Detona Ralph (2012)
Título original: Wreck-It Ralph
Origem: EUA
Diretor: Rich Moore
Roteiro: Rich Moore, Phil Johnston, Jim Reardon, Jennifer Lee
Com as vozes de: John C. Reilly, Sarah Silverman, Jack McBrayer, Jane Lynch
Tenho que admitir que fui assistir a este filme sem muito entusiasmo! Deveria ter lembrado de que, hoje em dia, nenhuma animação Disney é lançada sem receber antes o aval de John Lasseter, o mago da Pixar, hoje diretor artístico da Disney Toons Studios.
Embora seja apaixonada por filmes de animação, não sou lá grande fã de jogos eletrônicos. E, como a trama de Detona Ralph é justamente sobre os ditos jogos, achei que o resultado seria um pouco chato. Agradável engano!
O filme de Rich Moore é inteligente, criativo e simplesmente delicioso de se assistir!
A história – numa mistura de Toy Story, Mostros SA e Noite no Museu – conta um pouco sobre a “vida real” dos personagens de jogos eletrônicos, levando-nos a conhecer o que acontece do outro lado da tela que separa usuários-humanos de atores-eletrônicos depois que termina o expediente na “loja de fliperamas”.
O personagem principal é Ralph (na voz de John C. Reilly), vilão de Conserta Félix, um jogo que comemora seus 30 anos de existência. Sua função é quebrar cada pedacinho de um prédio residencial, para que, em seguida, tudo seja rapidamente consertado por Félix Jr (Jack McBrayer) – o grande herói do jogo – e que, por seu bom desempenho, recebe, como recompensa, uma medalha de ouro.
Acontece que o grandão-quebrador-de-tudo já está cansado de ser sempre o malvado da história. De nunca ser recompensado pelo seu trabalho duro. De ser tão solitário. De nunca poder, após sua longa jornada de trabalho, participar da vida social de seu jogo. E o clímax de seu sofrimento foi perceber que nem mesmo da festa de comemoração de 30 anos do jogo em que ele é peça fundamental ele pôde participar!
Assim, com o objetivo de ser aceito pela comunidade do Conserta Félix, o grandalhão Ralph vai sair de seu mundinho de cores primárias pixelizadas e vai percorrer outros jogos eletrônicos em busca de uma medalha que comprove pelo menos um ato de heroísmo e de bondade.
É dada, assim, a partida para uma história repleta de diálogos inteligentes, bem escritos, divertidos, em que personagens de jogos novos se encontram com personagens de jogos antigos, em que a alta definição se confronta com os pixelizados personagens do passado.
Para as crianças ou adolescentes dos anos 80 Detona Ralph é uma pérola! Apesar de muitos jogos terem sido inventados especificamente para esse filme, muitas lembranças vão vir à tona e vão trazer aquele gostinho de infância de volta, enchendo a sala de nostalgia
Bem ritmado e bem acompanhado por uma trilha que mistura a música eletrônica de hoje com a disco dos anos 80, Detona Ralph é também um trabalho estético super interessante e cuidadoso que mistura tipos diferentes de animação. Para cada jogo, uma estética apropriada ao seu ano de criação. Para cada personagem, um estilo diferente.
Mas nessa história, todos – pixelizados e altamente definidos – vão se encontrar em um jogo de corrida, cujo cenário lembra A Fantástica Fábrica de Chocolate e seus personagens de olhos enormes parecem saídos de animações japonesas. Um contraste para personagens como Ralph, vindo de um mundo anguloso, de cores primárias e grandes pixels aparentes, ou ainda para a Sargento Calhoun (Jane Lynch), acostumada a um mundo escuro, violento e altamente definido.
Detona Ralph é, assim, uma homenagem aos jogos de todos os tempos, aos fliperamas, aos Ataris, a Nintendo, etc. Um filme que, por meio da diversão, levanta questões sobre as nossas diferenças e sobre o papel importante que cada um de nós desempenha em nossa família, comunidade, sociedade.
Super divertido, o último filhote Disney faz a gente esquecer o tempo lá fora e voltar a ser criança. Mesmo para quem não é assim tão fã de jogos eletrônicos como eu…
Um filme encantador PRA SE DIVERTIR em família.
PS. Importantíssimo dizer que meu “agradável engano” já começou pela surpresa de uma também tradição Pixar, adotada desta feita pela Disney: a exibição do curta de animação Paperman (2012), de John Karhs, antes de passarmos ao longa. Puro encantamento!