12 Anos de Escravidão (2013)

Veja o trailer aqui!

Título original: 12 Years a Slave  12-years-a-slave

Origem: EUA / Inglaterra

Diretor: Steve McQueen

Roteiro: John Ridley, Solomon Northup (livro)

Com: Chiwetel Ejiofor, Lupita Nyong’o, Michael Fassbender, Paul Dano, Brad Pitt, Sarah Paulson

Preparem os lenços! 12 Anos de Escravidão é de chorar. De chorar muito… Choro de revolta, de dor, de tristeza, de culpa e de vergonha de fazer parte de uma sociedade tão preconceituosa e ignorante.

E o pior é saber que a história aconteceu de verdade, que é real. Que outros homens e mulheres tiveram o mesmo destino e que tantos outros continuam até hoje a sofrer horrores de mesma estirpe.

O filme é baseado no livro 12 Years a Slave: Narrative of Solomon Northup, escrito pelo próprio protagonista e publicado em 1855.

A história se passa no norte dos Estados Unidos, no século 19, no período pré-guerra de Secessão, e conta a história de Solomon Northup, um negro nascido livre, que ganhava sua vida como músico, sustentando sua família com dignidade e tendo o respeito dos homens brancos da região.

A família Northup levava uma vida feliz e digna no estado de Nova Iorque, até o dia em que Solomon cai numa cilada. Convidado para participar de uma turnê de duas semanas em Washington DC,  ele é embriagado, raptado e vendido como escravo para fazendeiros do sul do país. Roubam-lhe todos os documentos, mudam-lhe a identidade e o violonista se torna Platt, escravo fugido da Georgia.

A partir daí veremos uma enxurrada de violências, de injustiças, de horrores por meio de planos longos, enquadrados por uma câmera estática que pacientemente vai nos mostrando, com um realismo inquietante, cenas de cortar o coração e de nos encher de revolta e vergonha. E Steven McQueen não nos poupa de nenhum detalhe. Ao contrário, mostra-nos, muitas vezes, em close mesmo, o rosto de dos personagens sendo torturados, ou das feridas indecentes que vão sendo abertas em seus corpos.

Ao contrário de Django Livre – que tratava do mesmo tema de escravidão e injustiças, apoiando-se na paródia e no humor – 12 Anos de Escravidão adota um tom mais sério, mais realístico, mais sisudo, o que faz a coisa toda ficar ainda mais pesada e mais dura de olhar. Os diálogos não são tão irreverentes nem irônicos quanto os do filme de Tarantino, mas são igualmente profundos e denunciadores de uma sociedade doente.

Com relação à estrutura narrativa, o filme de McQueen é bem mais acadêmico e convencional, optando por flashbacks que se intercalam com as cenas do presente, para assim nos contar a história. Os planos são bonitos, bem estudados, equilibrados e, de certa maneira, clássicos. As transições entre as sequências são muitas vezes feitas por meio de elementos da natureza – campos de algodão, mangues, céu, lagos, barcos, etc. – o que não é lá tão moderno, mas que acabam por obter um resultado bem bonito e interessante.

A trilha assinada por Hans Zimmer é absolutamente fantástica e contribui muito para  dar o tom de seriedade e de tragédia do filme. A cena em que Solomon/Platt se junta ao coro dos escravos, no enterro de um deles, é de arrepiar!

Quanto ao jogo de cena, o destaque vai para Chiwetel Ejiofor no papel de Solomon Northup, e para a estreante  Lupita Nyong’o, linda mulher que dá um show no papel da escrava preferida do Senhor Epps (aliás um Michael Fassbender impecável). Ambos são responsáveis por bons metros cúbicos de lágrimas derramadas…

Vencedor do Golden Globe de Melhor Filme (Drama) e com 9 indicações ao Oscar deste ano, o filme é certamente um forte candidato. Apenas duas razões pelas quais não daria a 12 Anos de Escravidão a estatueta de melhor filme:

1) Ritmo – Entendo e concordo que 12 anos de escravidão para quem vivia em liberdade (ou para qualquer pessoa) devem ter demorado muito tempo mesmo para passar, e concordo igualmente que uma das maneiras de passar isso para os espectadores seja justamente o ritmo lento da narração, mas, ainda assim, acho que o filme poderia ter se desenvolvido de forma mais dinâmica, mais ágil. Tive a sensação, vez por outra, que a história enganchava, que enrolava, que as coisas poderiam ter sido ditas e resolvidas um pouquinho mais rápido.

2) Final – A última sequência é extremamente escolar, tradicional, démodée e estraga o filme. Não, não precisávamos ver aquilo. A cena que antecede à última sequência era perfeita (e linda!) para encerrar essa história de dor e luta pela vida. Uma pena que Steven McQueen tenha deixado passar essa! Pisada de bola !

Um filme PRA PENSAR e PRA CHORAR.

~ by Lilia Lustosa on fevereiro 9, 2014.

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