Frankenweenie (2012)

Veja o trailer aqui!

Título original: Frankenweenie

Origem: EUA

Diretor: Tim Burton

Roteiro: Tim Burton, Leonard Ripps

Com as vozes de: Winona Ryder, Catherine O’Hara, Martin Short, Charlie Tahan

Frankenweenie é um filme sobre a vida e a morte, sobre ressurreição. Uma verdadeira obra de renascimento. Um reencontro de um Tim Burton maduro e experiente com sua poética, com seu passado, com suas raízes e com sua própria vida.

Trata-se de um remake de um curta-metragem de mesmo título, feito no início de sua carreira, em 1984, e rejeitado pela própria Disney, que o julgou muito sombrio para o público infantil.

E o filme é sombrio sim, povoado de personagens feios, assustadores, no melhor estilo gótico “burtoniano”, mas é também um filme pleno de poesia, de encanto, de humor e de sentimentos humanos (e caninos) profundos e verdadeiros. Talvez o mesmo tipo de encantamento despertado seus Edward Mãos de Tesoura (1990) e Peixe Grande e Suas Maravilhosas Histórias (2003). Crítica no post do dia 8/11/2011.

Adaptação de uma obra feita com personagens de carne e osso para a animação em massinha, realizada pela técnica do stop-motion, aliada à tecnologia do 3D, Frankenweenie 2012 é composto por uma enxurrada de mis en abyme (filme dentro do filme), começando já pela primeira cena, em que  a família Frankenstein aparece assistindo, com seus óculos 3D, ao filme caseiro projetado pelo filho único Victor (Charlie Tahan).

A trama se passa na pequena cidade de New Holland e conta a história de Victor, um menino de inteligência acima do normal, introvertido, solitário, cujo melhor amigo é Sparky, seu fiel cachorrinho. A diversão favorita de Victor é realizar filmes com sua Super 8, usando seu sótão escuro como estúdio, e utilizando ninguém mais ninguém menos do que Sparky como personagem principal.

Seu pai (Martin Short), vendo o filho sempre trancado na escuridão e na solidão do sótão, preocupa-se com as saúdes mental e física do menino e tenta, por isso, incentivá-lo (ou chantageá-lo) a praticar esportes. Victor acaba se rendendo e aceita participar de um jogo de baseball. Assim, em uma jogada de sorte, ele acerta a bola e dá uma tacada para bem longe. Enquanto Victor corre para completar seu inesperado Home Run, Sparky toma a dianteira e acelera para pegar a bola, que sai do campo. O cachorrinho acaba, então, sendo atropelado e morre lá mesmo. Momento de profunda tristeza no filme.

Como era de se esperar, Victor fica inconsolável, sem vontade de viver, mas é obrigado por seus pais a continuar suas atividades normalmente. Na aula de ciências, então, iluminado pelos ensinamentos do sombrio professor Rzykruski (Martin Landau), ele tem uma ideia brilhante: vai ressuscitar seu melhor amigo Sparky.

E é a partir deste mote que o filme vai se desenvolver, numa alusão explícita ao Frankenstein de Mary Shelley, com o homem brincando de criador e perdendo posteriormente o controle sobre a criatura.

A versão de 2012 mantém o preto e branco do original, acrescenta uma série de personagens à história de base – tais como os colegas de classe, a vizinha agora interpretada por Winona Ryder e sua cachorrinha com penteado à la Noiva de Frankenstein (1935), e que só aparece numa das últimas cenas do curta -, e ainda apimenta o roteiro com uma feira de ciências na escola de Victor e com uma festa em homenagem à comunidade holandesa, que será palco para o clímax do filme.

Vale aqui um PS: No curta de 1984, a vizinha, que é loira e é a combinação de dois personagens da história de 2012 (vizinha + garota esquisita, dona de um gato mais esquisito ainda) é interpretada por Sophia Coppola. Vale a pena dar uma olhada. O curta é também muito bom! Talvez lhe falte apenas a poesia da versão atual.

Finalmente, Frankenweenie 2012 nos presenteia com uma porção de referências a clássicos de horror e de suspense do cinema mundial, pegando ainda carona na estética expressionista alemã, com seus contrastes bem marcados entre claro e escuro, seus enquadramentos enviesados, suas maquiagens carregadas, suas figuras alongadas e suas sombras projetadas na parede.

Impossível não pensar no Godzilla (1954), do diretor japonês Ishirô Honda, na hora em que a defunta tartaruga Shelley (também uma homenagem à criadora de Frankenstein), transformada em monstro, ataca a festa em homenagem ao Dia da Holanda. Ou ainda nos Gremlins (1984), de Joe Dante, ao vermos todos aqueles monstrinhos horrorosos, barulhentos e de dentes afiados, tentando atacar o casal Frankenstein, preso dentro da cabine telefônica. Genial!

Frankenweenie é, enfim, um bem sucedido pastiche do cinema de terror / suspense mundial, com toques de poesia e que, sem sombra de dúvidas, veio para virar um cult para cinéfilos do mundo inteiro.

Um filme PRA SE DISTRAIR e PRA SE ENCANTAR. Super recomendado!

Atenção: Os bem pequenos podem se assustar com a monstruosidade dos personagens!


~ by Lilia Lustosa on novembro 4, 2012.

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