O Artista (2011)

Título original: The Artist   

Dirigido por: Michel Hazanavicius

Escrito por: Michel Hazanavicius

Com: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman

Lindo, apaixonante, uma grande lição de história do cinema!

A trama de “The Artist” se passa no momento em que o cinema vive sua primeira grande revolução, passando de mudo a falado (fim dos anos 30). O filme conta a história de um artista de cinema mudo – George Valetin (Jean Dujardin) -, que se vê atropelado pela novidade dos “talkies”, que chegaram exigindo novas caras e, principalmente, novas vozes.

Entre estas novas caras surge a figurante Peppy Miller (Bérénice Bejo), que rapidamente se transformará na grande vedete do cinema falado.

O filme gira, então, em torno da ascensão de Peppy Miller e da simultânea decadência de George Valetin.

“The Artist” é um filme realizado com esmero, baseado em escolhas estéticas extremamente felizes, a começar pelo preto e branco, que retoma o glamour da Hollywood dos anos 30. Fora isso, o filme é mudo, o que nos leva a vivenciar a mesma experiência contada pelo filme.

Hazanavicius resgata, assim, o jeito antigo de fazer cinema, com seus excelentes enquadramentos, planos super bem pensados, contendo objetos repletos de significados, como na cena da escadaria do estúdio, quando Valetin e Peppy Miller se encontram. Ele descendo, após ter se demitido, e ela, subindo, logo após assinar o contrato com o mesmo estúdio. Uma cena fundamental que marca o início da subida de um e da descida do outro. Lindo, simples, inteligente, como na época do cinema mudo.

A atuação de Dujardin e de Bérénice Bejo também merece ser mencionada e aplaudida. Aliás, Dujardin recebeu o prêmio de melhor ator em Cannes neste ano. Merecido!

O filme de Hazanavicius é uma linda homenagem ao cinema em um momento em que a sétima arte vive mais uma grande revolução, deixando o filme em 35mm pelo digital. Várias cenas do filme podem, aliás, ser lidas como referências diretas (ou homenagens) a grandes diretores ou a grandes filmes da história. Destacando-se a cena dos cafés da manhã, intertexto ao inesquecível “Cidadão Kane (1941)” de Orson Welles, ou os closes à la Eisenstein, na hora em que ele começa a ter alucinações. Ou ainda ao próprio enredo de “Cantando na Chuva (1952)”, com Gene Kelly e Debbie Reynolds.

Um filme imperdível e indicado para todos os apaixonados por cinema! Crianças também são bem-vindas, mas talvez estranhem a falta de falas e de cores.

~ by Lilia Lustosa on novembro 20, 2011.

5 Responses to “O Artista (2011)”

  1. Primaa, assisti ontem e ameiiiii, filme perfeito. Realmente nos faz vivenciar a experiência do cinema mudo. É um filme tão fantástico que, para nós, da era dos “talkies”, quer dizer, pelo menos para mim, não é monótono, pelo contrário, é encantador, envolvente, uma grande lição. O que achei muito legal no seu comentário foi sobre a cena da escada, me senti quase uma mestre em cinema. Brincadeiras a parte, pensei na cena da mesma forma que você, enfim… Pode entrar na categoria dos para se encantar. Fantástico!!!

    • Gi, eu tinha certeza de que vc iria gostar! Esse filme é encantador!!!! Vc já viu “A Invenção de Hugo Cabret”? Se ainda não viu, não deixe de ver! Tb é mágico! Bjs e saudades

  2. Querida Lilia,
    assim como, as vezes, para ver melhor é preciso fechar os olhos, para que os olhos do coração se abram, também, as vezes é necessário fechar os ouvidos para que a alma escute.Talvez a ausência de cores e sons nos permita um novo olhar para os diferentes matizes das cores ocultas.
    Parabéns pelo site e pela critica.
    Saudades

    • Querido Renato, seu comentário é pura poesia! Que alma sensível essa sua! É isso aí, querido amigo. Obrigada por presentear meu site com seu olhar e com sua poesia!

  3. Pois é, diante de tantos comentários sensíveis e interessantes, ouso dizer que, embora não tenha conseguido assistir ontem ao final do filme no avião, devo dizer que até a parte que parei, ele estava magicamente retratando uma realidade que aflige muitos profissionais que ficam mudos com as vicissitudes do mundo do trabalho. As palavras podem muitas vezes ofuscar os sentimentos e os sofrimentos daqueles que são preteridos pelas circunstâncias do mercado, dos acertos políticos, do não-reconhecimento. Não vejo a hora de poder ver a cena da escada. Torço para que no voo de volta para casa, o filme ainda figure na lista.

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