O Palhaço (2011)

Veja o trailer aqui!

Título original: O Palhaço   

Origem: Brasil

Diretor: Selton Mello

Roteiro: Selton Mello, Marcelo Vindicato

Com: Selton Mello,  Paulo José, Moacyr Franco

Bonito, divertido, sensível e cheio de simbolismos, o último filme de Selton Mello conta a história de um  homem em busca de sua identidade e é mais um bom exemplo da boa fase que atravessa o cinema brasileiro.

A história se passa no interior do Brasil, em mundo de gente simples, banhado de verde e vermelho. Lá, nesse universo bucólico e naïf, circula o Circo Esperança, lar dos palhaços Pangaré (Selton Mello)  e Puro-Sangue (Paulo José).

Pangaré ou Benjamim é um palhaço triste, que vive um momento de crise existencial, não tendo certeza de que esta seja sua verdadeira vocação. No entanto, como filho de palhaço, ele não conhece nenhuma outra realidade. Nasceu ali, cresceu ali e tudo em sua vida gira em torno do circo. Depois de anos fazendo os outros rirem, ele começa a desconfiar que não é este o seu chamado. Acaba entrando, então, em uma onda de depressão e de tristeza por achar que a felicidade se encontra em algum lugar fora do picadeiro e da lona de circo.  Assim, um belo (ou feio) dia, depois de uma crise profunda de tristeza, já sem forças para continuar a sorrir e a fazer rir, Pangaré / Benjamin tem a permissão e mesmo o incentivo de seu pai para partir em busca de seu verdadeiro eu.

O filme é todo trabalhado com filtros verde e vermelho e com elementos das mesmas cores. Da bicicleta vermelha do homem que vende o mapa da Venezuela – e que contrasta com o verde da vegetação –  até os chapéus vermelho e verde do palhaço pai e do palhaço filho, o filme inteiro vai sendo colorido com estas duas cores, permitindo-nos fazer uma porção de interpretações… O verde pode significar a esperança – que é também o nome do circo –, o vermelho, uma das cores símbolos do circo, pode simbolizar a realidade da dura vida do circo. O verde pode ser também um “siga em frente”, “corra atrás dos seus sonhos”. Aliás sonho que também pode ser interpretado pela figura do ventilador, espécie de obsessão de Benjamim. Uma imagem que aparece já logo no início e que significa um sonho, uma meta, um objetivo a ser atingido. Um símbolo de independência, de identidade, de felicidade, um objeto capaz de levar embora todos os problemas.

Pontuado por planos frontais, com personagens falando diretamente para câmera e para o espectador, O Palhaço apresenta, em várias cenas, o formato do cinema “dos primeiros tempos”. O jogo de cena meio artificial dos personagens também colabora para dar esse toque retrô à estética do filme. Os cenários são propositadamente artificiais, super coloridos, sempre obedecendo ao jogo verde/vermelho já mencionado, talvez relacionado a um daltonismo que troca as cores, que faz enxergar uma realidade no lugar de outra. Um estilo que faz lembrar um pouco o do diretor Wes Andersen do atual Moonrise Kingdom (leia a crítica aqui no post do dia 3/6). E que também parece homenagear o grande Charles Chaplin, que mesclava tão bem o riso e a lágrima e que encantava o mundo com  sua figura do trapalhão simples que fazia todos rirem, mas que acabava sempre solitário e triste. Aqui cabe um PS:  A cena de Benjamim indo embora de casa é uma homenagem explícita a Carlitos. Prestem atenção à sombra formada no chão na hora em que ele parte. Lindo!

O Palhaço de Selton Mello é, sem dúvida um filme de várias qualidades, mas que peca por uma simbologia muito explícita e excessiva. Como se fosse um poema composto por muitíssimas metáforas! Mas nem por isso deixa de ser bonito e gostoso de assistir!

Um filme para assistir em família, PRA SE DISTRAIR e PRA PENSAR um pouco.

~ by Lilia Lustosa on setembro 2, 2012.

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