históricos.

Aqui vale também um parêntese: o discurso da princesa no baile da Cruz Vermelha também é muito, mas muito açucarado, digno das mais doces comédias românticas, prato cheio para aqueles que apreciam o gênero.

Para concluir, a maior dificuldade que tive com o filme foi a de aceitar Nicole Kidman como Grace Kelly. Não consegui enxergar uma na outra. O tempo todo via Nicole Kidman. Só no finalzinho, quando ela usa aquele vestido branco com a faixa “real” vermelha – imagem marcante da princesa para mim – é que pude ver de longe Grace Kelly. Não sei explicar exatamente o porquê desta sensação. Ambas são lindas, louras, altas, magras. Mas a mágica não funcionou para mim. Espero que funcione para vocês!

 Um filme gostoso de se ver. PRA SE DISTRAIR.

Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013)

•abril 19, 2014 • 1 Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Saving Mr. Banks    savingmrbanks

Origem: EUA / Inglaterra / Austrália

Diretor: John Lee Hancock

Roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith

Com: Tom Hanks, Emma Thompson, Collin Farrel, Paul Giamatti, Annie Rose Buckley

O livro da australiana P.L. Travers – Mary Poppins – publicado em 1934 e transformado em fantasia por Walt Disney 30 anos depois, ganha agora seu filme-making-off, numa versão “spoonful of sugar”.

A crítica especializada (e intransigente) achou por bem espalhar que, como de costume, os estúdios Disney fizeram uma versão açucarada da realidade, afirmando que a história entre a autora do livro e o papa da animação americana não teria sido assim tão doce, tão colorida nem com um final tão feliz assim.

Não me espanta o feito. Não há nada de surpreendente em ver um filme Disney vendendo sonho e fantasia. Afinal de contas, não é esse o grande produto de Walt? Não foi assim com Branca de Neve e com uma porção de outros contos dos Irmãos Grimm? E qual é o pecado em pegar histórias interessantes, já consolidadas, e torna-las doces e palatáveis para o público infantil? Ou mesmo para adultos que vêem no cinema um refúgio da realidade.

Há cinemas e cinemas, do mesmo jeito que há gostos e gostos. Há filmes para pensar, para sofrer, para acordar, para chorar. Há gêneros, como os documentários, que têm compromisso com realidade. Mas há também outros que são feitos com o intuito de encantar, de seduzir, de nos fazer embarcar em aventuras, esquecendo por alguns instantes da nossa realidade.

Walt nos Bastidores de Mary Poppins é um deles. Um filme capaz de nos levar à Austrália do começo do século, à Los Angeles glamorosa de Wat Disney, e, acima de tudo, de nos fazer dar boas risadas, arrancando-nos, ainda, vez por outra, algumas lágrimas.

O filme relata a difícil e longa negociação entre Walt Disney (Tom Hanks) e P. L. Travers (uma excelente Emma Thompson) – direitos autorais, roteiro, atores, etc. – para fazer Mary Poppins sair dos papéis e ganhar as telas de cinema. Foram vinte anos aproximadamente de propostas recusadas até que, por questões de dificuldades financeiras, a australiana acaba se rendendo à Hollywood. O motivo de tanta insistência por parte do empresário – fora a questão business, é claro – é que o pai do Mickey tentava cumprir uma promessa que havia feito às suas filhas: transformar o livro preferido das meninas em filme, mesmo que para isso tivesse que levar toda uma vida.

O ritmo do filme é bom e alterna com equilíbrio passado e presente, por meio de flashbacks alaranjados de uma Austrália do começo do século, em contraste com imagens da Los Angeles em technicolor dos anos 1960.

A história, contada de forma “agridoce” pela equipe da Disney de hoje, segue a tradição do mestre e mistura momentos de humor com momentos de tristeza e nostalgia. A primeira parte é mais leve, predominando o contraste entre o humor britânico afiado e arrogante e o descontraído e simples “jeitão” americano. Enquanto que a segunda parte ganha um tom mais sério, mais pesado, mais reflexivo, podendo até arrancar algumas lágrimas dos espectadores mais sensíveis.

