All Is Lost (2013)

Veja o trailer aqui!

Título original: All is lost all-is-lost-movie-poster-featured

Origem: EUA

Diretor: J. C. Chandor

Roteiro: J. C. Chandor

Com: Robert Redford

Parece que o existencialismo e a economia de elenco são a nova onda das produções americanas, sejam elas saídas de grandes estúdios ou vindas diretamente de estúdios independentes, como é o caso de All is lost.

O fato é que, por enquanto, a coisa parece que está dando certo!

Depois de Gravidade, (leia o post aqui) que contava com um elenco super enxuto – basicamente George Clooney e Sandra Bullock, sendo que mais da metade do filme ficou por conta da atriz sozinha em cena – e colocava a protagonista diante de uma morte iminente, agora é a vez de Robert Redford tomar conta de todo um filme e deparar com seu fim.

A diferença é que no caso de All is lost, Redford não divide “o palco” com ninguém, em nenhum momento. Trata-se de um verdadeiro “one man show”! E o septuagenário de olhos azuis e pele bastante enrugada, dá conta do recado direitinho, presenteando-nos com uma interpretação sóbria, equilibrada, sem exageros, absolutamente excelente! E olha que nem com palavras ele conta para dividir a cena, já que o filme é totalmente isento de diálogos, exibindo apenas algumas pouquíssimas falas: uma carta lida no início, algumas tentativas de contato via rádio, dois gritos de socorro espremidos da garganta e alguns poucos palavrões cuspidos ao vento. Mais nada. A interpretação fica, assim, por conta das expressões faciais e do gestual do ator.

E para salientar essa mímica tão importante no filme, J. C. Chandor usa e abusa dos closes e do foco, deixando Redford bem próximo de nós, privilegiando assim uma ou outra parte de seu corpo com o foco. Fora isso, a trilha sonora discreta, bonita e bastante eficaz também tem papel fundamental na transmissão das emoções presentes nessa obra quase sem palavras.

Quanto à trama, impossível não pensar em Gravidade, já que o tema é exatamente o mesmo: a luta pela sobrevivência, carregada de reflexões existencialista provocadas pela iminência da morte.

A diferença é que, desta vez, o espaço foi substituído pelo oceano e os pensamentos do protagonista não foram compartilhados (em forma de palavras) com os espectadores. A imensidão, no entanto, é a mesma, e a angústia e o desespero que ela traz também.

All is lost conta a história de um homem maduro – personagem sem nome, que aparece nos créditos do filme como “our man” – que, passando uma temporada sozinho no mar (Oceano Índico), sofre um acidente. Seu veleiro bate em um container perdido por algum cargueiro e fica avariado, deixando entrar água por um buraco aberto durante a colisão.

A partir daí, uma série de intempéries vão fazer a vida do “nosso homem” balançar entre o lado de cá e o de lá…

Falando em balanço, em algumas cenas, a câmera mexe muito, gira, vira tudo de pernas pro ar, podendo dar um pouco de náuseas em alguns espectadores mais sensíveis!

Assim, entre lindos pores-do-sol e terríveis tempestades, entre mar sereno e tubarões famintos, esse personagem sem nome e sem história – não sabemos nada de seu passado nem das razões por ele estar ali sozinho naquele barco – vai lutando com todas as forças (física e mental) para continuar vivo. E nós, espectadores, acompanhamo-lo nesse desafio. Sofremos com ele, lutamos com ele e temos esperança por ele. “Our man” pode ser qualquer um de nós. E o filme pode ser uma grande metáfora da luta pela vida.

Os barcos de carga que passam por “nosso homem” e ignoram seu pedido de socorro na imensidão do oceano podem muito bem ser encarados, por exemplo, como “os grandes” que não são capazes de atrasar em nenhum segundo sua viagem para ajudar “os pequenos”… (Entendam isso como quiserem!)

E, curiosamente (ou não), o container que fura o veleiro do “nosso homem” é chinês, levando além-mar um cardume de sapatos idênticos, produzidos, muito provavelmente, às custas de terríveis condições de trabalho.

Seria uma crítica direta ao trabalho desumano a que estão submetidos esses chineses da classe operária ou simplesmente uma cutucada do tio Sam nesse gigante do oriente que teima em querer roubar o trono do todo-poderoso do ocidente? Ou será que estou vendo coisa onde não tem??!!!

Vale lembrar que em Gravidade, em um registro obviamente bem diferente, a China também tem “participação especial”, quer seja por meio da nave que Sandra Bullock usa no fim, quer seja pelo único contato que ela consegue com a Terra, via rádio, em que uma canção de ninar cantada em chinês lhe traz a paz para encarar a morte com serenidade.

Enfim, há muito o que pensar sobre este filme, muito o que tirar dali, muito o que refletir sobre a vida, sobre a morte e sobre a situação atual do mundo com seus tubarões gigantes lutando pelo poder.

All is lost, segundo filme de J. C. Chandor, não é um filme WOW como Gravidade, já que não conta com tantos efeitos especiais, nem com a tecnologia 3D, muito menos com o mesmo budget da última obra de Cuarón, não tendo, portanto, aquele jeitão de “simulador da Disney”. Mas, sem sombra de dúvidas, é um filme que acrescentaria à minha lista de melhores do ano de 2013.

Um filme PRA PENSAR. Absolutamente recomendado!

~ by Lilia Lustosa on dezembro 18, 2013.

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