Magia ao Luar (2014)
Título original: Magic in the Moonlight
Origem: EUA
Diretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden, Simon McBurney
Depois de um bom tempo afastada dos filmes e das críticas, sem poder ir ao cinema em função do doutorado, volto a escrever hoje para fechar o ano de 2014.
O filme escolhido para esse encerramento é divertido, leve e mágico, como este período do ano. Um feel-good movie que nos enche de esperança, de paz, de alegria e, sobretudo, de fé na nossa capacidade (e possibilidade) de ser feliz.
O mais curioso desta história é que o autor do filme em questão é ninguém mais, ninguém menos do que Woody Allen. Diretor nova-iorquino conhecido por sua obra “intelectualizada”, excessivamente auto-reflexiva e, por isso mesmo, muitas vezes considerada chata por grande parte do público. Mas que, ao mesmo tempo, foi e é responsável pela formação de uma grande legião de fãs, que amam cada linha escrita (e muitas vezes interpretada) pelo mestre. Não sei se esse grupo anda muito satisfeito com o ídolo…
O fato é que seus últimos filmes (Meia-noite em Paris (2011), Para Roma com Amor (2012) e o excelente Blue Jasmine (2013), o mais complexo dos três ) têm sido cada vez mais descomplicados, leves e fáceis de entender, e nem por isso menos interessantes. Como se a idade estivesse lhe dando mais liberdade para ser menos racional, menos “intelectual”, podendo até mesmo se dar ao luxo de realizar filmes “água-com-açúcar”. A impressão que se tem é que, do alto de seus setenta e muitos anos, Woody Allen descobriu enfim que a vida pode ser mais simples, mais colorida e mais divertida do que ele sempre acreditou.
Assim, cedendo amplo espaço à magia, à fantasia e ao irracional, Woody Allen volta às telonas com Magia ao Luar. Um filme que trata exatamente de tudo isso que acabei de falar. Uma obra auto-reflexiva, em que seu autor coloca em imagens e sons (a trilha é deliciosa) sua nova maneira de enxergar o mundo.
O filme se passa no fim dos anos 20 na Europa e conta a história de Stanley (Colin Firth) , um mágico que se apresenta sob o codinome de Wei Ling Soo, e que é convocado por um amigo e colega de profissão, Howard (Simon McBurney, com visual e gestual muito semelhantes aos do próprio Woody Allen) para desmascarar Sophie (Emma Stone), uma suposta impostora que se diz médium. A doce e encantadora americana de classe média que com seus poderes sobrenaturais e sua beleza consegue seduzir o herdeiro de uma importante e rica família de empresários do sul da França.
Acontece que o extremamente racional e antipático Stanley também será seduzido pelos poderes de Sophie e verá, subitamente, toda sua maneira de enxergar a vida ser questionada.
A narração é linear e simples, sem recorrer a flashbacks, flashforwards ou nada que atrapalhe o bom entendimento da história. A fotografia é bonita, os cenários também, figurino lindo, mas tudo com um quê de artificialidade e de um pouco “forçação” de barra. Os personagens são caricatos e previsíveis, assim como o próprio enredo do filme. Como se tudo fosse propositalmente feito para entendermos desde o começo que se trata de uma história mágica, espécie de alegoria, ou de um romance cor de rosa, daqueles saídos diretamente dos livros de M. Delly.
Ainda que açucarado e cor de rosa, o filme vale a pena. Woody Allen termina por confirmar sua visão mais racional da vida, deixando, no entanto, a mensagem de que acreditar no “invisível” também tem seu valor. É um filme gostoso de ver, daqueles que nos fazem sair do cinema com uma sensação de que a vida vale a pena e que – parafraseando Gonzaguinha – não é preciso ter vergonha de ser feliz!
Feliz Natal a todos! Boas festas e bons filmes!
Concordo com vc em gênero e número a respeito dos personagens. Também senti a mesma coisa: caricatos e previsíveis.
Andréa Assis said this on dezembro 19, 2014 at 23:38 |