Crimes Ocultos (2015)

Título original: Child 44

Origem: Inglaterra / EUA / República Tcheca / Romênia

Direção: Daniel Espinosa

Roteiro: Richard Price, Tom Rob Smith

Com: Tom Hardy, Noomi Rapace, Gary Oldman, Joel Kinnaman, Paddy Considine, Fares Fares

Baseado no primeiro livro (de uma trilogia) do britânico Tom Rob Smith, Child 44, publicado em 2008, Crimes Ocultos é um thriller que prende a atenção, apesar do roteiro um tanto quanto confuso.

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A história se passa na União Soviética – URSS de Stalin, no início dos anos 50, período de denúncias, de muitas mortes e de muitos mistérios. Lá, Leo Demidov (Tom Hardy), um órfão transformado em herói durante a II Guerra Mundial e agora agente da KGB, vai investigar a estranha morte do filho de seu amigo, também agente do serviço secreto soviético.

Ao levantar a hipótese de um assassinato, Demidov se transforma subitamente em uma ameaça ao Estado e é por isso exilado, junto com sua esposa Raisa (Noomi Rapace), acusada de traição. Os dois deixam então Moscou, e vão viver no interior, enquanto mais crianças continuam morrendo de forma misteriosa. Inconformado por, finalmente, entender a lógica do Estado Soviético, de abafar qualquer crime a fim de manter a imagem de “paraíso” – afinal de contas, para eles “não há crimes no paraíso” – Demidov vai se arriscar e tentar desvendar o mistério desses assassinatos.

Com uma câmera muito inquieta (em algumas cenas, exageradamente inquieta), cores escuras, excelente trilha e atuações maravilhosas por parte de todos, o filme de Daniel Espinosa poderia ser excelente. Porém, o roteiro confuso, não nos permite explorar ao fundo nenhuma das partes. Há, de um lado, toda a questão da repressão política em uma sociedade autoritária, em plena pós-guerra, que, por si só já é enorme; de outro lado, há a questão do serial killer, que também constitui um filme à parte. As duas juntas formam um todo interessante, sem dúvida, mas que acaba ficando demasiado complexo, pouco “acabado”. Há muita informação e muitos acontecimentos que não são bem desenvolvidos, não são aprofundados, uma questão atrapalhando, assim, a outra. O fato mesmo de o protagonista ser um órfão, vítima dos horrores da guerra, é explorado apenas no começo do filme, sendo depois deixado meio de lado.

De qualquer maneira, Crimes Ocultos vale pela tensão que gera e, sobretudo, por retratar a vida em um regime totalitário, em que a liberdade é algo muito mais distante do que um sonho. Não por acaso sua distribuição foi proibida na Rússia de Putin, que alegou tratar-se de uma versão distorcida da história da União Soviética. Interessante!

A crítica europeia, por sua vez, tem sido bem severa com o filme de Espinosa, dando-lhe baixa pontuação e poucas estrelas. Os que leram o livro também alegam que a adaptação à telona foi bem decepcionante, já que pouco se aprofundou no aspecto psicológico dos personagens. Como não li, não posso avaliar. Só sinto que de fato muita coisa ficou no ar, muitas sub-tramas que poderiam ter sido mais desenvolvidas, não foram, o que dificultou um pouco a conexão entre as partes. Como se ele quisesse contar uma história complexa em pouco tempo e muitos trechos tivessem que ser super resumidos ou eliminados, comprometendo um pouco a qualidade da narração.

Assim sendo, para quem gosta de filmes sobre serial killers, Crimes Ocultos talvez seja um pouco decepcionante. Assim como para quem gosta de filmes sobre guerras, regimes totalitários, política em geral, o filme também possa causar certa frustração. Porque ele não é nenhuma coisa nem outra. Está mais para um híbrido que serve como passatempo. Um angustiante passatempo.

No entanto, Crimes Ocultos prende, é tenso, angustiante, às vezes mesmo revoltante. O final é que é meio dispensável…

PRA SE DISTRAIR e PRA SE ANGUSTIAR

Estreia prevista no Brasil em 21 de maio.

~ by Lilia Lustosa on mai 14, 2015.

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