Promessas de Guerra (2015)

Título original: The Water Diviner

Origem: Austrália / Turquia / EUA

Direção: Russell Crowe

Roteiro: Andrew Knight, Andrew Anastasios

Com: Russell Crowe, Olga Kurylenko, Dylan Georgiades, Yilmaz Erdogan, Cem Ylmaz

No post da semana passada falei sobre um documentário que abordava o genocídio armênio até hoje não reconhecido pelos turcos. Agora é a vez de falarmos sobre um filme que mostra os turcos sendo mortos pelos ingleses, australianos e neozelandeses, e, de acordo com a “regra do jogo”, matando também seus oponentes.

Trata-se, desta feita, no entanto, de uma ficção (baseada no livro de mesmo nome – The Water Diviner – escrito por Andrew Anastasios e Dr. Meaghan Wilson-Anastasios), dirigida (pela primeira vez) e estrelada por Russell Crowe : Promessas de Guerra.

water-diviner-poster

O filme conta a história de Connor (interpretado pelo próprio Russell Crowe), um camponês australiano, pai de três rapazes, desaparecidos na I Guerra Mundial, na batalha de Gallipoli (Dardanelos), na Turquia. A fim de cumprir uma promessa feita à sua inconsolável esposa que sucumbe à dor da perda tripla, ele parte em busca dos corpos dos filhos, com o intuito de traze-los de volta para enterrá-los dignamente, em seu país. Começa aí então seu périplo em terra “inimiga” a fim de cumprir essa missão.

A estreia de Russell Crowe por detrás das câmeras mostra que o ator neozelandês (criado na Austrália) tem potencial para a carreira de diretor, apesar dos senões deste seu primeiro filme.

Esteticamente falando o Promessas de Guerra é impecável. Com uma fotografia lindíssima, assinada por Andrew Lesnie (que morreu em abril último, uma semana após o lançamento do filme nos Estados Unidos) o tom de terra, os closes na hora certa, os movimentos de câmera bem executados e os belíssimos planos gerais em plongée vertical, agradam bastante aos olhos.

A narrativa também é boa, com flashbacks intercalados, fáceis de entender e de acompanhar. O ritmo é bom, assim como são as atuações.

Os senões ficam, então, por conta da tentativa de “açucarar” a história para torna-la mais palatável, menos sofrida. Espécie de cacoete hollywoodiano que faz o filme perder um pouco a credibilidade. Realmente, não precisava. Para começar, o romance no meio desta história ficou perdido, meio forçado. Assim como as resoluções em geral do filme, que acontecem com muita facilidade, sendo simplistas demais. Perdoa-se muito facilmente, o inimigo vira melhor amigo logo após um gesto de humanidade, todos se comovem com as dores alheias… Uma maneira meio ingênua e utópica para colocar um fato histórico que marcou (e matou) tanta gente. Gostaria muito de acreditar nesses sentimentos e nessa facilidade de se conquistar a paz e de oferecer o perdão. Mas acho que fica um pouco artificial numa história baseada em fatos reais, fantasioso demais. O que acabada dando ao filme um quê de filme da Disney.

Mesmo assim, apesar dos clichês e das partes açucaradas, o filme consegue pintar um bom (mau) panorama de uma guerra, fazendo-nos refletir sobre seus horrores, suas ignorâncias, seus absurdos, suas incoerências e suas consequências. E, ao final, o que vemos é que não há mocinhos nem bandidos, não há bons nem maus. O que há são dois lados semelhantes, gente comum (pais, filhos, irmãos, tios, etc.) sendo obrigada a lutar, a matar, a se defender, a sobreviver por uma causa que muitas vezes desconhece. Total estupidez! E o resultado é sempre o mesmo: mortes, perdas, dores, sofrimentos, revoltas, traumas, infelicidades. Para os dois lados, mesmo para os que saem “vencedores”. E nesse quesito, o filme toca, emociona. E por isso vale a pena ser assistido!

PRA SE DISTRAIR e, dependendo do seu “lacrímetro”, PRA CHORAR.

PS. A imprensa internacional (tirando a turca) não gostou nadinha de o filme ignorar o genocídio armênio, que não é mencionado em nenhum momento nesta história.

 

~ by Lilia Lustosa on maio 3, 2015.

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