L’Art de la Fugue (2014)
Título original: L’Art de la Fugue
Origem: França
Direção: Brice Cauvin
Roteiro: Brice Cauvin, Agnès Jaoui, Raphaëlle Desplechin, Stephen McCauley (livro)
Com: Agnès Jaoui, Laurent Laffite, Bejamin Biolay, Nicolas Bedos, Marie-Christine Barrault, Guy Marchand. Élodie Frégé.
Um filme bem francês, cheio de discussões e reflexões sobre a vida, “só que não” (como dizem os jovens por aí!), já que se trata, na verdade, de uma adaptação do romance americano The Easy Way Out de Stephen McCauley, publicado em 1992.
A crítica por aqui (francesa) muito acentuou a semelhança deste filme com o estilo de Wood Allen. Achei bem curioso, quase irônico, já que, para mim (com olhos sul-americanos), “o mais intelectual dos diretores americanos” sempre teve um estilo meio “francês” de ser, com essa mania de discutir relações, discutir direitos, mania de refletir sobre a vida e de centrar seus roteiros em personagens que vivem grandes crises existenciais. (Perdoem-me se parece estereótipo, mas que os franceses são chegados numa crise e numa discussão, isso não se pode negar!)
Woodalliano ou não, L’Art de la Fugue – ainda sem título no Brasil – conta a história de três irmãos à beira dos quarenta, todos vivendo a famosa “crise da meia idade”, repensando valores, decisões, estilos de vida e, sobretudo, refletindo sobre qual o próximo passo dar em busca da tão almejada felicidade. São ou não são felizes? Devem continuar como estão e com quem estão ou melhor mudar de caminho? Será que a felicidade está mesmo alhures? Mas, afinal, o que é (ou como é) mesmo ser feliz?
Para agravar a fase nebulosa, os pais, que vivem, por sua vez, suas próprias crises existenciais – não mais da meia-idade, mas não por isso menos importantes – são extremamente dominadores e interferem a todo instante na vida dos pimpolhos. Numa das primeiras cenas do filme, em que os três filhos vêm tomar café da manhã com a mãe, pode-se ler na xícara de cada um seus nomes, gravados com tinta azul. Um símbolo da ainda forte dominação materna. Como se não quisesse ou não pudesse deixa-los crescerem, tornarem-se independentes, partirem.
Apesar dos diálogos interessantes, o filme é um pouco longo demais, perdendo o fôlego em alguns momentos, e tornando algumas partes meio enfadonhas. Mas claro, tem Paris para dar uma aliviada, sempre linda e charmosa! Tem também Bruxelas, que aparece em algumas cenas, quase sempre chuvosas…
O elenco é bom. Os “rapazes” estão todos bem, mas quem rouba a cena é Agnès Jaoui que – como sempre – está excelente em seu papel de amiga de todos e namorada de ninguém. Já a bela cantora Élodie Frégé, que tanto me encantou como jurada na temporada Nouvelle Star 2015, provando ser competente, além de linda, é uma verdadeira catástrofe em cena. Melhor faria continuando no universo musical!
Embora um filme sobre crises, dúvidas, medos e sofrimentos, L’Art de la Fugue é leve e divertido, embora não-despretensioso. Acho que o diretor até pretendia muitas coisas, só que não conseguiu chegar lá!
Um filme PRA SE DISTRAIR.