Para os fãs de Hitchcock…

•março 7, 2012 • Leave a Comment

Para os fãs de Hitchcock, aí vai uma sugestão de primeira linha:

The Lady Vanishes (1938). 

Um filme em preto e branco, que dosa suspense e humor na medida certa.

Com Margaret Lockwood e Michael Redgrave nos papéis principais, este foi o penúltimo filme realizado pelo grande mestre do suspense antes de sua mudança para Hollywood.

A história se passa praticamente toda em um trem, onde uma senhora simpática desaparece em meio as suas tantas portas, janelas, baús, entradas e saídas…. Muito bom!

PS. Existe também um remake realizado em 1979 por Anthony Page, com Elliott Gould, Cybill Shepherd e Angela Lansbury. Mas este ainda não vi…

Café de Flore (2011)

•março 4, 2012 • Leave a Comment

Título original: Café de Flore  

Origem: França / Canadá

Diretor: Jean-Marc Vallée

Roteiro: Jean-Marc Vallée

Com: Vanessa Paradis, Kevin Parent, Hélène Florent, Marin Gerrier

Uma história de amor. Ou melhor, várias histórias de amor! Um  filme tocante, denso, envolvente. Talvez um pouco longo demais!

Numa montagem paralela, o filme conta duas histórias distintas, que se passam em cidades, países e épocas diferentes. Uma delas se passa em Paris, nos anos 60, e relata a relação quase doentia de uma mãe – Jacqueline  (Vanessa Paradis) – e de um filho portador da Síndrome de Down – Laurent (Marin Gerrier). A outra se passa em 2011 em Montreal, no Canadá, e conta a história de um homem divorciado – Antoine Godin (Kevin Parent) – que, acreditando ter achado o amor da sua vida enquanto ainda criança, se surpreende ao ser arrebatado por um novo louco amor sem muita explicação pra acontecer.

As duas histórias – francesa e canadense – vão acontecendo paralelamente, numa espécie de quebra-cabeça, em que não entendemos bem – pelo menos no começo – o porquê de elas estarem sendo contadas simultaneamente ou como elas poderão se encaixar no enredo do filme. Até que devagarzinho tudo começa a fazer sentido. Vamos, então, entendendo quem é quem em cada história, vislumbrando as suas ligações e conseguindo enxergar os porquês de atitudes aparentemente sem explicação.

Esteticamente o filme é bem interessante, com uma diferença marcante entre as imagens da Paris dos anos 60 e a Montreal dos anos 2010…

A música, então, nem se fala. Aliás, ela é o ponto alto do filme, sendo ela a responsável pelos “raccords” (conexões) entre as cenas do filme. Aliás, algo que ainda não falei é que o personagem principal da história canadense é um DJ super bem conceituado. Um verdadeiro homem de sucesso! Assim, um bom mix de música eletrônica dá ao filme um toque de modernidade, ritmando sua montagem super entrecortada (como a própria mixagem da música eletrônica).

Vanessa Paradis está excelente no papel da mãe super protetora, amorosa, quase doente.  Nos faz até esquecer aquela menina que chegou ao Brasil anos atrás cantando Vou de Taxi

Café de Flore é bom e a montagem, interessante. Infelizmente, no entanto, dura um pouco mais do que deveria. As últimas sequências do filme, em que uma médium aparece na história, quebram todo o enquanto e o mistério que vem sendo pouco a pouco desvendado por nós, espectadores. Totalmente desnecessárias. Uma grande pena! Faltou uma mão mais firme na hora da edição, o que, de certa maneira, estragou o que poderia ser um ótimo filme.

Mesmo assim, ainda acredito que vale a pena ser assistido. Um filme pra se distrair, pensando…

Já que a França está na moda…

•março 1, 2012 • 1 Comment

Para os que gostam de comédia romântica – e ainda não viram – aí vai uma sugestão bem interessante:  Como arrasar um coração (2010). 

Um filme francês, dirigido por Pascal Chaumeil, com Vanessa Paradis e Romain Duris. Bem divertido, gostoso de se assistir e com um formato narrativo bem legal!

A Dama de Ferro (2011)

•fevereiro 28, 2012 • Leave a Comment

Título original: The Iron Lady  

Origem: Inglaterra

Diretor: Phyllida Lloyd

Roteiro: Abi Morgan

Com: Meryl Streep, Jim Broadbent, Richard E. Grant, Alexandra Roach

Meryl Streep é o filme!!!!!

