J. Edgar (2011)
Origem: EUA
Diretor: Clint Eastwood
Roteiro: Dustin Lance Black
Com: Leonardo DiCaprio, Armie Hammer, Naomi Watts
Ano após ano Clint Eastwood vem se firmando como um grande diretor, que me perdoe meu fantástico professor Mr. Albéra a quem muito prezo e admiro! Mas foi assim com Além da Vida (2010), com Gran Torino (2008), Cartas de Iwo Jima (2006), Menina de Ouro (2004) e tantos outros.
Em 2011, com J. Edgar (2011) a coisa não é diferente. O filme é muito bom!
Ele conta a história de J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio), homem brilhante e controverso, que esteve a frente do FBI durante quase 50 anos, desde sua criação, deixando-o somente no dia de sua morte, em 1972. Sempre acompanhado por sua leal secretária Helen Gandy (Naomi Watts) e por seu adjunto, fiel escudeiro e amor Clyde Tolson (Armie Hammer).
Por meio de vários flash-backs que se alternam com cenas do presente (anos 70), Eastwood nos apresenta Edgar, já que Hoover é conhecido do público (americano): um homem solitário, inseguro, eternamente dependente da aprovação de uma mãe dominadora que, entre outras coisas, nunca lhe permitiu assumir sua homossexualidade. A história é narrada pelo próprio Edgar, que nos apresenta, assim, a sua versão dos fatos.
O filme é composto portanto de um insistente vai-e-vem, onde o trio DiCaprio-Watts-Hammer aparece jovem ou maduro, mudando de maquiagem e de tempo de uma cena para outra. O que se nota, no entanto, é que apesar das mudanças de tempo, no íntimo, nenhum deles muda com o passar dos anos. Continuam os mesmos obcecados pelo trabalho, sem vida pessoal, sem coragem para assumir seus desejos e vontades mais íntimas. Um bom exemplo disto é a cena do elevador, onde eles entram em uma época e saem em outra. O tempo passa, mas eles não mudam. A não ser pela maquiagem que os anos nos impõem a todos!
J. Edgar vai assim acontecendo quase na escuridão, o que ressalta ainda mais o lado Edgar da vida de Hoover. Um lado perdido, medroso, infantil, desprotegido, que contrasta com o homem público de sucesso que ele foi. Há momentos em que mal vemos DiCaprio, que, aliás dá um show de interpretação, apesar de ter perdido ontem o Globo de Ouro pra George Clooney por Os Descendentes (2011)!
O filme de Eastwood – que compõe também a trilha sonora – conta, finalmente, a história de um homem dividido entre a luz dos “holofotes” (do poder e da glória) e a escuridão da intimidade (da solidão, da insegurança, da impossibilidade de se entregar ao amor e da falta de escrúpulos). Uma vida marcada pelo peso da relação doentia com uma mãe que tanto sonhou, planejou e interferiu na vida do filho, que acabou sim por conseguir fazer dele um homem de sucesso, no entanto, alguém também de incompleto, sem paz e infeliz.
Eu recomendo!