Walt nos Bastidores de Mary Poppins é um filme sensível, leve e encantador. Talvez uma versão açucarada da realidade… Mas que atire a primeira pedra quem não aprecia um pouco de doce e fantasia no gosto amargo de cada dia. Um filme PRA SE ENCANTAR e PRA SE DISTRAIR.

 

 

 

 

 

Her (2013)

•abril 10, 2014 • Leave a Comment

Veja o trailer aqui!

Título original: Her  HER

Origem: EUA

Diretor: Spike Jonze

Roteiro: Spike Jonze

Com: Joachin Phoenix, Amy Adams, Rooney Mara, Scarlett Johansson

Um conto pós-moderno. Uma crônica sobre a solidão.

Num futuro não muito distante, em que os carros ainda não voam, os alienígenas ainda não dominaram o planeta, mas os homens já perderam a capacidade de se relacionarem uns com os outros, o sensível e romântico Theodore (Joachin Phoenix) ganha a vida escrevendo (ditando) cartas em nome de outras pessoas.

Num cenário dominado por arranha-céus e névoas de poluição, a solidão parece aplacar a humanidade, ameaçando de extinção as relações humanas. Em meio às multidões que recobrem as grandes cidades, os indivíduos se cruzam mas não se olham, não se ouvem nem se falam. Preferem falar sozinhas ou com suas máquinas pessoais, espécies de super-secretárias-robôs-damas-de-companhia que  fazem de tudo um pouco, inclusive (e sobretudo) companhia.

Theodore, em pleno processo de divórcio, apaixona-se, então, por seu novo sistema operacional recém-lançado no mercado. Uma espécie de máquina inteligente – à la Hal 9000, de 2001 Uma odisseia  no espaço (1968), bem menos maquiavélica, claro –  que o conquista já no primeiro “encontro”. Com sua voz sexy (a voz de Scarlett Johansson) e calorosa, seu bom humor e sua eterna disponibilidade e capacidade de compreensão, ela representa para o romântico e solitário escritor de cartas o ouvido tão sonhado, a companheira idealizada, a forma perfeita de driblar a realidade.

Com um jogo bonito de cores quentes e de ambientes vazios (reparem nas quatro cadeiras sem mesa do apartamento de Theodore), a vida também vazia dessa cidade sem nome, vai passando de forma rotineira, confundido dia-a-dia realidade com virtualidade, relações concretas com relações idealizadas, sentimentos desbotados com sonhos cheios de cor.

A personagem de Amy Adams – que não por acaso se chama Amy – talvez represente a realidade que “mora ao lado”, mas que parece sempre tão distante e tão difícil de se enxergar nesse mundo pós-moderno, coberto por uma desbotada, mas espessa névoa tecnológica.

E curiosamente, em meio à tanta tecnologia e modernidade, o clima que paira em todo o filme é o da nostalgia, vide o figurino dos personagens, sempre vestidos com aquelas calças de cintura alta, ou o  próprio bigode de Theodore.  Uma espécie de tentativa inconsciente de resgatar uma época em que as pessoas ainda se olhavam nos olhos, apertavam as mãos umas das outras e que ainda precisavam de carne e osso para viverem seus relacionamentos.

Nesta nossa era dominada por dispositivos eletrônicos, o Her de Spike Jones traça uma bela reflexão sobre a direção que estamos tomando nos diversos tipos de relacionamento que compõem nossas vidas. Um filme PRA PENSAR.

Le Weekend (2013)

•março 22, 2014 • Leave a Comment

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Título original: Le Weekend   le_weekend_movie_poster

Origem: Inglaterra / França

Diretor: Roger Mitchell

Roteiro: Hanif Kureishi

Com: Lindsay Duncan, Jim Broadbent, Jeff Goldblum

O diretor do inesquecível Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) presenteia-nos mais uma vez com uma história romântica e deliciosa de assistir! A diferença é que agora os pombinhos não são assim tão jovens e o palco não é mais a Inglaterra de Hugh Grant.