Desculpem-me a empolgação… mas não posso me conter em não começar esta crítica por enaltecer a brilhante interpretação de Meryl Streep em A Dama de Ferro (2011)!

Isto feito, posso passar ao filme em si, que, aliás, não fica pra trás. É excelente, lindo, interessante, bem construído. Um pouco mais (ou talvez um pouco menos) do que uma bela biografia!

A maneira pela qual a diretora Phyllida Lloyd escolheu para contar a vida de Margareth Thatcher é também brilhante. A história começa com a Dama de Ferro já idosa, viúva e de saúde frágil. Pouco a pouco, sua memória e seus fantasmas vão nos revelando – pelo ponto de vista da própria Thatcher – momentos de grande importância em sua vida. Momentos estes que vão, pouco a pouco, sendo alinhavados, costurados e transformados em sua interessantíssima biografia.

O viés é, no entanto, mais intimista e pessoal do que político. Não se trata de uma análise dos feitos e desfeitos da única Primeira Ministra mulher da Grã-Bretanha, mas, principalmente, de uma reflexão sobre a vida de Margareth Roberts que, na pele de Margareth Thatcher, lutou com todas as suas forças para fazer alguma diferença no mundo. E, não julgando seus erros e acertos, podemos afirmar que SIM, ela conseguiu.

A Dama de Ferro é de uma delicadeza e de uma beleza raras aos Biopics (filmes biográficos) em geral. A própria textura do filme é diferente. Mais próxima daquela usada no passado, com um granulado que dá um certo charme nostálgico à obra. O ritmo mais lento da narração também auxilia na criação dessa atmosfera delicada, suave e “azuladamente” feminina. Nós, espectadores, temos, assim, tempo suficiente para observarmos as reações de Thatcher  (brilhantemente transmitidas pela magnífica interpretação de Meryl Streep), para tentar ler seus pensamentos, medos, angústias e dúvidas na hora das grandes decisões de sua vida. Os primeiros planos, também bastante utilizados por Phyllida, servem igualmente para nos aproximar da Primeira Ministra, da mulher e da mãe (ausente) que foi Thatcher. Paira, assim, em todo o filme, um certo ar intimista, o qual se contrapõe, de certa forma, à figura pública, dura e distante da Dama de Ferro que estamos acostumados a ver. Como se de repente, a chegada da velhice e a perda do poder tivessem criado uma brecha para nos aproximarmos dessa grande dama.

Fora isso, vale ainda ressaltar que, assim como em outro lindo Biopic lançado também em 2011 e de título bem semelhante – The Lady (2011), cuja crítica pode ser lida neste mesmo site – o papel dos maridos, aparentemente coadjuvante, é, por certo, fundamental. A fidelidade, o amor e a lealdade desses homens é de uma beleza tamanha que me fazem até pensar naquele antigo ditado que prega que por trás de todo grande homem há uma grande mulher… Só que, obviamente, ao revés, em que diríamos: por trás (ou ao lado) dessas duas grandes mulheres existiram dois grandes homens, que ajudaram-nas a tornar possível o sonho de fazer a diferença neste mundão de meu Deus.

Muito mais do que apenas um filme biográfico (não desprezando esta categoria, claro), A Dama de Ferro é também um filme sobre poder, glória, conquistas, perdas, lutas, vaidade, superação, lealdade. Uma grande reflexão sobre o saber enxergar a hora de sair de cena, de deixar espaço para o novo; sobre a tomada e a perda do poder. Sem falar que é também uma bonita história de amor.

 Sem sombra de dúvidas, um filme imperdível! E Meryl Streep, uma fortíssima candidata ao Oscar de Melhor Atriz! Corram ao cinema!

Monsieur Lazhar (2011)

•fevereiro 19, 2012 • 2 Comments

Título original : Monsieur Lazhar   

Origem : Canadá

Diretor : Philippe Falardeau

Roteiro : Philippe Falardeau

Com : Mohamed Fellag, Sophie Nélisse, Émilien Néron

Baseado na peça Bachir Lazhar de Evelyne de la Chénelière, Monsieur Lazhar é um filme sensível, profundo, tocante, bonito e bom de se assistir!

