Le Tableau (2011)
Título original : Le Tableau
Origem : França / Bélgica
Diretor : Jean-François Laguionie
Roteiro: Anik Le Ray
Com as vozes de : Jessica Monceau, Adrien Larmande, Thierry Jahn, Chloé Berthier,, Jean-François Laguionie
Mais uma vez neste 2011 a França nos presenteia com uma obra-prima do cinema. Um filme ousado, magnífico, um verdadeiro poema em forma de animação!
Depois de nos ter oferecido “The Artist” – filme mudo e preto e branco – no primeiro semestre, o cinema francês safra 2011 nos regala agora com “Le Tableau”: um filme de animação 2D que, sem usar a tecnologia como sua arma principal, dá um baile em muitos 3D’s que se prezam.
Embalado por uma música original magnífica (Pascal Le Pennec) e por um roteiro altamente filosófico e original, Jean-François Laguionie nos apresenta, neste fim de ano, um esplendoroso filme de arte. O filme todo é de uma originalidade e beleza capazes de provocar em nós, espectadores, o que o poeta francês Pierre Reverdy chamou um dia de “choc poétique”.
A história começa dentro de um quadro onde coabitam três categorias de personagens: os “Toupins” (os todo pintados), os “Pafinis” (não terminados) e os “Reufs” (os esboços). Os “Toupins” se sentem superiores por sua aparência finalizada e composta de diversas cores.
São eles, portanto, os que ditam as regras do quadro, sendo também os únicos a poderem adentrar o castelo, a frequentar os seus bailes e suas belas cores.
Na floresta escura que rodeia o castelo, pintada com cores mais frias e sombrias, vivem os “Pafinis” e os “Reufs”, os personagens marginalizados da “quadrociedade”.
Acontece, porém, que um “Toupin” – Ramo (Adrien Larmande) – vai se apaixonar por uma “Pafinie” – Claire (Chloé Bertier) – e começar a questionar o status-quo do quadro onde mora. Porque o fato de ser mais pintado ou menos pintado faz alguém superior a outrem? Quem disse isto? Baseado em quê?
E o líder dos “Toupins” tenta convencer a todos de que eles foram os escolhidos pelo Pintor. Eles são os eleitos do Artista, os “todo-pintados”, os que iriam compor o quadro em toda a sua plenitude e beleza! Para todo o sempre!
Assim, Ramo é preso por sua rebeldia. Mas consegue fugir e acaba sendo perseguido. Com a ajuda de Lola (Jessica Monceau) – uma “Pafini”- e de Plume (Thierry Jahn) – um “Reuf”- eles rompem as fronteiras do quadro, na tentativa de encontrar o Pintor, único ser capaz de reestabelecer a ordem e a igualdade no quadro. Eles acreditam que uma vez todos pintados, a paz irá reinar por aquelas bandas.
Começa aí então uma aventura poética, em que os três representantes da “quadrociedade” vão percorrer diversos quadros em busca de seu Autor.
A ideia toda do filme é linda. Os diálogos são super inteligentes, profundos e filosóficos! A questão da relação entre um Autor e sua Obra é muito presente! Fora é, claro, toda a questão divina de criação, de igualdade das raças, etc, etc, etc. Menção especial ao diálogo entre Lola e o “Autoportrait” do Artista – que é, aliás, interpretado pelo próprio Laguionie). Magnifique!
Quanto à estética do filme, seus planos são pinturas lindas, fauvistas, expressionistas… lindas homenagens a Matisse, a Gauguin, a Picasso e a diversos artistas do mundo moderno!
Um filme imperdível para todos os que apreciam as artes plásticas, a música, a poesia, a filosofia e a beleza!
Otimo site, recomendado pela Prof.Clelia. Gostei mesmo! Mostrando filmes estrangeiros, que passam muito longe de nossas telas, mas, seria mui interessante lembrar alguns bons que já passaram por aqui (Brasil) Enfim, parabens!!
Enos Feitosa said this on dezembro 28, 2011 at 03:02 |
Enos, obrigada pelo comentário! Reconheço que há muito pouco sobre filme brasileiro… Prometo incrementar em breve!
Lilia Lustosa said this on dezembro 30, 2011 at 17:58 |