Direto do Festival de Annecy: Eun-Sil-Yee – The Dearest (2011)

The Dearest (2011)  

Título original: Eun-Sil-Yee

Origem: Coréia do Sul

Diretor: Sun-Ah Kim e Se-hee Park

Com as vozes de: Chae-Soo Kim, Hyo-Jung Han, Yoo-Jung Jung, Hyun-Jin Cho

O filme Eun-Sil-Yee – em competição no Festival de Annecy – é um filme de animação de uma dureza tamanha, que poucos adultos serão capazes de digerir!

Ele mostra a crueldade de uma sociedade pautada pela violência sexual doméstica, em que as mulheres não têm vez nem voz.

A primeira cena do filme já é chocante e, ao mesmo tempo, emblemática: uma grande vagina toma conta de toda a tela, abrindo-se e fechando-se, numa luta desesperada para dar espaço a uma nova vida. Nasce assim o bebê de Eun-Sil-Yee, uma jovem com atraso mental, que acaba morrendo ao dar à luz sua filha.

A história vai então girar em torno da origem e do destino desta criança, que chega ao mundo só, sem mãe, sem pai, sem avós e com praticamente todos os habitantes do vilarejo querendo que ela suma por todo o sempre.

Os motivos?

Serão as amigas de infância de Eun-Sil que vão investigar e desenrolar este horroroso novelo de abusos físicos, morais, mentais… Duas delas estão de regresso da capital Seul, onde moram e buscam um futuro melhor, numa tentativa de fugir e de se esquecer das feridas do passado. As outras duas, tendo ficado sempre no vilarejo, serão peças importantes para explicar o que acontecia por aquelas bandas no período em que as amigas estiveram fora.

O filme revela, então, de maneira explícita a condição da mulher na sociedade sul-coreana, até hoje tão inferiorizada e submissa aos desejos e comandos dos homens. As cenas são fortes, violentas, cruéis, doloridas e, muitas vezes, difíceis de ver. Mesmo quando paramos para pensar que estamos “apenas” diante de um filme de animação.

Por falar nisso, a técnica de animação é bem simples: desenho em papel, 2D, nada de grandes tecnologias, sem grandes extravagâncias nem belezas. Aliás, o filme é feio, com cores apagadas, escuras, baixo-astral, que acabam por refletir bem seu grande tema.

E voltando ao início, creio que posso dizer que as diretoras foram muito felizes (se é que se pode usar um adjetivo desses num filme tão triste) na escolha da primeira cena, que representa tão bem toda a temática do filme. A luta deste bebê-menina, buscando ar, querendo vir ao mundo, e o corpo de sua mãe – uma órfã, deficiente mental – sabiamente se fechando, não desejando que ela aqui desembarque, mas, ao mesmo tempo, não querendo tampouco que ela morra. Uma cena forte, marcante, um abrir e fechar de vagina que representam um amor gigante, uma mistura de instintos de proteção e de sobrevivência. Um amor de mãe, de mulher, de guerreira. Fantástico!

Sem dúvida, um filme PRA SE ANGUSTIAR e PRA PENSAR muito!

~ by Lilia Lustosa on juin 8, 2012.

One Response to “Direto do Festival de Annecy: Eun-Sil-Yee – The Dearest (2011)”

  1. onde posso encontrar para assistir?

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