A trama se passa em Québec, no Canadá, e conta a história de um imigrante argelino de meia idade – Sr. Lazhar (Mohamed Saïd Fellag) – que se apresenta para substituir uma jovem professora de Ensino Fundamental que decide dar fim a sua vida na sala de aula da escola.

 O Sr. Lazhar entra, assim, abruptamente na vida deste grupo de crianças (de 11, 12 anos), em um período extremamente delicado para elas, em que a maioria, ao se deparar pela primeira vez com a morte, tenta encontrar repostas, explicações e culpados para o acontecido. Cada um a sua maneira, naturalmente! Uns sofrendo mais, outros menos, mas todos de certa maneira “tocados” pelo sentimento de perda.

Enquanto isso, sem que as crianças nem ninguém mais saiba, o próprio professor Lazhar passa, ele também, por uma experiência semelhante de perda e de busca por respostas e culpados, vivendo um tão dolorido – ou ainda maior – período de luto. Se é que se pode falar em uma medida para a dor da perda de um ser querido…

Assim, sem que nenhuma das partes esteja plenamente consciente, elas vão se ajudando, uma funcionando como o porto seguro de que a outra precisa para atravessar este momento de tormenta.

Ao contrário do que se possa imaginar, portanto, Monsieur Lazhar não é mais um daqueles filmes que mostram um professor aparentemente  durão, que, não sendo aceito no princípio pela turma, consegue, por meio de seu método diferente, inovador e infalível, mudar o rumo de toda uma turma de alunos mal criados e violentos. Nada disso! A trama deste filme gira, na verdade, muito mais em torno de questões como morte, luto, culpa, abandono, compreensão, perdão, etc., do que em torno de metodologias de ensino ou de receitas infalíveis para “domar” alunos rebeldes.

Não que não haja também um certo olhar atento para o choque cultural entre as maneiras de ensinar no Québec da jovem professora Martine e na Argélia do “démodé” Professor Lazhar. Mas certamente não é este o tema central do filme.

Assim, fugindo do estilo Ao Mestre com Carinho (de 1967, e que, aliás, eu adoro e que marcou uma época, sem dúvida!), o filme de Philippe Falardeau não é uma obra de estereótipos, de papéis bem delineados e rígidos. Ao contrário, os personagens são todos bem plausíveis de “realidade”, com suas qualidades, defeitos, fortalezas e fraquezas nos sendo expostas plano a plano.

Monsieur Lazhar é, então, um filme que fala do ser humano como ele é: capaz de mentir, de sofrer, de se indignar, de amar, de perdoar, de perder, de se desesperar, de ir ao fundo do poço, de erguer a cabeça  e de continuar a viver.

Um filme que merece absolutamente figurar na lista dos nomeados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!

A Invenção de Hugo Cabret (2011)

•fevereiro 12, 2012 • Leave a Comment

Título original : Hugo      

Origem : EUA

Diretor : Martin Scorsese

Roteiro : John Logan, Brian Selznick

Com : Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Ben Kingsley

Pura magia! Puro sonho! Um filme que já nasceu com cara de clássico!

No fim de 2011, Scorsese resolveu dar uma de papai-noel, nos presenteando com um filme que é uma benção, um conto absolutamente mágico, cheio de encantos, fantasia e poesia!

Baseado no livro “A Invenção de Hugo Cabret”, de Brian Selznick, a história se passa na Paris dos anos 20, no período entre guerras. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que mora escondido na Estação de Montparnasse, cuidando para que o grande relógio dali nunca pare de funcionar. Como única companhia, ele mantem, em seu “quarto”, um antigo robô “sem vida”. Faltam-lhe peças e também uma misteriosa chave em forma de coração. O menino sonha em reavivar o robô para, assim, diminuir sua solidão.

Seguindo as instruções anotadas em uma caderneta, vez por outra Hugo pega escondido algumas peças de uma loja de consertos de brinquedos, localizada na própria Estação. O dono da loja – Sr. Georges (Ben Kingsley) – é um velho ranzinza que mantém um olho bem atento aos pequenos furtos do menino.

