Blue Jasmine (2013)
Origem. EUA
Diretor: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Com: Cate Blanchett, Allec Baldwin, Sally Hawkins, Bobby Cannavale, Michael Stuhlbarg
Depois de alguns anos passeando pela Europa – Vicky Cristina Barcelona (2008), Meia-Noite em Paris (2011), Para Roma com Amor (2012) – e adotando um etilo mais leve que de costume, eis que Woody Allen está de retorno a sua Nova Iorque natal e à radiografia social americana que sempre lhe foi tão característica.
Desta vez a trama de seu filme tem como pano de fundo a fraude financeira – numa referência quase explícita ao caso Madoff, ocorrido há alguns anos em NY – para, em seguida, explorar outras facetas deste mesmo tema: mentira social, pessoal, psicológica, etc. Pessoas que enganam os outros, que se enganam, que acreditam em suas mentiras ou que fingem acreditar…
Com um elenco de primeira grandeza e um roteiro super enxuto e preciso, o filme conta a história de Jasmine (Cate Blanchett), socialite nova-iorquina, quarentona, milionária, chique e linda, que, de um dia para o outro se vê na rua, sem dinheiro, sem seu marido milionário Hal (Alec Baldwin), com uma mão na frente outra atrás. O governo lhe tomou cada vintém que tinha. Tudo o que lhe resta são suas malas Louis Vuitton, sua soberba, seus antidepressivos e sua determinação em sair daquela situação de pobreza.
Para isso, ela vai buscar abrigo na casa de sua irmã Ginger (Sally Hawkins), que mora em São Francisco, e leva uma vida completamente diferente da sua. Ginger nunca teve marido rico, cria dois filhos sozinha, trabalhando como caixa de supermercado, mora em um apartamento pequeno sem nenhum requinte, e encontra prazer nas coisas simples da vida. Namora Chili (Bobby Cannavale), um brutamontes tatuado, por quem Jasmine tem uma automática antipatia.
O choque entre os dois mundos é enorme. E esse contraste se faz presente em cada detalhe do filme, desde o visual das duas irmãs – Jasmine, alta, loira e chique; e Ginger, baixinha, morena e vulgar -, até a forma de narração escolhida para a história, com seus inúmeros flashbacks que colocam lado a lado os dois universos tão díspares.
E é, aliás, por meio desses flashbacks que o diretor vai, pouco a pouco, revelando-nos a realidade do passado de Jasmine.
Woody Allen faz, com este seu último filme, um retorno ao estilo que lhe deu fama: tragicômico, intelectualizado, de humor amargo, com atores falando sozinhos, olhando direto para câmera como se estivessem em um palco de teatro. A diferença é que, desta vez, tudo ganha um ar mais leve, uma forma mais suave, mais acertada, mais madura. Num estilo talvez antes só visto em seu brilhante Match Point (2005).
E para completar, desta feita, Woody Allen tem um novo trunfo. E não é pequeno. Refiro-me aqui a Cate Blanchett. Uma atriz já consagrada, por certo, e que eleva a obra de Allen a um outro patamar. Sua atuação é absolutamente irretocável e brilhante, sendo a precisão de seu gestual e de seu olhar a responsável por grande parte do sucesso do filme. Na pele da neurótica e depressiva Jasmine (ou Jeannette, seu verdadeiro nome), Blanchett é capaz de nos conduzir por estágios diversos de seus sentimentos, percorrendo seu labirinto de sofrimentos, angústias e delírios. Sempre com pitadas de um humor triste, amargo e melancólico, reflexo de alguém que não conseguiu enfim convencer-se de sua própria fantasiada felicidade.
Com Blue Jasmine, o bom e velho Woody Allen está de volta, desta vez mais maduro e menos complicado! Viva!
PS. Para os amantes da moda e da elegância, Cate Blanchett está imperdível!
Um filme PRA PENSAR e PRA SE DISTRAIR.
Um dos melhores filmes de Woody!! Jasmine me fez chorar, me fez rir, me levou ao chão com toda a sua intensidade. Pra mim, um dos melhores dele.
Cláudia Pereira said this on novembro 22, 2013 at 13:59 |