Moonrise Kingdom (2012)
Título original: Moonrise Kingdom
Origem: EUA
Diretor: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Roman Coppola
Com: Bruce Willis, Bill Murray, Edward Norton, Jared Gilman, Kara Hayward
Curioso, leve, divertido, caricato, ingênuo, belo… e encantadoramente original!
Original no roteiro, que conta uma história de amor entre dois pré-adolescentes rejeitados, Sam (Jared Gilman) e Susy (Kara Hayward), que, por se sentirem diferentes, deslocados, solitários e infelizes, decidem fugir de casa.
Original no cenário, bastante econômico, colorido, caricato, artificial.
Original no movimento de câmera, meio duro, meio mecânico, artificial, hora indo para o lado, em movimento horizontal, hora subindo verticalmente, como se pegasse um elevador ou como se seguisse a trilha do Pac-Man.
Original no jogo de cena artificial de seus atores. Nas cores des suas imagens.
Original ainda na escolha do narrador, um tipo de expert na geografia do lugar, vestido de duende, com jeitão de Wood Allen.
E maravilhoso na trilha sonora. A música Le Temps de l’Amour, da cantora francesa Françoise Hardy é divina e reflete com muito charme todo o espírito do filme. Encantadora!
Enfim, o filme que foi escolhido para abrir o 65° Festival de Cannes, é um conto quase-fantástico, que brinca o tempo todo com o real e com o artificial, com o possível e com o impossível. Uma história simples que se fantasia de surreal para tratar de questões sérias com a leveza de uma brincadeira de criança.
No seu “visual” tudo parece meio forçado, falso, caricato. Mas, no fundo, no fundo, no seu “não visual”, tudo é absolutamente sério e pra valer! A infelicidade dos dois pré-adolescentes – assim como a dos adultos que as cercam – está lá. E ela é tão real, legítima e profunda que nos atingem em cheio.
Moonrise Kingdoom mistura assim a ingenuidade e os sonhos da infância com as angústias e com a realidade da vida adulta, nos levando de volta a esta zona de turbulência que é a adolescência. A este meio-de-caminho rumo uma idealizada liberdade.
E assim, com o mais profundo respeito aos sentimentos da adolescência, Wes Anderson e Roman Coppola nos revelam os primeiros movimentos do amor de uma maneira inocente, bonita, divertida, delicada e séria. E acabam por nos fazerem enxergar que não devemos desprezar as infelicidades e as angústias de nossas crianças, pois elas são legítimas e reais, podendo ser ainda um reflexo da nossa própria infelicidade.
Super recomendado!
PS. Para os que apreciam música instrumental, recomendo que não saiam da sala antes do final…
[…] longa-metragem Rushmore (1998) até seu maior sucesso de bilheteria, Moonrise Kingdom (2012) – leia a crítica aqui, o diretor texano vem incorporando a cada filme novas técnicas cinematográficas e consolidando, […]
» The Grand Budapest Hotel (2014) Meu Olhar said this on março 16, 2014 at 18:13 |