Assim, nessa busca quotidiana por dar vida ao robô, Hugo vai se metendo em pequenas encrencas e confusões, sendo sempre perseguido pelo guarda da Estação (interpretado por Sasha Baron Cohen) e por seu cão. Mas é também justamente por causa destas encrencas que ele vai conhecer Isabelle (Chloë Grace Moretz), uma órfã de alma aventureira, criada por seu padrinho, Sr. Georges. Juntos, os dois vão viver aventuras maravilhosas que os conduzirão a grandes descobertas, como à da verdadeira identidade do velho ranzinza. Mas deixo a vocês o prazer das descobertas…

Plasticamente falando, o filme é um deslumbre. A sequência do início, com um longo travelling na Estação, auxiliada pelo efeito 3D, é de cair o queixo! Fora os diversos planos em plongée ou contra-plongée total… Fantásticos! Paris no inverno está deslumbrante! A neve que cai em vários momentos do filme é tão real e tão mágica que temos, de fato, a sensação de estarmos lá com Hugo. Lindo, lindo, lindo! “Chapeau” para a maestria com que a 3D foi usada!

Tudo isso, sem falar na grande lição de história do cinema que é esse filme. Nele podemos ver trechos de clássicos da sétima arte, como filmes dos irmãos Lumières, de Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd… Show!

Finalmente, o filme é também, e principalmente, uma linda homenagem a este grande homem que foi Georges Méliès – o primeiro a enxergar a magia que o dispositivo cinema era capaz de gerar. O primeiro a entender  que o cinema podia ir muito além do registrar em imagens a realidade. O primeiro a ser capaz de oferecer sonhos por meio dos hoje tão aclamados (e utilizados) “efeitos especiais”.

Obrigada, Scorsese, por esta brilhante homenagem que Hugo Cabret presta ao Pai dos Efeitos Especiais, justamente neste momento em que vivemos uma transição tecnológica, com a era da película ficando para trás e a digital se impondo com força total.

Obrigada, Méliès, por ter-nos feito enxergar muito além da realidade. Por ter-nos feito acreditar no sonho do cinema como sonho.

Absolutamente imperdível!

Mais uma descoberta em solo helvético

•fevereiro 8, 2012 • Leave a Comment

Em minhas caminhadas semanais pelos vilarejos suíços, descobri mais uma grande personalidade do cinema mundial que escolheu viver por aqui seus últimos anos de vida: Sir Peter Ustinov. 

Grande ator, escritor, diretor e dramaturgo inglês, conhecido por brilhantes atuações, tais como Nero, em Quo Vadis (1951), Lentulus Batiatus, em Spartacus (1960), ou ainda pelo detetive Hercule Poirot, famoso personagem de Agatha Christie, em Morte sobre o Nilo (1978). Fora, é claro, por suas tantas peças e roteiros escritos ao longo do tempo.

A partir de 1969, embora ainda atuando e escrevendo roteiros, Sir Peter Ustinov passa a dedicar a maior parte de seu tempo a causas humanitárias, tornando-se, então, Embaixador da UNICEF.

Em 1980, ele se muda para Bursins, pequena cidade no cantão de Vaud, onde vai residir até a sua morte, em 2004. 

E é lá, no pequeno cemitério desta charmosa cidade, que Sir Peter Ustinov está enterrado.

Deixo aqui a sugestão da visita!

Carnage (2011)

•fevereiro 5, 2012 • Leave a Comment

Título original : Carnage    

Origem : França / Alemanha / Polonha / Espanha

Diretor : Roman Polanski

Roteiro : Yasmina Reza (baseado na peça “Le Dieu du Carnage”) e Roman Polanski

Com : Jodie Foster, Kate Winslet, Chistopher Waltz, John C. Reilly

 

Quase uma peça de teatro ! Uma senhora peça, diga-se de passagem!

Neste período de “exílio suíço”, o controverso Polanski já produziu dois filhos de boa estirpe: Ghost Writer (2010); e agora, Carnage (2011).

Esqueçamos o homem e concentremo-nos no artista!

Carnage é excelente, apesar da produção extremamente simples. O filme é baseado na peça de teatro “Le Dieu du Carnage”, de Yasmina Reza. O grande trunfo é, portanto, o belo roteiro (escrito a quatro mãos pelo próprio Polanski e por Yasmina Reza) e a fantástica atuação do quarteto de atores formado por Kate Winslet, Jodie Foster, Christopher Waltz e John C. Reilly.

