Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013)
Título original: Saving Mr. Banks
Origem: EUA / Inglaterra / Austrália
Diretor: John Lee Hancock
Roteiro: Kelly Marcel, Sue Smith
Com: Tom Hanks, Emma Thompson, Collin Farrel, Paul Giamatti, Annie Rose Buckley
O livro da australiana P.L. Travers – Mary Poppins – publicado em 1934 e transformado em fantasia por Walt Disney 30 anos depois, ganha agora seu filme-making-off, numa versão “spoonful of sugar”.
A crítica especializada (e intransigente) achou por bem espalhar que, como de costume, os estúdios Disney fizeram uma versão açucarada da realidade, afirmando que a história entre a autora do livro e o papa da animação americana não teria sido assim tão doce, tão colorida nem com um final tão feliz assim.
Não me espanta o feito. Não há nada de surpreendente em ver um filme Disney vendendo sonho e fantasia. Afinal de contas, não é esse o grande produto de Walt? Não foi assim com Branca de Neve e com uma porção de outros contos dos Irmãos Grimm? E qual é o pecado em pegar histórias interessantes, já consolidadas, e torna-las doces e palatáveis para o público infantil? Ou mesmo para adultos que vêem no cinema um refúgio da realidade.
Há cinemas e cinemas, do mesmo jeito que há gostos e gostos. Há filmes para pensar, para sofrer, para acordar, para chorar. Há gêneros, como os documentários, que têm compromisso com realidade. Mas há também outros que são feitos com o intuito de encantar, de seduzir, de nos fazer embarcar em aventuras, esquecendo por alguns instantes da nossa realidade.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins é um deles. Um filme capaz de nos levar à Austrália do começo do século, à Los Angeles glamorosa de Wat Disney, e, acima de tudo, de nos fazer dar boas risadas, arrancando-nos, ainda, vez por outra, algumas lágrimas.
O filme relata a difícil e longa negociação entre Walt Disney (Tom Hanks) e P. L. Travers (uma excelente Emma Thompson) – direitos autorais, roteiro, atores, etc. – para fazer Mary Poppins sair dos papéis e ganhar as telas de cinema. Foram vinte anos aproximadamente de propostas recusadas até que, por questões de dificuldades financeiras, a australiana acaba se rendendo à Hollywood. O motivo de tanta insistência por parte do empresário – fora a questão business, é claro – é que o pai do Mickey tentava cumprir uma promessa que havia feito às suas filhas: transformar o livro preferido das meninas em filme, mesmo que para isso tivesse que levar toda uma vida.
O ritmo do filme é bom e alterna com equilíbrio passado e presente, por meio de flashbacks alaranjados de uma Austrália do começo do século, em contraste com imagens da Los Angeles em technicolor dos anos 1960.
A história, contada de forma “agridoce” pela equipe da Disney de hoje, segue a tradição do mestre e mistura momentos de humor com momentos de tristeza e nostalgia. A primeira parte é mais leve, predominando o contraste entre o humor britânico afiado e arrogante e o descontraído e simples “jeitão” americano. Enquanto que a segunda parte ganha um tom mais sério, mais pesado, mais reflexivo, podendo até arrancar algumas lágrimas dos espectadores mais sensíveis.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins é um filme sensível, leve e encantador. Talvez uma versão açucarada da realidade… Mas que atire a primeira pedra quem não aprecia um pouco de doce e fantasia no gosto amargo de cada dia. Um filme PRA SE ENCANTAR e PRA SE DISTRAIR.
Olá Lilia,
Gostei da crítica. Acho isto mesmo, as pessoas pegam em defeitos de personalidade ( quem não os têm) para criticarem para criticarem a obra. Gostei do filme. Temos que ter algumas fantasias na vida. Afinal, Walt Disney preencheu nossas vidas de fantasia, e continua fazendo isto. Pena que aqui em Santos, ficou só uma semana.
João Cláudio
João Cláudio said this on abril 19, 2014 at 12:43 |