20 Ans d’Écart (2013)
Título original: 20 Ans d’Écart
Diretor: David Moreau
Roteiro: Amro Hamzawi
Com: Virginie Efira, Pierre Niney, Gilles Cohen, Amélie Glenn, Charles Berling
Uma comédia romântica à la française, deliciosa de assistir!
Parece que os franceses pegaram mesmo gosto pela coisa (ou pelo gênero) e lançam mais uma comédia romântica de primeiro nível, leve, despretensiosa, inteligente e muito gostosa de assistir!
A trama do filme não é exatamente original, mas nem por isso perde seu charme. Trata-se da história de amor entre um rapaz de 19 anos e uma mulher de 38.
Ela, Alice Lantins (Virginie Efira) é uma executiva, editora-chefe de Rebelle, revista destinada ao público feminino. Workahoolic assumida, ela é divorciada, tem uma filha pré-adolescente e não tem tempo para romances sem futuro. Ele, Balthazar (Pierre Niney), é um jovem estudante de arquitetura, morando ainda com o pai (Charles Berling), também divorciado e mais infantil do que o próprio filho. O jovem aspirante de arquiteto se locomove pela cidade em uma scooter rosa com adesivo da Hello Kitty, comprada pelo E-bay. Em sua defesa, ele alega que a foto era em P&B e escondia o adesivo da gatinha que também se aproxima dos 40 anos de idade.
Os dois se conhecem no vôo Rio-Paris. Ela voltando de uma viagem de trabalho – em que foi em busca do amarelo Brésil – e ele, voltando de uma viagem de mochilão pelo nosso país maravilhoso.
Por uma trapaça do destino, os dois acabam sentando lado a lado na classe executiva. Ela, obviamente, trabalha durante o vôo. Ele, diverte-se com as mordomias da classe a que foi promovido. De repente, uma forte turbulência une os dois seres de realidades tão distintas. Na hora da saída, ela, com muita pressa, acaba deixando para trás sua pen-drive. Excelente pretexto para o rapaz que ficou impressionado pelo charme da balzaquiana!
A executiva foge do menino como quem foge da cruz até descobrir que pode ser ele a chave para sua manutenção no cargo de editora-chefe, de uma hora pra outra ameaçado pela chegada de uma jovem canadense de espírito rebelde.
Ela vai, então, usar o pobre rapaz como estratégia para sua carreira. Ele, que nada desconfia, é extremamente educado, inteligente, apaixonado, romântico, um verdadeiro gentleman à moda antiga. E, sem que ela se dê conta, Balthazar vai, pouco a pouco, fazer a madura (e dura) Alice reencontrar o prazer do presente, o prazer das pequenas coisas da vida, o Carpe Diem.
A história vai, então, se desenrolar, embalada por uma atuação dinâmica, cheia de charme e sensualidade dos dois protagonistas. E por diálogos bem escritos, bem equilibrados, com o humor na medida certa. Nada de exageros ou piadinhas de mau gosto.
Fora o romance, há ainda em 20 Ans d’Écart algumas críticas sociais atuais e pertinentes, tais como o perigo potencial das redes sociais, das fotos que ali são irresponsavelmente postadas e que, muitas vezes, espalham rápido como praga uma imagem errada da situação.
Ou ainda a questão sexista em que se entende como normal e aceitável homens maduros com mulheres jovens (bem mais jovens), enquanto que a situação inversa ainda é vista como escandalosa.
Sem falar na representação da indústria da moda – esse universo vaidoso e competitivo em que “os fins justificam os meios” – numa espécie de paródia elegante a O Diabo Veste Prada (2006), com direito a um desfile de vários de seus estereótipos (ou não?!).
20 Ans d’Écart é assim um filme divertido, bem ritmado e faz com que nós, mulheres à beira dos 40 nos, sintamo-nos poderosas e ainda (ou mais do que nunca) super atraentes!
Os senões do filme ficam por conta das imagens redutoras de um Brasil estereotipado: o país do string (fio dental) e o país dos transexuais. Triste! Fora isso, é divertido ver Pierre Niney tentando falar português, ver as cenas no aeroporto do Rio, com as placas em português (e inglês) e algumas poucas imagens da Cidade Maravilhosa, vistas pela janela do taxi! Foi só um pouquinho, mas para quem está longe como eu, já valeu!
Um filme PRA SE DISTRAIR.