Tirando a primeira e a última cenas, que são rodadas ao ar livre, em um grande plano geral,  em que mal conseguimos distinguir os rostos infantis que brincam (e brigam) em um parque, todo o resto do filme se passa entre as paredes do apartamento do casal Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly).

O filme conta a história de dois casais – o outro formado por Kate Winslet e Christopher Waltz – que se encontram para discutir a briga ocorrida entre seus filhos, da qual uma das crianças sai machucada. A questão toda gira, portanto, em torno da solução (e desfecho) que deve ser dada para o fato.

O encontro começa de maneira “civilizada”, com os quatro adultos tentando chegar a um acordo sobre como agir com relação às crianças, nos quesitos punição, perdão, lição tirada, etc. No entanto, à medida que o tempo passa, os nervos vão se esquentando neste ambiente huit-clos e as discussões acabam se estendendo a terrenos que vão muito além do real motivo que os reuniu ali. Quem é vítima, que é algoz? Quem é bom, quem é mau? Pouco a pouco as grandes hipocrisias de nossa sociedade pós-moderna vão tomando conta da discussão e do tempo que parece se dilatar, mal cabendo nas quatro paredes da sala de estar dos Longstreet.

Fazendo emergir – de maneira divertida – uma série de temas “cabeludos” que assombram nossas vidas de adultos, mas sem nunca chegar a exauri-los, o filme de Polanski nos relembra que, no grande palco da vida, estamos sempre nos revezando nos papéis de vítima e de agressor… E que atire a primeira pedra quem nunca foi o “bandido” de uma história!!!!

No fundo, no fundo, tenho a impressão de que Polanski quis, com este filme, passar uma mensagem ao mundo, sobretudo à sociedade norte-americana (EUA) que, tendo o expulsado de lá em função de um crime cometido, não foi capaz de expulsar junto uma série de outros crimes igualmente vergonhosos, que ficam escondidos debaixo de seu longo tapete de listras vermelhas e brancas, repleto de estrelinhas.

Caro cinéfilo, condene o homem se quiser (e achar que pode), mas por favor, libere o artista! Vá assistir ao filme. Garanto que vale a pena!

Et Si On Vivait Tous Ensemble? (2012)

•janeiro 29, 2012 • Leave a Comment

Título original : Et Si On Vivait Tous Ensemble ?  

Origem : França / Alemanha

Diretor : Stéphane Robelin

Roteiro : Stéphane Robelin

Com : Géraldine Chaplin, Jane Fonda, Pierre Richard, Claude Rich, Guy Bedos, Daniel Brühl

Descomplicado, doce, delicado, divertido, encantador ! É assim o último filme de Stéphane Robelin.

Quando as chatices da idade começam a incomodar um grupo de amigos de longa data – tornando-os novamente dependentes dos cuidados de terceiros – Jean (Guy Bedos) lança uma ideia aparentemente maluca: e se eles fossem morar todos juntos, sob o mesmo teto, cuidando uns dos outros?

Com esse pano de fundo, “Et Si On Vivait Tous Ensemble” nos expõe os problemas de uma sociedade que, vivendo cada vez mais tempo, envelhece sem saber como viver bem os últimos anos de vida.

Assim, por meio das vidas dos casais Jeanne (Jane Fonda) e Albert (Pierre Richard), Annie (Géraldine Chaplin) e Jean (Guy Bedos) e do fotógrafo solteirão Claude (Claude Rich), uma série de questões – tais como esquecimentos (ocasionados pelo mal de Alzheimer), diminuição de força física, a ausência dos filhos e netos,  solidão, sexualidade, perspectiva da morte iminente – vão pouco a pouco sendo levantadas e discutidas de maneira leve e divertida.

Sem grandes proezas estéticas, nem planos de tirar o fôlego, o filme é, porém, bonito, suave, encantador. Ele nos faz pensar sobre a velhice dos nossos e sobre a nossa própria, quer ela seja já uma realidade ou que esteja ainda alguns passos a nossa frente.

A trupe de atores “maduros” que compõe o filme já é responsável por nos oferecer um grande exemplo de como aproveitar bem a vida em sua terceira (quarta ou quinta) fase! Pierre Richard, ao interpretar um homem afetado pelo mal de Alzheimer dá um show! Jane Fonda, por sua vez, com seu francês impecável e sua beleza sem fim está um charme absoluto!

