Betibú (2014)

Título original: Betibú: crónica de un crimen

Origem: Argentina / Espanha

Direção: Miguel Cohan

Roteiro: Miguel Cohan, Ana Cohan, Claudia Piñeiro

Com: Mercedes Morán, Daniel Fanego, Alberto Ammann, José Coronado

Hoje escrevo sobre mais um filme argentino, na verdade, mais uma coprodução Argentina/Espanha. Desta vez, porém, um filme mais clássico em sua estética, ritmo e conteúdo, e que, talvez, agrade mais facilmente os olhares não tão acostumados ao filme de arte, mais lento e sem grandes ações.

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Betibú é um thriller que gira em torno da investigação de um assassinato. Ou de vários.

Baseado no livro homônimo de Claudia Piñeiro, o filme começa revelando-nos a morte de Pedro Chazarreta, empresário poderoso, que aparece morto em sua mansão localizada nos arredores de Buenos Aires, no condomínio de luxo La Maravillosa.

Com uma câmera-bailarina, dona de movimentos suaves e bem coreografados, e embalada pelo ritmo do jazz que sai do toca-discos do morto, o filme já abre com uma primeira sequência super elaborada, mostrando de cara seu estilo. Interessante notar que esses movimentos tão delicados e femininos contrastam, em princípio, com o tema mortuário e masculino do filme. Mas combinam perfeitamente com sua protagonista, Nurit Iscar (Mercedes Morán) – autora de policiais, afastada da escritura, depois de uma tentativa fracassada de escrever um romance. Ela será a encarregada de cobrir o assassinato para o jornal El Tribuno, dando-lhe assim um viès de ficção.

Mulher forte, inteligente e, ao mesmo tempo, feminina e sedutora, Nurit é também conhecida pelos mais íntimos como Betibú…

Para a cobertura deste assassinato misterioso, vão se juntar à escritora mais dois mosqueteiros: Jaime Brena (Daniel Fanego) e Mariano Saravia (Alberto Ammann). Brena é o mais experiente de todos e, não só cobriu a morte da esposa de Chazarreta, como foi também o último a entrevista-lo antes de sua morte. Já Mariano é o novato no mundo do jornalismo policial, recém chegado “do estrangeiro” onde fez seus estudos. Não tem muita experiência, mas tem aquela discreta arrogância (ou orgulho) tão comum na juventude que se acredita imbatível e que quer fazer tudo diferente. O filme vai, aliás, jogar o tempo todo como os contrastes entre os dois: o velho e o novo; a tecnologia e a tradição; a experiência e a ousadia; o intelectual e o popular; a teoria e a prática, a realidade e a ficção, e por aí vai. Algo bem clichê, por certo, mas que não perturba o bom andamento do filme.

Assim, sob o comando do ex-amante de Betibú, interpretado pelo ator espanhol José Coronado, os três mosqueteiros vão desenrolando esse novelo complicado de mortes sem autores, graças à união de seus “superpoderes”: a experiência, a ousadia e a imaginação.

Betibú é um filme leve – apesar do tema –  que prende do começo ao fim. Tem um ótimo ritmo e excelente trilha. Está muito mais para filme clássico hollywoodiano do que para cinema de arte europeu (para ficar dentro dos clichês). Mas, se olharmos atentamente, há aqui e ali, a marca da cinematografia argentina, que sabe tão bem misturar os dois estilos, produzindo filmes interessantes, fáceis de se assistir, mas que não menosprezam a inteligência do espectador.

O final pode até parecer um pouco confuso, já que explicitamente mistura realidade e ficção, e – como disseram os críticos por aqui – dá um pouco a impressão de que foi resolvido às pressas.  Mas para mim, é justamente esta confusão que dá a graça ao filme.

PRA SE DISTRAIR.

PS. Demorou muito para que “caísse a ficha” que Betibú era uma referência à Betty Boop, personagem de cartoon americano, criada nos anos 1930, e que justamente se mostrava uma moça à frente de seu tempo, independente, sem jamais perder o charme e a feminilidade. Nem mesmo a cena em que o jornalista Brena está em casa assistindo ao cartoon Betty Boop me fez enxergar a conexão. Muitas cenas depois é que tive o estalo… E o jazz tocado no filme, obviamente, ajudou, já que também tem tudo a ver com isso!

 

~ by Lilia Lustosa on setembro 1, 2015.

5 Responses to “Betibú (2014)”

  1. Lilia, coincido con la crítica, es para distraer, así como de la misma escritora Las viudas de los Jueves!! yo te la estoy pasando, pienso que te puede gustar.

    Y felicitaciones por el blog, que buena idea, te voy a ir leyendo!!!

    • Querida Ana, muchas gracias por tu palabras! Estoy muy contenta que el blog te ha gustado. Todavía no pude ver las películas que me enviaste. Disculpa! Pero lo haré pronto. Tengo ganas de ver todas…

  2. Que bueno leerte! Me encanta el blog, y me gustó mucho la crítica que hiciste, me lo pasó hoy el jefe:)

    Claudia Piñeiro también escribió Las viudas de los jueves y se hizo otra película, pasatista, ninguna gran obra de arte, pero para distraerse digamos, esa te la estoy pasando en breve.
    Y felicitaciones !!!

  3. O Pedrão mandou o link (o PC tinha “fundido” e o feed sumiu com o novo… Agora já “pesquei” e coloquei no devido lugar… 😉 ).
    Esse vai para a minha listinha. Se aparecer por terras brazucas, vou ver.
    Aliás, a coisa de um mês, teve o Festival de Cinema Latinoamericano e vi Muerte en Buenos Aires com o Chino Darín, filho do Darín. Gostei.
    Outro argentino que não consegui ver foi Insoladas, também feito em BAires.
    Será que algum deles já passou aí ?

    • Oi Andréa, desculpa pela demora em responder… estou super enrolada aqui com toda essa história de mudança! Sem ritmo e sem lugar ainda para trabalhar. Mas devagarinho as coisas vão se ajeitando. Que bom que você conseguiu resgatar o feed. Adoro seus comentários, sua sensibilidade e seu olhar. Infelizmente ainda não vi nenhum desses filmes de que vc falou. Estou ainda meio devagar. Espero em breve estabelecer um ritmo na minha vida e nas minhas críticas. Beijos

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