Le Weekend conta a história de um casal de professores ingleses que decide passar um fim de semana em Paris para comemorar seus trinta anos de casados e, assim, tentar fazer renascer a relação. Meg (Lindsay Duncan) e Nick (Jim Broadbent) formam um casal comum de classe média britânica, parte de uma elite intelectual sem dinheiro que, após tantos anos juntos, acumulam rancores, dúvidas e, claro, algumas (muitas?) alegrias. Após tantos anos já não sabem mais se estão juntos por amor ou comodismo? Foram felizes? São felizes? Realizaram seus sonhos? Têm ainda algum sonho? O que aconteceu-lhes após a saída dos filhos ?

Narrado de maneira simples e clássica, sem flashbacks, flashforwards ou grandes elipses, Le Weekend é um filme divertido (ah, o afiado humor inglês!), sensível, que alterna momentos sérios e delicados com outros bem leves e despretensiosos.

Não há grandes novidades estilísticas nem temáticas. Mesmo assim, o filme agrada por seus lindos planos da cidade-luz (Torre Eiffel, Montmartre, Museu Rodin, etc.) e por seus diálogos inteligentes e realistas. Para quem está (ou já esteve) casado há muito tempo, não há como não se identificar com uma porção de situações vividas e discutidas pelo casal. Sem falar na questão da idade e do envelhecer, assunto aliás em voga no cinema – haja visto a quantidade de filmes recentes que tratam do tema – e que é aqui trabalhado com elegância e equilíbrio, sem se deixar cair no exagero.

A cena em que Nick dança sozinho de madrugada no quarto do hotel, “curtindo” sua solidão e seu medo de envelhecer, enquanto sua mulher dorme, ignorando solenemente seu ainda vivo apetite sexual, é emblemática dessa angústia causada pelo passar do tempo.   Ele de cueca, camiseta, meias e fone de ouvidos, ao som de um Bob Dylan que pergunta: “How does it feel to be without a home like a complete unknown. Like a rolling stone?” Excelente! Ou, ainda, quando ele assiste pela televisão ao filme de Godard – Bande à part (1964) – e que ele arrisca alguns passos da famosa dança no bar, relembrando com nostalgia seus tempos de “anarquista de esquerda”… Cena aliás reproduzida no final, numa linda homenagem ao mestre da Nouvelle Vague.

Há, no entanto, vez por outra, alguns estereótipos cristalizados em cenas-clichês que poderiam ter sido evitadas, como a de Nick forçando uma amizade com o filho adolescente de seu colega de faculdade, o bem sucedido americano Morgan (Jeff Goldblum), uma espécie de filósofo-pop, escritor de best-sellers, que o inglês reencontra por acaso nas ruas de Paris.

Por outro lado, podemos enxergar nesse reencontro uma reflexão interessante sobre os desdobramentos e as reviravoltas que a vida às vezes dá. Morgan, na época de faculdade, via Nick como seu mentor, um colega que tinha conhecimento superior ao seu e como alguém que lhe abriu as portas do mundo acadêmico e da vida adulta. Por uma “ironia do destino”, o ídolo-Nick ficou estagnado em sua carreira e em sua região, enquanto que o não-tão-brilhante Morgan enriqueceu, ganhou projeção internacional, tendo vários livros publicados. Uma espécie de espelho que faz o professor olhar para sua própria trajetória e se dar conta de seus fracassos, de suas não-conquistas e também de alguns pequenos sucessos.

Le Weekend é, na verdade, uma sucessão desses olhares para trás na busca de um enxergar lá na frente. Um belo exercício de análise das conquistas e derrotas do passado, com o intuito de aprendermos a valorizar o presente e, assim, conseguirmos enxergar esperança no futuro.

Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA PENSAR.

 
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