Torcendo para que o filme chegue logo às telas brasileiras, recomendo-o a todos que gostam de ir ao cinema buscando diversão com uma certa dose de reflexão!

Vá preparado para boas gargalhadas, mas também para algumas lágrimas!

Mon Pire Cauchemar (2011) x Crazy, Stupid, Love (2011)

•janeiro 25, 2012 • Leave a Comment

Tão parecidos, tão diferentes !

Duas comédias (românticas ?) lançadas no fim de 2011 me chamaram a atenção. Não tanto pela qualidade, devo confessar, mas sobretudo pelas semelhanças e diferenças.

Uma delas é uma produção francesa, “Mon pire cauchemar”, estrelada pelos bem conceituados André Dussollier – tão querido de Alain Resnais – e Isabelle Huppert. A outra é uma produção americana, “Amor a Toda Prova”, com a excelente atriz Julianne Moore e com o ator cômico Steve Carrel.

Coincidentemente os dois filmes contam a história de casais que, após longo tempo de relacionamento, resolvem se separar. Casais que, de repente, se dão conta de que a magia e o encanto do princípio já não existem mais. Em ambos os filmes, os personagens (ex-casais) se envolvem com outros parceiros, vivem novas experiências, e acabam com isso, involuntariamente, envolvendo e machucando os bem próximos – os filhos.

Até aí, muitas semelhanças. Vamos então às diferenças:

No filme francês, o casal tem apenas um filho, já que a mãe trabalha em uma galeria e é uma pessoa extremamente ocupada e eficiente, não tendo tempo a perder com outros assuntos.

No filme americano, o casal tem três filhos, ambos os pais trabalham, mas conseguem ainda ser pais participativos e presentes na vida das crianças: o eterno modelo da família americana “perfeita”.

Em ambos os filmes, as mães são chamadas à escola em virtude de problemas de comportamento dos filhos. A francesa por seu filho ter se envolvido com vendas de drogas ilícitas; a americana em virtude de seu filho ter feito uma análise um tanto quanto pessimista – e “fora do padrão” –  do livro The Scarlet Letter, se valendo de um punhado de palavrões, pra dizer que não acreditava no amor.

Os cenários, naturalmente, são bem diferentes. O francês exalando arte e glamour. O apartamento da família é lindo, super bem decorado, moderno, chique. O americano mais aconchegante, mais família, mais classe média, mais bagunçado…

As escolas das crianças são também bem diferentes. A americana é o famoso estereótipo das High Schools, com seus longos corredores cheios de lockers, exalando hormônios de uma sexualidade aparentemente excessiva.  A francesa é sóbria, conservadora, careta. Também estereotipada, mas certamente com  suas razões de ser.

Fora todas estas diferenças culturais, facilmente percebidas, há ainda as diferenças nas maneiras de pensar o cinema, de encontrar (ou não) soluções para os enredos.

Nos dois filmes,  ambos os casais se dão conta, após certo tempo de separação, de que não eram tão infelizes assim. Que a vida era feita de altos e baixos, mas que o somatório final ainda era positivo. Ainda valia a pena ficar junto. No entanto, os finais são bem diferentes. O americano, como sempre, tentando nos dar uma lição de moral, tentando nos fazer seguir o “bom” caminho. Já o francês, também seguindo sua tradição, não nos dá respostas certas, apenas nos mergulha em um mundo de reflexões,  no qual nos questionamos se há de fato “um” bom caminho.

Muito interessante assistir aos dois pra confrontar as semelhanças e as diferenças, e ainda por cima, poder dar boas risadas.

Mas não vá ao cinema esperando mais do que isto!

Mon Pire Cauchemar (2011) – ainda sem título no Brasil

Título original: Mon Pire Cauchemar

Origem: França / Bélgica

Diretor: Anne Fontaine

Roteiro: Anne Fontaine, Nicolas Mercier

Com: Isabelle Huppert, André Dussollier, Benoît Poelvoorde

Amor a Toda Prova (2011)

Título original: Crazy, Stupid, Love

Origem: EUA

Diretor: Glenn Ficarra, John Requa

Roteiro: Dan Fogelman

Com: Julianne Moore, Steve Carell, Ryan Gosling

 
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